Calma, não é bem isso que você está pensando. No contexto do mundo conectado, voyeurismo digital se caracteriza como um subperfil voyeur, que no sentido literal da palavra é aquele que sente prazer observando atos sexuais alheios. Geralmente o indivíduo, no mínimo um sujeito muito curioso, acompanha as cenas de longe, sem que os observados estejam conscientes disso. Outros se sentem mais estimulados quando sabem que estão sendo vistos.
Voltando para o voyeurismo – o digital – podemos dizer que ele é um “fake do bem”, fácil de identificar com uma simples pergunta, do tipo “Você tem Facebook ou Twitter?”. Aí o outro responde coisas como “Tenho, mas não tem nada lá. Tenho só para olhar umas coisas e outras”.
Essa prática era extremamente comum no quase finado Orkut. No Facebook tenho visto poucos fakes, talvez pela política avançada de segurança da rede social. No Twitter já teve mais, mas ainda tem muitos. Os voyeurs digitais não aderem às redes sociais, mas precisam estar lá porque o resto do mundo no qual ele está inserido se encontra naquele espaço virtualizado, por isso não pode perder a oportunidade de saber o que eles – conhecidos, amigos, ex-namorados(as) e parentes ou até mesmo alguém que ele gostaria de se aproximar na “vida real” – estão fazendo na vida online.
O voyeur digital é obcecado em acompanhar a vida alheia através de um computador ou dispositivos afins. Uma estranha forma de obter prazer com o que vê (ou lê) sem interagir com “o objeto” do prazer e em muitos casos sem que os alvos sequer saibam que estão sendo observados. Isso mesmo. Você pode estar sendo vítima de um voyeur digital e não sabe! Ah, mas nada de achar o mundo injusto e chamar esse tipo de gente de desocupada. Somos responsáveis por tudo que divulgamos em nossas redes sociais. Parafraseando um dos velhos ditados, “você é o que você compartilha”. Se o voyeur digital passa horas fuçando sua timeline, fotos e recados é porque ele tem material disponível para “checar”.
A única pessoa que pode alimentar a fome do voyeur digital é você, sou eu. Deixamos nossa vida exposta. Mostramos fotos e vídeos. Dividimos nossa felicidade e frustrações. É mais ou menos como ser vigiado pelo buraco da fechadura, enquanto do outro lado da porta, nu, você canta e dança “sozinho”.