Artigo por Luiz Antônio Pistoni*
O processo de terceirização de processos no ecossistema de startups brasileiro é irreversível. Empresas embrionárias geralmente são criadas a partir de ideias inovadoras e com orçamento bem limitado. Nesse cenário, a parceria entre empresas tem dado condições de crescimento e competição no mercado. Dividir esse processo embrionário em etapas permite que as startups tenham acesso a técnicas modernas, expertise e tecnologia de ponta. Toda essa eficiência, aliada ao enxugamento de recursos produtivos e despesas desnecessárias, acaba refletindo no custo e na qualidade do produto final.
Na indústria ‘tradicional’, quase 70% das empresas já integrou a terceirização às estratégias comerciais. Os números são da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também mostrou que 84% das companhias que terceirizam pretendem manter ou ampliar a utilização do recurso nos próximos anos. Dessas, mais da metade (56,2%) já utilizou serviços terceirizados nas etapas diretamente ligadas à estratégia produtiva, como a de montagem e manutenção de equipamentos industriais.
É claro que a terceirização deve ser feita apenas quando as etapas não forem essenciais nem altamente estratégicas para a empresa, mas as startups têm tudo para seguirem o mesmo caminho da indústria. A parceria com outras empresas permite selecionar a melhor parceira para cada tipo específico de projeto ou serviço. Se a empresa precisa montar um protótipo, por exemplo, certamente vai necessitar de alguém especializado na área de montagem de placas eletrônicas, fase essencial para o sucesso do projeto. Mesmo sendo uma pequena etapa de todo o processo, quando essa placa é complexa, demanda profissionais altamente especializados e máquinas de última geração. Não faz sentido uma startup fazer esses investimentos, já que no futuro, pode nem precisar mais desses recursos. Nenhuma empresa nascente quer que um protótipo não dê certo, mas acontece. Agora, imagine ter comprado maquinário específico para esse protótipo, contratado um profissional e comprometido o orçamento da empresa por ferramentas e expertise que não serão mais úteis?
Outro benefício de uma parceria é a possibilidade de focar em projetos específicos e sobre os quais a startup tem profundo conhecimento e interesse. E como fica a qualidade? Existem formas de monitorar o andamento de projetos repassados a organizações externas, assinando um contrato de SLA (acordo de nível de serviço) com metas e avaliações de resultado bem definidas, por exemplo. Os novos empreendedores precisam entender que a terceirização não significa redução da qualidade do trabalho, mas sim a especialização desse trabalho.
Ambientes de parceria também fomentam a livre negociação. Uma empresa que precise montar apenas uma placa eletrônica complexa pode negociar a terceirização inclusive dos componentes com uma CM (Contract Manufacturing). Dessa forma, não precisará comprar insumos excedentes e se preocupar com importação e estoque.
*Artigo por Luiz Antônio Pistoni, Presidente da Produza S.A.
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