Vestibular nunca foi fácil. Tanto para quem faz quanto para quem organiza.
Assim como acontece hoje com o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), acontecimentos bizarros davam a tônica das manchetes de jornais, TV e rádio nos meus tempos de vestibulanda. Estudantes atrasados, passando mal ou colando nunca foram novidade. Porém, a chamada “cola eletrônica” era sofisticadíssima: envolvia uma quantidade grande de pessoas e exigia equipamentos de ponta. Há quase 20 anos, quando fiz meu vestibular, recursos tecnológicos para burlar o sistema era para poucos.
Já a criatividade dos adolescentes e jovens para aprontar sempre foi atemporal. Portanto, nessa era das redes sociais, nada me espanta!
A rede social hipster do momento é o Instagram – ou Ostentagram, como chamam os detratores. Habituadíssimos a postar diariamente na rede aquilo que comem, bebem e compram, os jovens não poderiam deixar de publicar imagens (cheias de filtros retrô, lógico) dessa importante etapa da vida que é o Enem.
Enquanto se restringissem ao “look do dia de vestibulando” ou aos lanchinhos favoritos do lado de fora das salas de aula, tudo bem. Só que alguns estudantes decidiram publicar imagens das salas, dos examinadores e até dos cadernos de prova e cartões-resposta. Uma vez que todo aparelho celular era recolhido previamente, o que se viu no Instagram, Facebook, Twitter e outras redes foi um festival de irregularidades.
O MEC, atento aos novos hábitos digitais, monitorou os tecno-candidatos, os identificou e desclassificou.
No Twitter, houve protestos diante de um tuíte da revista Veja que incentivava o estudantes a postar fotos do Enem com uma tag específica. As melhores seriam publicadas no site do veículo. O que muitos chamaram de “trollada da Veja” foi até engraçado, mas será que algum estudante em sã consciência postaria uma foto irregular correndo risco de ser eliminado do processo só para aparecer num site de notícias?
Analisando o tuíte, não se pode afirmar que a Veja estava incentivando transgressões. Além disso, a revista pediu as imagens depois de publicar uma matéria sobre candidatos que foram desclassificados por postar fotos das provas.