Você usa o Twitter todo dia? Usa mais pra ler ou pra escrever? Aqui no Brasil o uso do Twitter é bem diferente do resto do mundo. Boa parte das pessoas é usuário “passivo”: só lê o que os outros postam e raramente tuíta. Como um feed de notícias, o Twitter realmente se mostra excelente. Afinal, se você seguir pessoas que tenham a ver com você, vai ver um conteúdo selecionado conforme seus gostos (e não daquela maneira inorgânica do Facebook, em que um algoritmo decide o que vai pro seu feed).
Só que com o crescimento do Facebook, muita gente anda deixando o Twitter de lado. Esse ano o número de acessos caiu 24% no Brasil. Paradoxalmente, aumentou 22% nos Estados Unidos, enquanto o Facebook estava em queda. O motivo pra esse comportamento diferente lá fora é que os adolescentes early adopters do Facebook acabaram se cansando de tanta exposição: amigos misturados com família, com trabalho… Um problema que o Google+ tentou solucionar, mas quem é que tem tempo de ficar jogando gente no círculo X ou Y?
O resultado disso foi que os jovens começaram a migrar pro Twitter, onde você se expõe menos e consegue interagir com uma variada seleção de pessoas. Mas no Brasil o que o usuário procura é realmente interagir com TODO mundo, ver fotos, comentar nelas… O perfil do usuário brasileiro está muito mais pra Orkut/Facebook do que Twitter. Uma prova disso foi o boom dos grupos no Facebook, que vieram subtituir nossa carência por comunidades. Lembra? As comunidades ~sérias~ viraram grupos, e as piadinhas viraram fan pages meméticas.
Responda rápido, quantos seguidores você tem? Mais de 10? Mais de 100? Mais de 1000? Fique sabendo que 40% dos usuários do Twitter têm no máximo 5 seguidores. Isso pode ser um indicativo forte de por que os brasileiros não são tão chegados no Twitter: o fundamento dessa rede é broadcast. Você não precisa ser amigo da pessoa pra ler os posts dela, e da mesma forma você não precisa conhecer seus seguidores pra que eles leiam seus tweets. Mas se os usuários têm tão poucos seguidores, a transmissão deles tem pouco alcance, o que desestimula o uso. Entretanto, uma prova de que esse formato broadcast é o ~quente~ é que até o Facebook habilitou a opção pra você seguir alguém sem precisar ser amigo.
Isso nos traz à reflexão da qualidade do conteúdo que se posta nas redes. Se você só posta coisas sem contexto, que ninguém entende, não dá pra esperar que as pessoas te sigam, certo? E no Facebook a gente vê muito post assim, sem detalhes, onde a história vai se desenrolando nos comentários. Outra coisa: nosso comportamento é muito mais imagético hoje em dia, com certeza. Talvez o Twitter esteja perdendo por não ter um mecanismo de compartilhamento de imagens mais fácil de entender. Mas uma coisa é certa: os brasileiros gostam de postar coisas sobre eles mesmos. Fotos ou fatos, normalmente nós somos os protagonistas.
Só que parece que o Brasil tá na contramão do comportamento nas redes do mundo todo. Agora no Japão o uso do Twitter em casos de catástrofe é encorajado pelo governo, como se fosse um serviço de segurança extra. A própria rede já está com planos de abrir escritório no Brasil, pra cobertura de eventos como a Copa e as Olimpíadas. Só falta os próprios brasileiros entenderem que as redes não são só pra falar de si mesmos, mas sim pra falar do mundo.