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Sobre encanadores e tecelões, não enganadores e vacilões


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Venho compartilhando uma visão em diversas palestras e aulas, de que antigamente as pessoas sabiam tão certinho o que faziam que as ocupações viravam sobrenome. Schumacher: fazedor de sapato; Müller (ou até Millner, como do mega-investidor russo): aquele que trabalha no moinho.

Não tenho saudades da época (juro!, até porque não a vivi), nem reclamo que nossas profissões atuais são menos específicas (especialmente para empreendedores que fazem tudo na startup). Estou dizendo é que “inovador”  não significa “aquele que usa as ferramentas de gestão da inovação” e não vira sobrenome (nem mesmo apelido). Assim como empreendedor. Imagina ainda: uma família McInvestor! Ou McAngel! McScrum? Acredito que pensar como um encanador e como um tecelão levou muito “empreendedor inovador” a lugares que as buzzwords de hoje (nem sempre compreensíveis, geralmente mais herméticas do que citei aqui) não os teriam levado.

Encanadores sofisticados podem atuar como “consultores estratégicos para encanamentos” e desenhar um sistema hidráulico – da mesma forma que muito administrador ou desenvolvedor ou investidor também tem cargos com uma abrangência gloriosa. Entretanto, vale lembrar que qualquer encanador tem um conhecimento específico (identificar os fluxos e conexões) e oferece valores fundamentais em sua atuação: encontrar vazamentos (para estancá-los, impedir que “valor” continue sendo desperdiçado) e encontrar entupimentos (para que o “valor” volte a fluir no sistema).

As iniciativas deixam de ser meramente startups quando encontram o encaixe para seu produto no mercado (product-market fit) e fixam a repetição do seu modelo de negócio. São peças especialistas com um claro teor de “para que serve”. Miram em algo específico e agem pontualmente.

Da mesma forma, “tecelões tecem tecidos”. Juntam os fios, sedimentam padrões, fazem a malha, o pano. Talvez não os conheçamos como “remendadores” ou fazedores de consertos e adaptações como os costureiros, mas ainda assim o exemplo vale para ilustrar uma função que, mesmo sendo cada vez mais automatizada e “disrompida”, soa antiga e sem hype. Mas é com tecelões que podemos comparar os empreendedores governamentais e institucionais que sabem tecer o pano de fundo de um mercado, articular partes diferentes em um mesmo contínuo.

Por exemplo, a “colcha costurada” em torno do Start-Up Brasil (fica a dica: inscrições abertas). Outro exemplo: a junção de quatro entidades profissionais em torno da Acelera MGTI (e falando em Minas Gerais: o evento Goal Belo Startups vai trazer um monte de estrangeiros experientes para ajudarem a temperar o mercado). Ou ainda a constituição do Fundo Acelera Brasil Startups (com Banco Espírito Santo, Microsoft, Qualcomm e outros).

Isso nos remete também à discussão entre ser uma solução especialista, uma ferramenta específica, ou ser uma plataforma, um ambiente para agregar potenciais utilidades (e o risco reside em a coisa virar uma grande lona de circo remendada – mas sem ninguém achando graça). Coisas podem dar errado a qualquer momento, em qualquer contexto, mas vale prestar atenção nos pitches e outros tipos de discurso de alto nível e proposta de valor: se você é uma ferramenta, saiba que ferramenta não vive sem utilidade específica.

Lembrem da Síndrome do Pato: ele sabe nadar, sabe andar e sabe voar, mas quando você precisa de “alguém” para nadar, andar ou voar, você não chama um pato.

Portanto, cuidado quando cargos, títulos e propostas de valor são mirabolantes. Uma coisa é mirar no valor proporcionado, no efeito que causa; outra coisa é estar em busca de algo específico (e esta é a sina das startups, entende-se que nem sempre tenham e que “faz parte”estar assim); ainda ouuutra coisa é enrolar, fazer um embromation pra gringo ver. Há alguns dias li (ou ouvi) novamente: geralmente, pessoas com reconhecido sucesso em seus negócios respondem bem pontualmente a pergunta “o que você faz” dizendo “eu vendo tal coisa”, independente do grau de hierarquia ou prestígio – e não vale “vazar” informações sigilosas ou “entupir” os servidores e depois extorquir as empresas.

Ok se hoje você ou mesmo sua startup não conseguem dizer pontualmente o que fazem para os outros, para que serve, ou qual o efeito que esperam gerar. Já sabemos, isso faz parte das condições de extrema incerteza e, mesmo quando estiver definido, poderá mudar. Mas não se engane se você ou sua startup não conseguirem se encaixar no mercado: se você é uma roda dentada, você tem que engrenar em um motor; se você é um motor, as rodas dentadas tem que engrenar em você. Às vezes, melhor do que ficar alterando proposta de valor no vácuo é saber a hora de parar – ao menos, parar de vacilar com auto-engano.

Todo mundo acaba passando por isso em algum momento e é até difícil de perceber. A vida segue, o inovador segue, mesmo se a startup ou o sobrenome de profissão ficam pra trás.

Imagem de abertura: Anna Conti (Flickr/CC)

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