O job de falar dos 9 anos de B9 é mais complicado para mim do que pode parecer. Bem antes de começar a escrever por aqui eu já cuidava da hospedagem do site, desde quando recebi um e-mail de um [email protected] falando “Oi, você não me conhece mas eu tenho um blog no blogspot mas queria dar uma melhorada, uma profissionalizada” (procurei este e-mail mas não o tenho mais, o GMail ainda não tinha sido inventado na época e a mensagem deve estar, na melhor das hipóteses, em algum CD de backup perdido no armário). É complicado porque eu também já tenho meu blog pessoal há bastante tempo e as histórias acabam se misturando na cabeça. É lembrar como era minha vida 9 anos atrás (tinha acabado de sair de uma fase muito muito ruim e a vida começou a melhorar bem nessa época), é pensar em toda a jornada que os blogs e todas as coisosferas tiveram de lá pra cá.
Carlos Merigo, em 2005, torcendo pro site não ter muita visitação porque o ganancioso do provedor de hospedagem cobrava um absurdo pela transferência de dados
Quando o B9 nasceu eu era um programador perdido nos cafundós do mundo, no meio da crise dos 30 anos, sem saber muito para onde ir. Mais ou menos como a comunicação digital na época. Hoje continuo sem saber pra onde ir, mas mudei de carreira, de país, trabalho em uma das maiores agências do Brasil e tenho a felicidade de chamar de amigo vários dos principais nomes da nossa profissão, incluindo todos esses outros caras que estão escrevendo textos de retrospectiva por aqui e, principalmente, esse figura chamado Carlos Merigo, que pessoalmente é tudo isso que vocês acham que é: um cara amigão, 100% do bem que é feliz fazendo aquilo que gosta. Um cara que foi dormir no sofá pra eu dormir na cama num passado distante onde a gente rodava São Paulo buscando oportunidades de expandir o universo do B9.
Um dos prazeres de escrever aqui é espiar a tela da galera na agência e ver alguém lendo o site, mas isso só torna a responsabilidade de escrever aqui maior. Costumo dizer que meus ídolos são pessoas mortais, com quem eu posso esbarrar no corredor de algum congresso (ou churrascaria), apertar a mão e dizer “você é foda”. Isso significa que vários desses figuras são leitores do B9 e o resultado disso é que muitos textos acabam ficando só na minha cabeça, na eterna busca do Post Perfeito, que obviamente não existe. Aí quando um consegue sair da cachola e o pessoal elogia, como o texto sobre o Steve Jobs ou do SxSW a felicidade é grande. Receber um DM do @cmerigo dizendo “Putz, muito bom esse seu texto.” é se sentir como uma criança recebendo um saco de balas. Assim como também é bem legal ver aquele post que você colocou sem nenhum compromisso com o sucesso cair na boca do povo.
Comecei a escrever por aqui em 2009 mas desde 2006 participei de todos os Braincasts já produzidos, assim com esse meu jeito bicão de sempre dizer “sim” quando o Merigo mandava e-mail perguntando quem podia participar. É nos Braincast, desde a época da versão em áudio, que falei as coisas mais sinceras e também as maiores besteiras (não tenho coragem de rever nenhum). Foi onde criei minha fama de ranzinza e “o cara que se acha o dono da verdade” apesar de eu achar que ainda tenho um monte de coisa a aprender e realmente adorar ouvir a opinião dos outros. É como eu ouvi essa semana: “Se sei é porque andei com gente que sabia”. Foi nos braincasts que conheci pessoalmente alguns dos ídolos-de-carne-e-osso que falei. Foram os braincasts, mais que qualquer outra coisa, que me trouxeram até aqui.
Amanhã é dia de festa, de comemorar 9 anos deste lugar tão querido por mim que é o B9, um site que literalmente e fortemente mudou minha vida, mas também é dia de comemorar 9, ou 10, ou 11… anos que começamos a mudar a maneira de fazer comunicação no Brasil. Ainda estamos aprendendo e inventando, o que para mim é o grande barato de estar vivendo tudo isso.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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