Artigo por Marcelo Scharra*
Mais um fim de ano chegou e todos nós estamos à espera daquele dia que antecede a virada e daquele segundo mágico que se apropria de todas as nossas esperanças e revitaliza nossa alma, nossas perspectivas e nos enche de forças para superarmos todos os obstáculos vindouros dos próximos 365 dias.
Mas o que isso tem a ver com empresas e startups? TUDO, afinal empresas são organizações que por mais escaláveis que possam parecer são formadas de e por pessoas, que quando liderados e orientados a algum resultado chamamos de times ou equipes. Em um bar grupos de pessoas se reúnem, sem necessariamente um objetivo claro, mas nas organizações estes grupos se orientam em times buscando um resultado comum, em empresas o LUCRO.
Assim como nós renovamos nossas energias e expectativas devemos trabalhar para que nossas empresas também o façam, pois no limite, somos um grupo de expectativas que se renovarão em busca de mais um objetivo, que quando entendido, assimilado e construído de forma participativa, deixa de ser um objetivo de um “ser” externo (a empresa) e passa a ser de uma equipe de pessoas do qual eu faço parte e por este também sou responsável.
Mas então qual deve ser o objetivo maior do meu planejamento? Alinhar as expectativas de todos, pois se todos se propuserem a ser melhor do que foram em 2014, e isto estiver direcionado a um objetivo comum, certamente a sua empresa alcançará objetivos maiores e melhores que no ano anterior.
Alguns podem pensar que deve constar em seu planejamento ‘ser melhor do que seus pares e concorrentes’. De fato, isto deve ser observado, mas não ocupar o espaço central de seu planejamento, pois é preciso compreender que todas as empresas tem sua identidade e sua cultura, que formam sua proposta de valor e que muito dificilmente será igual a sua. Portanto reconheça as suas qualidades, mas mais do que isso respeite sua identidade, não há desperdício maior de energia do que tentar ser o que não é.
Imagine-se um cavalo de corrida no páreo pronto para largar. Você olha pro lado e começa a reparar o quão forte é o seu concorrente. Ele é mais alto, você presume que treinou mais do que você. Ele é ainda o favorito do páreo e possui uma crina reluzente, além do mais o jockey que o acompanha é vencedor de vários prêmios. Continuando nessa linha qual é a chance de você ser bem sucedido neste páreo? Acredito que poucas, pois gastou quase que toda sua energia vital engrandecendo o outro, quando na verdade deveria estar se autoconhecendo. Aliás, possuir e exercitar autoconhecimento são características fundamentais dos grandes líderes, isso vale para uma pessoa ou para um time. Quanto a sua equipe se autoconhece?
Entenda, por mais difícil que possa ser a sua empresa ainda possui grandes ineficiências e oportunidades que ainda não foram exploradas, e é em cima destes pontos que deve apoiar seu planejamento. Assuma ainda que se estas deficiências existem é porque a sua equipe ainda não foi boa o suficiente para sanar os pontos a serem melhorados ou aproveitar as oportunidades. Pode ser falta de braço, mas na maioria das vezes é falta de foco ou de competência coletiva, ou seja, as inteligências individuais ainda não conseguiram se organizar a ponto se suprir tais necessidades.
Trabalhe, portanto os pontos que cada integrante de sua equipe precisa ser melhor em 2015 do que em 2014, muito provavelmente se sua equipe tem mais de cinco pessoas, se cada um for um pouco mais tolerante, paciente e humilde (apenas para citar três virtudes que nunca existem em excesso), tenho certeza de que coletivamente se poderá muito mais. Alinhe as expectativas destas pessoas com os desafios de sua área ou empresa e certamente a virada do ano será um momento especial individualmente e trará resultados coletivos positivos e surpreendentes.
Mas como posso fazer isso com minha equipe? É simples, mas esteja preparado para ouvir críticas.
- Alinhamento de expectativas – Para alinhar expectativas é preciso primeiro compartilhar. Crie um ambiente favorável e de espaço para que cada integrante da equipe de a sua opinião sobre o ano que passou e seu ponto de vista sobre o ano que esta por vir. Vale ressaltar que o ambiente físico também tem de ser favorável, busque então realizar este encontro em algum lugar fora da empresa, isso diminuirá as barreiras interpessoais;
- Direcionamento estratégico – Toda empresa deve ter um direcionamento, em geral apontado pelo seu CEO, mas que deve ser passível de críticas e ajustes, pois se for uma ideia fixa, poderá não atender as expectativas da equipe, e mais do que isso, se estiver pronta que contribuição você pode esperar. Neste momento é importante estar aberto às criticas e sugestões, você tem muito a ganhar com isso. Pense que todos que estão ali querem contribuir com o melhor que tem cabe a você estimular e ter a perspicácia de absorver as boas sugestões, sem desmerecer as demais;
- Construção da Unidade – Depois de entender as expectativas de cada integrante da equipe e de dividir o direcionamento estratégico, é importante consolidar e mostrar que, em sua maioria, as expectativas estão alinhadas e que o próximo ano será ainda melhor para todos. SDe for necessário continuo depois desta data alinhando os interesses. Afinal a manutenção da unidade exige energia e deve ser constante e não somente uma vez por ano.
E se não houver convergência devido a grande diferença de expectativas na minha equipe? Torça para chegar logo o dia 31 de dezembro e renove seu estoque de energias. Uma equipe sem um objetivo comum é apenas um grupo.
Você precisará ser muito melhor do que você mesmo!
*Artigo por Marcelo Scharra, consultor de gestão da Inside Business Design
Imagem: Man jumping over precipice between two rocky mountains via Shutterstock
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