Por Camila Farani*
Temos visto crescentes estudos, artigos e uma série de notícias sobre o avanço das mulheres em suas carreiras e uma notável obstinação pelo crescimento enquanto ser humano em todos os aspectos. Pesquisas apontam que já somos 50 % da força de trabalho. Nos Estados Unidos, há 40 milhões de mulheres a mais no mercado de trabalho do que em 1970.
Mais uma boa notícia é que aumenta o consenso de que, nas organizações, as mulheres, como arquétipos, aperfeiçoam os processos de tomada de decisão, injetam criatividade e inovação e aumentam o percentual de solução de problemas. Além disso, as mulheres fomentam o crescimento da economia. Segundo Christine Lagarde, do Fundo Monetário Internacional (FMI), ” Todas as economias obtêm ganhos em poupança e produtividade quando as mulheres têm mais acesso ao mercado de trabalho. Não se trata apenas de uma questão moral, filosófica ou de oportunidades iguais…Simplesmente faz sentido econômico “.
Aos poucos, as mulheres também vêm conquistando espaço no mercado de ações, campo historicamente masculino. Nos últimos 11 anos, elas aumentaram sua atuação na Bolsa de Valores em 42%, porém ainda representam 10% do universo do público investidor da bolsa, relatam os números da BM&F Bovespa. No que tange a investimento anjo, o número de mulheres investidoras nos Estados Unidos corresponde a 13% da categoria com taxa de crescimento de 20% ao ano. Aqui no Brasil, estima-se que esse número não chegue a nem 2% do total de investidores anjos no país.
Aprofundado-se mais no tema, recentes estudos comprovam a insegurança das mesmas em investir. Quando se trata de investimento de risco, os números se potencializam, mesmo que exista um bom patrimônio por trás. Duas em cinco mulheres, com carreiras estáveis e prósperas, relatam que não são “tão seguras” em suas habilidades de investimento. Talvez isso não seja um fator peculiar as mulheres, é comum a todos de uma forma geral.
Uma das justificativas, pode ser que a aversão ao risco dos investidores está intimamente ligada a necessidade humana de sentir-se seguro, uma das necessidades mais básicas de acordo com a pirâmide de Maslow. Além disso, o objetivo principal de um investidor é o retorno, o que ele irá ganhar ao final. O risco é o índice que indica a chance que o investidor tem de não atingir o seu objetivo. Quanto maior o risco menor a possibilidade de o investimento cumprir com o seu papel para o investidor. Como o foco de um investimento está na recompensa e não no risco, quanto maior for a recompensa pelo investimento mais aceitável será o risco.
Nessa linha, aqui vão quatro passos que creio serem importantes para minimizar a insegurança:
- Estude seu perfil e quais tipos de risco existentes para determinado investimento
Cabe lembrar que o certo é aquilo que você deseja. Não se prenda a determinados tipos de investimentos por que alguém obteve êxito nele. Analise o que for mais confortável para seu perfil e segurança financeira.
- Se junte a um grupo de investimento ou de finanças
Fazer parte de um contexto ajuda a minimizar inseguranças e ainda potencializa as chances de aprendizado. Caso você opte pelo investimento anjo, investir com pessoas mais experientes também ajuda a diluir os riscos.
- Tenha um mentor
Se for financeiro, melhor ainda. Ter uma pessoa que entenda suas necessidades peculiares pode trazer grandes benefícios e facilitar seu entendimento quanto a números e decisões provenientes de análises custo-benefício para determinados investimentos.
- Comece arriscando pouco e vá aumentando aos poucos
É necessário ir dando um passo de cada vez. Aprenda a fazer, analisar, ter suas próprias métricas de avaliação para que, caso queira, aumentar os riscos e um possível retorno maior financeiro.
Pode existir, de fato, esse desafio de suprir a lacuna quanto a investimento, porém partindo para a ação, fazendo e aprendendo, errando e acertando, pode ser o fator determinante para aumentar a convicção e segurança financeira.
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*Camila Farani – Vice Presidente do Gávea Angels, Co-fundadora da Lab22, gestora de Startups, Co-fundadora do MIA – Mulheres Investidoras Anjo, Consultora da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Membro do Conselho de Jovens Empresários FIRJAN e FIESP e Vice-Presidente do Conselho de Pequenas e Médias Empresas da ACRJ.
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