Afinal, de onde vem a antimatéria? É isso o que o cientista atmosférico Joseph Dwyer tenta descobrir há seis anos, após sua aeronave de pesquisa voar acidentalmente através de uma tempestade em uma nuvem de antimatéria em 2009.
O avião de Dwyer contava com equipamentos para detectar raios gama atmosféricos (ou raios-γ), fótons de alta energia que podem ser causados por raios cósmicos que colidem com a atmosfera ou por tempestades de raios intensas. Eis o que aconteceu naquele dia chuvoso de 2009, como relatado pela Nature:
Era para estudar os tais raios atmosféricos γ que Dwyer, então no Instituto Flórida de Tecnologia em Melbourne, na Austrália, colocou um detector de partículas em um Gulfstream V, um tipo de jato tipicamente usado por grandes executivos. No dia 21 de agosto de 2009, os pilotos se viraram para o que parecia, a partir do radar, a costa da Geórgia. “Em vez disso, era uma linha de tempestade — e estávamos voando em direção a ela,” explicou Dwyer. O avião foi violentamente jogado para frente e para trás e mergulhou do nada para baixo. “Eu realmente pensei que ia morrer”.
Mas Dwyer sobreviveu e seu detector de partículas detectou três picos de 511 quilo elétron-volt de raios gama. Esta é outra coisa que você precisa saber sobre raios gama: eles podem ser resultado de uma colisão de elétrons com sua antipartícula, o pósitron. As partículas de matéria e antipartículas de antimatéria possuem a mesma massa mas propriedades opostas como carga, e elas são instantaneamente aniquiladas quando suas contrapartes colidem, transformando-se em coisas como raios gama. Como nosso universo é feito de matéria, a presença de antimatéria normalmente é passageira.
E os picos de 511 quilo elétron-volt de raios gama serviram como uma arma perfeita para a aniquilação elétron-pósitron. Alguns outros cálculos levaram Dwyer concluir que o avião foi rodeado por pequenas nuvens de pósitrons.
Mas de onde surgiram todos esses pósitrons, a antimatéria? Tempestades intensas podem produzir pósitrons, mas outros dados dessa tempestade levaramos cientistas a descartarem essa explicação. O mesmo aconteceu com os raios cósmicos, que deveriam ter causado outros tipos de radiação que apareceriam nos dados.
No fim das contas, Dwyer acabou publicando seus resultados sem conseguir uma explicação. Mas, segundo a Nature, ele planeja agora enviar balões e até outras aeronaves em direção a tempestades para coletar mais dados e quem sabe enfim entender esse mistério da antimatéria. [Nature]
Foto: Flickr
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