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Uma das coisas mais difíceis é conseguir um bom parceiro de negócios. Sejam sócios ou funcionários para trabalharem na sua equipe, é sempre complicado conseguir atrair aqueles que estão dispostos a jogar junto conosco para manter a “bola no ar”. Tendo participado em mais de cinco sociedades de negócios, posso dizer que os parceiros que pensam em ser melhores uns que os outros, não são bons para qualquer empresa. No fundo, o que essas pessoas querem é que a imagem delas seja maior que a do próprio negócio e não o contrário. Existe uma metáfora muito boa para aplicarmos na nossa vida quando estamos nos unindo a outras pessoas: é distinguir se elas estão dispostas a jogar conosco ou jogar contra nós. Como uma partida de tênis e de frescobol. Na de tênis sempre temos um vencedor, já na de frescobol, quem vence ou perde sempre são ambos os jogadores.
SOCIEDADE TÊNIS
Um jogador de cada lado da rede. Um tentando colocar o outro em uma posição desvantajosa, onde fique complicado para ele rebater a bola. Quanto mais rápido um dos jogadores manda a bola, mais complicado fica para o seu oponente rebatê-la. Apesar da fria amizade que existe no jogo, onde ao final da partida ambos os jogadores apertam as mãos, todo o jogo não passou de uma contagem de pontos para estabelecer um vencedor e um perdedor. É uma competição. Dois jogadores entram juntos na quadra e saem juntos da quadra, mas estão separados por uma rede durante todo o jogo tentando um ser melhor que o outro a todo instante.
Existem empresas onde os sócios competem entre si. Seus nomes estão unidos pelo contrato social, mas eles querem mostrar quem manda mais, quem é o melhor e quem é que levanta o nome da empresa. Só se importam se a empresa está apresentando resultado positivo e se este resultado está atrelado a seus belos nomes, tudo apenas para elevar ainda mais a sua autoestima. Além dessa competição entre sócios, eles também elevam a competitividade dentro da empresa, premiando os melhores e humilhando os piores. Para eles, ter uma empresa onde cada membro da equipe tenta se destacar mais que o outro é o melhor do mundo corporativo, pois todos brigam para terem seus nomes no outdoor.
Nunca existe união em uma empresa como essa. Nunca uma pessoa passa informação “privilegiada” para outro membro da equipe. Nunca alguém irá ajudar os membros da outra equipe na sua apresentação. Se as coisas deram errado nos recursos humanos, que não conseguiram contratar gente há tempo, o problema é deles, eles são incompetentes. Se o Fulano não entregou o relatório que lhe daria direito à bonificação mensal, que ele fique sem salário, por mais que alguém soubesse como ajudá-lo. Cada um que se vire e tente dar o seu melhor!
SOCIEDADE FRESCOBOL
Os jogadores entram juntos na cena. Cada um com a sua raquete na mão. Bola pra lá, bola pra cá. O bacana é manter a bola no ar para todo mundo brincar. Vamos lá! Um incentiva o outro. Chega mais pra lá! O outro responde. Assim, eles são capazes de brincar toda uma tarde sem qualquer estresse e ao invés de fazer uma jogada especial para complicar as coisas para o outro, o propósito de cada um é facilitar a rebatida do outro jogador. Nada de jogadas difíceis. São jogadas simples, tranquilas e que mantém a bola no ar, deixando todos felizes ao redor ao verem que a bola já não cai há 10 minutos! Esplêndido!
Tem empresas onde as coisas funcionam assim. Os sócios vivem nos bastidores tentando manter a empresa funcionando. Para eles o nome da empresa vale muito mais que eles mesmos. Eles querem manter a bola no ar, para que todos se sintam bem trabalhando na empresa e fazendo cada um a sua parte. Todos se ajudam. Mesmo aqueles que não sabem nada da área onde estão ajudando. Vai acontecer um evento na empresa e os Recursos Humanos ficaram sem pessoal para ajudar a carregar as caixas? Sem problemas. O pessoal do Departamento Pessoal vai dar uma mãozinha. Eles nunca precisaram ligar um projetor ou testar um microfone, mas com uma dica aqui e outra acolá dão uma mão e deixam o evento funcionando.
Quando uma empresa dessas concretiza um projeto, ela sabe que não foi por causa de um ou outro que a empresa teve sucesso, mas por causa de toda a equipe. Foi o motoboy que esperou mais cinco minutos para levar aquela correspondência. O contador que ligou para o site de recrutamento porque a menina do RH tinha passado mal naquele dia. E foi também porque um dos sócios levou um dos seus funcionários de carro até em casa, porque ele tinha ficado até muito tarde no escritório. No final das contas, todos ganharam, se divertiram e a empresa coleciona sucesso atrás de sucesso.
DEFINA O TIPO DA SUA SOCIEDADE
Aqui no Insistimento, depois que entraram os novos membros da equipe, já tivemos situação onde um post que eu escrevi teve que ser reformulado porque os membros da equipe acharam que não estava muito bom. Da mesma forma, todos já receberam feedbacks negativos para corrigirem seus trabalhos e nem por isso ficaram chateados. Cada um percebeu que talvez realmente estivesse errado, enfiou a viola no saco e refez aquilo que deveria ser refeito sem problemas. O grande lance é “manter a bola no ar” para todos “brincarem”. Na Noxion, a missão da empresa não tem nada a ver com aquelas mensagens pomposas que aprendemos na faculdade. Eu e o meu sócio queremos apenas passar mais tempo com os nossos filhos e famílias e proporcionar o mesmo para quem trabalha conosco. Ponto final.
Se você quer realmente construir algo de impacto você precisa unir-se a outras pessoas. Quando eu digo se unir, não estou dizendo para você ser o melhor da relação, você é apenas mais um jogador. Forme um time. Inspire um time. Provavelmente, assim como eu e todas as pessoas do mundo, tem coisas que você faz bem e outras em que é péssimo. Você lembra como era o áudio do Insistimento antes do Leandro Branquinho chegar? Era horrível, com ruídos por trás e uma voz sussurrada dando o tom. Posso até ter algum talento para escrever, mas produzir áudio não dá, não é verdade?
Montar uma empresa é montar uma empresa, não montar um trono onde vamos sentar. É montar algo que ofereça mais e mais para o mundo de cada um dos envolvidos. O poder da marca das empresas está na singularidade que ela transmite em cada uma das suas ações. E só existe singularidade em um grupo, quando neste grupo não existem indivíduos brigando cada um por si, mas indivíduos que enxergam em cada um dos seus parceiros um irmão, com o qual podem contar sempre que precisarem.
Da próxima vez que for à praia, pratique esse exercício e jogue um pouco de frescobol!
Músicas da versão em áudio deste post:
- Panic! at the disco – Memories
- Electrixx – Tetris
- Katy Perry – California Gurls
- The Heavy – Short Change Hero