Você não precisa ser necessariamente fã de Pink Floyd para ficar maravilhado com o show The Wall, do Roger Waters (que encerra sua passagem por São Paulo hoje, no Morumbi).
O que se vê ao vivo é um espetáculo, no sentido mais literal da palavra. É um banquete para as retinas. Um muro gigantesco se estende de uma ponta a outra do palco, e vira um grande telão onde são projetadas animações e efeitos visuais de arregalar os olhos durante 2 horas de apresentação.
Claro, se você for fã de Pink Floyd (como eu), o show ganha muito mais graça dado o apego emocional que se tem com cada nota tocada em cima daquele palco. O The Wall é um dos discos mais famosos e amados da história do rock, e vê-lo ao vivo, na íntegra, é uma experiência emocionante. Parece que, finalmente, a grandiosidade do álbum ganhou uma apresentação à sua altura.
Tecnicamente falando, o show é um espetáculo da tecnologia, desde o som ultra-mega-blaster-boost-surround que cerca todo o Morumbi com uma definição cristalina até cada um dos milhares de pixels que preenchem o imponente muro de 140 metros de largura. De onde quer que você esteja, é surpreendido com estrondos arrebatadores, com imagens deslumbrantes e com a precisão irretocável de uma banda que não faz feio em reproduzir fielmente um disco que está no sangue das pessoas há mais de 30 anos.
E é aí que toda a parafernalha tecnológica se justifica. As músicas merecem todo esse esforço, elas merecem cada frame de animação de que se projeta no muro descomunal. O The Wall merece ser revivido com toda essa pompa porque isto só mostra o quanto ele ainda é atual, universal e atemporal. Seu conceito e seus questionamentos são tão pertinentes hoje quanto eram em 1979.
Roger Waters, hoje com 68 anos de idade, resgata os mesmos ideais que tinha quando jovem, e nos presenteia com uma das mais belas turnês dos últimos tempos, consagrando uma carreira pontuada por belíssimos e marcantes momentos para os fãs e, principalmente, para a história do rock.
Todo mundo que já sonhou em chegar perto de uma guitarra deve muito ao Pink Floyd.
Fora o próprio show, a plateia é um espetáculo à parte. No Morumbi, dia 01.04, foram mais de 60 mil pessoas cantando tudo em uníssono, deixando ainda mais bonito um momento já ímpar por natureza. Fãs de todos os tipos e idades, pais com filhos, gerações distintas. Na hora que as luzes se apagam e In The Flesh estoura nos alto-falantes e arrepia a espinha, todos são iguais. Realizando o mesmo sonho.
Mother, did it need to be so high?
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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