A Bloomberg Businessweek publicou hoje um editorial de Tim Cook, que fala abertamente sobre sua orientação sexual. “Deixe-me ser claro”, explica ele: “eu tenho orgulho de ser gay, e considero que ser gay está entre as maiores dádivas que Deus me deu”.
Cook nunca negou sua sexualidade, mas até então não havia reconhecido publicamente que era gay. Ele sugere que, com este editorial, sua principal motivação é servir de exemplo:
Inúmeras pessoas, especialmente crianças, enfrentam medo e abuso todos os dias por causa de sua orientação sexual… Eu não me considero um ativista. Mas eu percebo o quanto eu me beneficiei com o sacrifício de outros. Então, se ouvir que o CEO da Apple é gay pode ajudar alguém que está lutando para reconhecer sua sexualidade, ou se isso pode trazer conforto para quem se sente sozinho, ou se pode inspirar as pessoas a insistir na sua igualdade, então vale a pena deixar minha própria privacidade de lado.
Mesmo antes de sair do armário, Cook era considerado “o homem gay mais poderoso da tecnologia“. Mas ele não está sozinho; várias pessoas no setor reconhecem publicamente sua homossexualidade:
- Jon ‘maddog’ Hall, um dos expoentes da comunidade de software livre;
- Peter Thiel, cofundador do PayPal e investidor;
- Chris Hughes, cofundador do Facebook;
- Megan Smith, ex-vice-presidente do laboratório Google X e atual Diretora de Tecnologia dos EUA, trabalhando ao lado de Barack Obama;
- entre outros.
Alan Turing, pai da ciência da computação, também era gay. Ele se suicidou em 1954 após ser condenado por “atentado violento ao pudor”, e só recebeu o perdão real do governo britânico em 2013.
O jornalismo de tecnologia também conta com pessoas abertamente gays, como Kara Swisher e Ina Fried (ambas do AllThingsD e Re/code); assim como Nick Denton, dono da Gawker Media, que publica o Gizmodo americano.
Tecnologia e diversidade
Nos EUA, diversas empresas de tecnologia – Amazon, Apple, Facebook, Google, Microsoft, Xerox, Yahoo – apoiam o casamento gay e garantem benefícios aos parceiros de funcionários LGBT no caso de união estável.
A Microsoft, por exemplo, oferece este benefício desde 1993, e conta com o GLEAM – grupo que reúne os funcionários LGBT da empresa para defender a diversidade no ambiente de trabalho.
Por sua vez, o Google conta com os Gayglers, grupo de funcionários que defende direitos LGBT ao redor do mundo. No ano passado, o Google foi um dos grandes patrocinadores da Parada Gay de São Paulo. A empresa também ajudou na campanha It Gets Better, em 2010, após o suicídio de um garoto que sofria bullying por ser gay:
Este se tornou um assunto mais discutido à medida que os EUA se tornam mais progressistas: o casamento igualitário vem sendo aprovado em diversos estados, e cada vez mais figuras públicas vêm revelando que são gays.
Tim Cook diz que quer ajudar esses avanços a continuarem. No ano passado, ele escreveu um editorial para o Wall Street Journal pedindo que o Congresso americano aprovasse a ENDA, projeto de lei que protege funcionários de serem discriminados no ambiente de trabalho por sua orientação sexual. O projeto tem apoio do presidente Barack Obama.
Cook também fez campanha no Arizona quando o estado aprovou uma lei que discriminava a comunidade gay. A Apple oferece benefícios trabalhistas em caso de união estável; patrocina a Human Rights Campaign, maior organização americana de direitos LGBT; e participa da parada gay em San Francisco:
“Nós vamos continuar a lutar por nossos valores”, escreve Cook. “E eu, pessoalmente, vou continuar a defender a igualdade para todas as pessoas até morrer”. [Bloomberg Businessweek]
O post Tim Cook e o orgulho gay na tecnologia apareceu primeiro em Gizmodo Brasil.