Em 2003, Matrix Reloaded me fez ponderar muito sobre o que viria a se tornar um dos temas que considero mais intrigantes em qualquer ficção: realidade recursiva.
E sim, estou ciente de que O Décimo Terceiro Andar tratou do tema de forma muito mais elegante e sem final cheio de respostas insatisfatórias, mas a ausência de kung fu o fez perder alguns pontos pra trilogia dos irmãos Wachowski.
Realidade recursiva é a ideia de uma simulação dentro de outra simulação. No âmbito gamer, designa jogos que existem dentro dos jogos que você está realmente jogando. Sinta-se à vontade para clicar neste botão quantas vezes quiser durante a leitura desta coluna.
Existe uma forma bem difícil de atingir esse nível de recursividade. Em Minecraft, por exemplo, é possível (com uma paciência que eu imagino se aproximar daquela de um personagem bíblico famoso por sua placidez) construir um computador analógico. Primeiro a turma se contentava em construir coisas como relógios e calculadoras, mas teve quem foi além e não apenas montou um computador dentro do joguinho, como também programou uma versão rudimentar do jogo que eles estão jogando para construir o computador.
Fico com sono só de imaginar o trabalho miserável que um indivíduo desses tem de criar um computador analógico dentro de uma realidade virtual. Por outro lado, esses são os caras que me deixam despreocupados caso uma super tempestade solar ou guerra nuclear reverter nossa civilização à Idade da Pedra. Haveriam diversos destes malucos reconstruindo nossa tecnologia com paus e pedras já no outro dia.
Mas essa é a versão “faça você mesmo”, que é bem mais difícil. Felizmente, pra experimentar realidade recursiva em games você não precisa ser um exímio programador com conhecimento íntimo do funcionamento de um computador (ao ponto de construir um no que é essencialmente uma caixa de Lego virtual).