Dieta de informação já é um termo usado há algum tempo para falar dos itens de conteúdo (ingredientes, vai) que consumimos durante o dia, só que normalmente num foco de mídia: X horas de TV por dia, Y de revistas, Z de internet… Agora o auto do livro “A Dieta da informação” (lançado nos EUA no fim do ano passado), Clay Johnson, defende um conceito que se encaixa bem com a relação que temos com a informação online: obesidade. No vídeo acima o autor fala um pouco desta visão.
Como o time de colaboradores do B9 é basicamente formado por gordinhos (menos as meninas, que estão com tudo nos lugares certos) esta comparação é bem pertinente. Johnson defende que não dá para levantar os braços e dizer “Oh não! É muita informação, eu não dou conta!” — a responsabilidade é nossa, da mesma maneira que não podemos dizer “Eu vi aquele franguinho frito, crocante e brilhante na minha frente, eu tive que comer!” Estamos preferindo ler sobre ex-BBBs ou ver vídeos de gatinhos fofinhos e a responsabilidade e, por que não dizer, falta de educação alimentar é nossa. Se passamos o dia vendo esse tipo de conteúdo estamos dizendo aos publicadores de conteúdo, votando com nossos clicks, que é isso mesmo que queremos. Da mesma maneira que um supermercado tem mais ou menos prateleiras de gordices ou frutas de acordo com as vendas.
O argumento do autor diz que temos que ser responsáveis o suficiente para comer aquele sorvetinho com calda de caramelo de vez em quando, sem esquecer de ter sempre fibras e vegetais no prato. Ler textos mais longos e de vez em quando um que discorde da nossa opinião, ou corrermos o risco de virarmos bitolados-obesos-de-informação. Nas palavras de Johnson:
Pense por um instante: quem quer ouvir a verdade quando podemos ouvir que estamos certos?
Se seu Feice está cheio de mensagens idiotas ou de ódio, se as marcas se comunicam em redes sociais dizendo “compartilhe esse post se você também acha que sexta-feira é daora” é que você compartilha, porque funciona, porque a pessoa que publicou se sente recompensada pelos curtir dos leitores. Se você lê um longo e belo texto da Piauí ou da New Yorker (e do B9, óbvio) e não passa adiante você está dizendo para os editores de conteúdo que o que dá acesso (e, portanto, dinheiro) é colocar foto dizendo que Luana Piovani não desgruda do celular nem para atravessar a rua. Sites estão no negócio de vender pageviews. Se algo não dá pageview, não dá lucro.
A informação online não está a tanto tempo assim em nossas vidas, por isso gosto de pensar que é tudo uma questão de tempo e educação, que e a cada geração as pessoas vão aprendendo mais e mais como conviver melhor com a grande oferta de informação e carboidratos que a modernidade nos trouxe. Agora deixa eu ir ali refletir sobre ele enquanto zero um pote de doce-de-leite argentino que ganhei.
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