Como dono de uma empresa de tecnologia, sofro mês após mês com novas ofertas de ganho para o meu modelo de negócios vindo tanto do lado dos fornecedores, como do lado dos clientes e dos colaboradores da empresa. Isso faz com que às vezes saiamos do trilho que havíamos determinado no nosso planejamento estratégico, para nos aventurar em novos mares sem saber de maneira acertada se tínhamos o barco ou a equipe corretos para navegar por lá. Isso tensiona a empresa, deixando todos os envolvidos com ela insatisfeitos, além de criar uma rotina administrativa problemática difícil de se livrar.
DEFINA SEU FOCO E SE POSICIONE
Em uma partida de futebol, o jogador que aproveita melhor as oportunidades é aquele que se posiciona melhor. Assim também ocorre quando estamos à frente de um empreendimento. Jogando com outras variáveis que não de futebol, o pontapé inicial para posicionar bem uma empresa no meio do campo é dado quando esta define qual é o seu foco de atuação. Enquanto for difícil para uma empresa responder para uma terceira pessoa com o que trabalha, ela não terá foco.
Foco é fazer uma coisa de cada vez, sem significar que a cada dia você faça uma coisa diferente do dia anterior. Foco é determinar-se a fazer uma determinada tarefa, oferecendo certos serviços ou produtos, sem deixar de oferecê-los um só dia para seus clientes. Além disso, foco para uma empresa, também é a capacidade dela determinar aquilo que ela faz e o que ela não faz para seus clientes, pois as “oportunidades” aparecerão e a empresa pode perder o foco por conta deste ou daquele trabalho, gerando um volume grande de insatisfação com a sua marca.
COM QUEM ESTAMOS TRABALHANDO?
É necessário que o empresário tenha claro, muito claro, quem são os seus clientes. Quanto mais clara for essa ideia melhor será para um empresário para admitir e negar novos clientes. Da mesma forma, também é preciso conhecer o tipo de equipe, de colaboradores, com os quais se quer trabalhar. Como disse anteriormente, uma equipe X para atender um cliente Y que precisava de uma equipe Y, pode colocar tudo a perder em um mar revolto de oportunidades.
Imagine que você é um pescador que possui um pequeno barco e uma equipe composta de duas pessoas experientes em pescar sardinha em mar aberto. Você conseguirá sustentar o seu negócio durante um bom tempo com esta equipe como fez nos últimos cinco anos, mas se você pegar este mesmo barco com esta mesma equipe para pescar dourado nos rios do pantanal, com certeza não conseguirá manter o seu negócio por muito tempo, pois você estará jogando fora a curva de aprendizado que sua equipe acumulou nos últimos anos para investir em uma nova curva de aprendizado que precisa de lastro para se consolidar. Só faz sentido uma empresa apostar em um novo segmento, se ela tiver capacidade de investir na curva de aprendizado da sua equipe neste novo setor. Do contrário, é melhor ficar onde está fazendo melhor aquilo que já estava fazendo para ser sempre melhor que seus concorrentes.
O POSICIONAMENTO DE UM PIPOQUEIRO
Já falei sobre o Sr. Valdir antes, mas sempre é bom relembrar, uma vez que a profissão de pipoqueiro pode parecer distante para nós que ficamos o dia inteiro em frente à telinha quadrada. O Sr. Valdir é um pipoqueiro diferente de todos os outros, pois soube se posicionar. Com o carrinho de pipoca sempre limpo e com jalecos únicos para cada dia da semana, ele inovou implantando cartão fidelidade no seu negócio, além de entregar guardanapo, fio dental e uma balinha de menta sempre que seus clientes compram uma pipoca com ele. É por esse motivo que sempre que passo pela Praça Tiradentes aqui em Curitiba e penso em comprar pipoca, vou no carrinho de pipoca do Sr. Valdir ao invés de ir nas outras carrocinhas. Não sei sequer se os outros cobram mais barato, pois isso não é importante. O posicionamento do Sr. Valdir fez com que eu pensasse mais em qualidade do que em economia.
O Sr. Valdir não quis abrir uma Casa da Pipoca ou um Mercadão do Pipoqueiro. Preferiu ficar ali, se especializando naquilo que já era bom fazendo e vive bem sem concorrentes brigando pelo seu ponto. Simplesmente passou a existir em Curitiba, os pipoqueiros comuns e o Sr. Valdir que aparece na televisão e dá palestras sobre micro-empreendedorismo Brasil afora.
CRESCER É DIFERENTE DE INCHAR
Meu contador sempre diz essa frase para mim e eu acho que ela é muito certa. Muitas empresas incham ao invés de crescerem. Quando ouço essa frase penso no que seria uma árvore inchar e não crescer. Ela teria o tronco muito grosso e provavelmente não daria bons frutos porque passou a maior parte do seu tempo acumulando “tronco” ao invés de crescer esbelta para dar as melhores flores e frutos para nós.
Uma árvore aumenta o seu tronco na mesma proporção da força que precisa fazer para crescer.
É urgente que as empresas, principalmente as micro-empresas por conta do pequeno lastro de investimento, tracem no papel qual o seu posicionamento, respondendo as perguntas: Qual o seu foco? Qual o seu campo de atuação? Como são os clientes atendidos e qual é o perfil da equipe de colaboradores? Sem resposta a essas perguntas fica difícil vender e também fazer a roda girar.
Confronte por alguns instantes o crescimento de uma árvore com o crescimento de uma empresa. Nós, como seres naturais, temos que economizar energia da mesma forma como a natureza toda economiza.