Gal Barradas, sócia e CEO da F.Biz, começou sua apresentação no Digital Age 2.0 contando a história de Luigi Pirandello, “Assim é se lhe parece”, que fala sobre como é possível transformar a realidade apenas mudando o ponto de vista sobre ela. Ela explicou que muitos empreendedores ainda afirmam que as mídias sociais são apenas mais um meio de comunicação, e que não têm a mesma relevância e eficiência da mídia tradicional. E o maior erro desses profissionais é não enxergar uma das maioresvantagens da web: a possibilidade de ver e investir na individualidade de cada consumidor.
E é aí que entra a “cultura de marca”, que relaciona o produto à mensagem que a empresa quer passar. “A minha imagem tem que corresponder à minha identidade”, explicou Gal. Logo, slogan, publicidade… Tudo isso precisa ser elaborado de acordo com a identidade da empresa, da forma mais clara possível. Só assim é possível conquistar novos clientes e manter o antigos. A CEO mostrou como o consumidor fiel é capaz de “gerar valor sustentável para a marca e para a empresa” e, assim, influenciar até as finanças da companhia. E avisou: “Muito antes de chegar às redes sociais, que são dominadas pelos consumidores, a marca precisa construir uma identidade”.
Gal destacou a importância da inclusão digital brasileira nas novas estratégias de marketing. Com milhões de consumidores acessando a web a qualquer hora e em qualquer lugar, os empreendedores precisam pensar em novas formas de alcançar e atender ao público. “A banda larga no Brasil vai ser a ferrovia do futuro”, afirmou. Para ela, o nordeste é a região brasileira onde a web, principalmente a mobile, mais cresce. Tanta tecnologia traz uma nova realidade, na qual milhões de pessoas de baixa renda, muitas delas analfabetos funcionais, já acessam redes sociais, produzem conteúdo e exigem serviços melhores, o que requer linguagens mais simples e acessíveis. “Da mesma forma que, hoje, todo mundo se enxerga melhor consumidor, o brasileiro precisa aprender a ser melhor cidadão”, completou.
“Muito antes de chegar às redes sociais, que são dominadas pelos consumidores, a marca precisa construir uma identidade” – Gal Barradas
Em seguida foi a vez de Edmar Bulla, especialista em marketing digital e CEO da CROMA, subir ao palco para lembrar a enorme diversidade do público brasileiro e a dificuldade de produzir conteúdo para cada região. “Fazer marketing e gestão de marcas em Gramado é totalmente diferente de fazer o mesmo em Moçoró”, disse. Gal respondeu dizendo que de nada adianta investir em formas mais eficientes (e econômicas) de alcançar resultados se essa nova mentalidade não fizer parte da cultura da empresa: “A cultura é sempre superior ao processo”.
Segundo Edmar, um dos sinais dessa mudança é o “brand content”: para que as campanhas publicitárias sejam tão eficientes quanto antes, as empresas precisam produzir conteúdo e ouvir os comentários e reclamações dos consumidores/usuários.
Content Fusion
Presidente de Digital Communications da Weber Shandwick, Chris Perry abriu sua apresentação propondo um debate sobre as mudanças que as redes sociais estão fazendo nos negócios. Para ele, atualmente os empreendedores se dividem entre “aqueles que querem aproveitar a onda do Social Media e os que preferem nadar contra a maré”. Para comprovar essa tese, basta olhar redes como Facebook, Twitter e Tumblr e ver como cada empresa se comporta de maneira diferente.
Outra mudança fácil de se ver é como a relação entre empresas e clientes está se tranformando. Para fazer sucesso nas mídias sociais é preciso mais do que uma mensagem bem feita, é preciso compreender o público, para que ele se identifique com o que a marca diz antes mesmo de saber o que ela vende. Afinal, é através da imagem que a marca se torna popular e ganha valor. “Nós precisamos entender que o importante é com quem o consumidor se identifica, em quem se espelha”, afirmou. Como entender o que passa na cabeça do público? Simples: sendo irrealista, compreendendo os sonhos dos clientes.
Rene de Paula, especialista em social media e colaborador da Results, ressaltou o valor dos sonhos para que as empresas se tornem mais humanas e disse que a maioria delas já percebe que “ter tanto pé no chão” simplesmente não funciona: “A ficha já caiu”. E as mídias sociais são grandes aliadas nessa missão, desde que você saiba como usá-las. “O lado bom do Social Media é que é muito fácil fazer alguma coisa. E o lado ruim é que é muito fácil fazer alguma coisa”, disse Rene. Essas ferramentas oferecem um mundo de possibilidades, mas para aproveitar o que elas têm de melhor basta um segredo. Inovação? Motivação? Produtividade? Nada disso. Para Rene o problema é que “falta gente apaixonada pelo negócio”.
“Nós precisamos entender que o importante é com quem o consumidor se identifica, em quem se espelha” – Chris Perry