O texto que trago a seguir não é meu, é de um fulano que passei a admirar depois de ter me apaixonado por cavalos e pela relação que a doma destes animais nos impõem internamente. Há três anos esse fulano passou de ninguém a um cara condecorado pela Rainha Elizabeth da Inglaterra por suas ações pelo mundo como divulgador da doma de pacífica de cavalos tornando-se ao mesmo tempo, discípulo de Monty Roberts e Nuno Cobra. Quando minha égua se acidentou, procurei nos livros de Monty e no recém-lançado livro desse fulano, meu consolo pelos erros que havia cometido no tratamento do meu animal que resultou na sua morte. Mais que auto-ajuda, o texto a seguir é um exemplo do que a persistência, o foco e a paixão podem fazer por qualquer ser humano.
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Queridos amigos,
Hoje, completa-se uma semana desde que recebi a condecoração da Rainha Elizabeth em Londres. Durante estes sete dias, não houve um segundo sequer que não tivesse pensado muito sobre o que aconteceu. Foram sensações muito fortes, e até certo ponto novas, que nunca tinha experimentado na vida. Queria desde o primeiro dia escrever um pequeno texto para reparti-las com vocês, mas achei melhor deixar que minhas emoções decantassem, para que pudesse com mais clareza entender o que estava se passando.
Ter recebido esta condecoração teve um significado simbólico muito importante para mim, e pude tirar do acontecido algumas valiosas lições. Os últimos três anos foram muito divertidos. Divertidos mas também duros. Ao voltar para o Brasil em agosto de 2009 após o curso que fiz com Monty Roberts, e decidir que doaria parte de meu tempo para aprender e divulgar suas técnicas pelo país, enfrentei pela frente um caminho cheio de obstáculos. E o primeiro obstaculo era eu mesmo. Eu não sabia nada sobre cavalos. Não tinha tempo para praticar a técnica. Não tinha cavalos nos quais praticá-la. E não tinha ninguém para estar ao meu lado me ensinando e corrigindo. Acho que se transportarmos esta situação para qualquer outra realidade fica facil entender como era dificil… Imagine alguém com 36 anos que quer ser físico nuclear, se formou em artes cênicas, tem um dia por semana apenas para ler sobre um assunto que nunca teve contato na vida e resolve viajar o país aceitando desafios de problemas feitos pelos cientistas das diversas universidades do país… Era mais ou menos isso. Ou seja, as probabilidades jogavam 100% contra. Entretando aprendi que a vida não é um jogo de probabilidades. É um jogo de amor pelo que se faz. Em menos de três anos viajei quase todo o Brasil, domei centenas de cavalos diante de milhares de pessoas, e hoje sou considerado um dos maiores domadores de cavalos do país. Saiu daí a primeira lição: somos capazes de começar algo novo a qualquer momento e chegar tão longe como qualquer outro chegou. Esqueçam as estatísticas, façam o que gostam e façam com amor. Acreditem em vocês e no método. Não façam planos. Planos se basearão em estatísticas, e a matemática pode te provar que você nunca vai chegar lá. A verdade é que sempre pode chegar.
A segunda lição foi saber lidar com as críticas e seguir em frente. Ao longo desta semana recebi centenas de mensagens lindas, de pessoas próximas ou com as quais nunca havia tido contato, me parabenizando pelo feito e dizendo como aquilo as havia feito sentir orgulho de serem brasileiras. Mas não foi assim ao longo destes três últimos anos… Fui taxado de tudo. Louco, farsante, aproveitador de Monty Roberts, aparecido e ingênuo. Muitos ao verem um sócio de um grande grupo financeiro vestindo um cinto de fivela, chapéu e botas de cowboy, comentavam como aquilo era ridículo. “Esse Eduardo parece um palhaço…” “Não acredito como não tem vergonha de andar assim…” “Por favor alguem faça alguma coisa e converse com ele para ver se ele se toca…”. Mas eu estava feliz, e soube não perder o foco. De repente, a maior personalidade viva de nosso tempo, aquela que mais história viveu ocupando um cargo de chefe de estado em todo o mundo, me chama para condecorar exatamente estes três últimos anos. Logo ela, não achava que minhas roupas eram de palhaço, que eu era aproveitador ou que minhas intenções eram ruins. Foi o suficiente para todos mudarem suas opiniões, ou pelo menos para escondê-las. Nec Majore in Laude, Nec Minor in Vituperio. Não era pior por causa das criticas nem sou melhor agora por causa da condecoração da Rainha, continuo sendo quem sempre fui.
Deem menos peso para o que os outros falam ou pensam. Eles agem assim porque de alguma forma o que você faz chamou sua atenção. Seja porque gostariam de fazer também algo novo com suas vidas e não tem coragem, ou porque têm medo de onde você pode chegar. Porque se você ou seu exemplo não tivesse importância alguma em suas vidas, porquê perderiam seu tempo comentando? Sigam em frente, sempre. Lembrando que para se chegar onde ninguém chegou é preciso fazer o que ninguém fez, e isto é claro vai gerar desconforto e insegurança nos outros.
A terceira e última lição é a de que sorte não é o que acontece conosco, é o que fazemos com o que acontece conosco… A sequência de acontecimentos que me levou até a Rainha é cheia de acidentes, obstáculos, julgamentos, e tantos outros momentos difíceis. Aproveitei cada um deles para conhecer novas pessoas, aprender, me aperfeiçoar física e mentalmente e também para conhecer quem eu realmente era. As pessoas hoje olham pra mim e falam “nossa, você é muito sortudo, nada deu errado pra você?”. Eu acho que na verdade o que eu fiz com as coisas que me aconteceram é que deu muito certo. Não vamos nos esquecer de que tudo começou com um tombo…
Um beijo em todos, Dudu.
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E antes de você começar a choramingar nos comentários do post dizendo que o cara é um afortunado ou que é um aparecido ou que ele teve oportunidade entenda de uma vez por todas que quem cria as oportunidades somos nós mesmos e que NINGUÉM É COITADO, MUITO MENOS VOCÊ.