Quando rolou o boato de que o Facebook passaria a cobrar por alguns serviços a rede social rapidamente tratou de desmentir os fatos e se posicionou de forma favorável e ao lado do usuário, afirmando que não iria taxar os serviços e nem tinha planos de fazê-lo. Pois isso a frase de Matt Silverman, do Mashable, é tão impactante. Ele escreve que atualmente o Facebook não é mais uma rede de comunidades e conexões de pessoas, mas sim um controlador de fluxos de informações com o intuito de vendê-los.
Por que ele afirma isso? O Facebook anunciou testes nos Estados Unidos com a mensagem promovida pelo usuário. Muitos sabem que o feed de notícias não é formulado de forma cronológica, mas sim com as principais e mais relevantes histórias em primeiro lugar. Por isso você sempre se depara com as mesmas pessoas na sua timeline. É uma questão de EdgeRank e como a sua atuação pode influenciar na exibição do seu status.
Acontece que agora é possível (em teste, vale dizer novamente) pagar 7 dólares para ter sua mensagem exibida de forma mais, digamos, destacável na timeline dos seus contatos. O valor é baixo? Sim, é baixo, mas pagar para ter uma atualização vista pelos membros da sua comunidade requer um pouco mais de atenção, já que o serviço é gratuito e disponível a todos e cobrar por isso pode gerar uma demanda artificial de requisições. Você realmente é relevante ou está pagando por isso?
A linha tênue entre usuário comum e usuário-empresa caba de ser quebrada. Nós somos os clientes ou a mercadoria? Sabemos que os carrinhos de lanche sempre dão maionese, mostarda e ketchup na faixa, mas uma hora vamos ter que pagar – caro – pelo hambúrguer em si. É exatamente isso que o Facebook tem feito até hoje. Agora, ele quer que pagamos o cachorro-quente, caso contrário, nada mais de mostarda e ketchup, ou seja, talvez se você não pagar, sua mensagem não fique em destaque, mesmo sendo um grande influenciador. Pra onde foi o EdgeRank?
Pedi a opinião do Estevão Soares, social business strategist na Estrategi.ca, acerca do assunto. Para ele, “pode ser algo positivo se utilizado da forma correta. Algumas pessoas podem utilizar da promoção para otimização de sua marca pessoal ou para potencializar e dar credibilidade social em ações conjuntas com páginas. Mas por outro lado, se o Facebook não fechar o cerco contra as páginas de empresa que são perfis pessoais, o que vai acontecer é um incentivo para que essas empresas continuem com perfis e não com fanpages”.
Sacou o lance do usuário-empresa e usuário comum? Estevão destaca que “todos os anúncios precisam ser aprovados pelo Facebook. Eles não são aprovados automaticamente, o que leva a crer que, os perfis que promoverem conteúdo, mas que são empresas com perfil, terão seu perfil bloqueado por irregularidade. O resumo é que está nas mãos do Facebook se o recurso vai causar um impacto positivo ou negativo”.
Muitas páginas especializadas estão criticando a nova empreitada do Facebook. ReadWriteWeb e Mashable se posicionaram contra as novidades. Afirmam que isso irá prejudicar os usuários e, consequentemente, os negócios, pois como afirma Estevão, identificar quem quer promover um conteúdo pessoal daquele que quer só “propagandear” fica mais complexo, pelo menos aos olhos dos usuários.
Estevão Soares ainda afirma que “um outro lado preocupante é a quantidade de pessoas que estão visualizando o Facebook como uma máquina capitalista. Desde o anúncio, surgiram diversas matérias questionando o rumo da empresa e a necessidade de investimento para atingir um número maior de pessoas, o que, convenhamos, é um problema”.
O ponto tocado não poderia ter sido mais pertinente e delicado. Até onde o Facebook vai para se manter onipresente? Vale interferir no comportamento dos usuários? Muitas sites e blogs afirmam que a manipulação de dados chegou a um ponto alarmante na rede. A privacidade teria sido deixada de vez de lado para dar início – e sem a permissão do usuário – de propagandas ainda mais customizadas. A questão envolvendo a queda de visualizações nas fanpages também tem sido agravante.
Qual a sua opinião quanto a tudo isso?