Nos dias 28 e 29 de julho, o Expo Transamérica recebeu a 6ª edição do Fórum E-commerce Brasil, o maior evento de e-commerce da América Latina. Foram dois dias de muito conteúdo, workshops, networking e o Startupi acompanhou de perto para compartilhar com vocês um pouco dessa experiência.
Começamos acompanhando a cerimônia da 12ª edição do prêmio E-Bit – Excelência em Qualidade Comércio Eletrônico B2C para as melhores lojas do varejo online brasileiro. Ao todo 100 lojas concorreram ao prêmio em diversas categorias e o resultado foi escolhido por voto popular através do site da E-bit. Confira abaixo a lista dos ganhadores:
Categoria Saúde – Netfarma
Categoria PetShop – Meu Amigo Pet
Categoria Moda e Acessórios – Centauro
Categoria Livraria e Entretenimento – Saraiva
Categoria Cosméticos e Perfumaria – O Boticário
Categoria Casa e Decoração – Tok&Stok
Categoria Alimentos e Bebidas – Pão de Açúcar
Categoria Bebês – Tricae
Loja mais querida – Americanas
Melhor Loja Ouro – Sepha Perfumaria
Melhor Loja Prata – biopoint
Melhor Loja Bronze – Maze
Dentre todas as lojas citadas foi feito um Top 5 Melhores Lojas Diamantes que receberam um troféu. As ganhadoras foram: Americanas, Extra, Magazine Luiza, Ponto Frio e Submarino. A Submarino também levou o prêmio destaque Diamante Azul, como melhor loja online.
O evento tinha diversos espaços com exposição e workshop, com ações acontecendo em paralelo, e um deles era o Lounge da Privalia, onde era possível acompanhar o trabalho da equipe de perto e entender como funciona o processo dos ensaios fotográficos, gestão dos produtos e produção para web do e-commerce.
A coleção fotografada durante o evento tem previsão de lançamento no site da marca do dia 13 a 19 de Agosto.
Em parceria com o SEBRAE foi construída uma loja modelo, onde era possível fazer uma visitação guiada para entender melhor o modelo de negócio.
O que mais chamou atenção na loja foram as etiquetas das peças, que ao invés do convencional era um QRcode que funciona como alarme e facilita a contagem das peças durante o pagamento no caixa. Existe um leitor que consegue ler até 10 peças (10 QRcodes) de uma vez.
No primeiro dia o Startupi também acompanhou a palestra sobre competitividade e superação de desafios com Caito Maia, Criador e Presidente da Chilli Beans.
Caito começou a empreender depois que sua banda, Las Chicas Tienen Fuego não emplacou. Caito morava nos EUA e decidiu então ganhar a vida trazendo óculos dos Estados Unidos para o Brasil. Em 2000 abriu o primeiro quiosque num shopping e hoje conta com 700 pontos de vendas. Ele conta que levou muito tempo e que foi difícil mudar uma geração que costumava chamar óculos de Ray Ban.
Um fato curioso destacado por Caito é que muitas marcas sumiram nos últimos 5 anos, então para ele hoje é um grande desafio conseguir se manter no mercado.
Segundo ele estamos passando por um momento de reciclagem, “O varejo precisa se reciclar, quem não se recicla morre”. Ele também aposta que o contato com as pessoas é o futuro.
Um diferencial este ano foi a Rodada de Mentoria, organizado em parceria E-Commerce Brasil e Beats Brasil Eventos, onde pequenos lojistas podiam, durante 30 minutos, conversar e tirar suas dúvidas com grandes especialistas do mercado.
Conversei com Adilson Rielo, Head de E-commerce da Saraiva, que contou que a maior dúvida que os lojistas mostraram durante o evento era na operação do e-commerce como frete, faturamento e estoque.
Foi a primeira experiência como mentor de Adilson que saiu muito satisfeito “Você tem a sensação de que as pessoas vão aprender com você, mas na verdade você aprende com as pessoas também. Essa troca de conhecimento é muito importante”.
Para Leonardo Raful, Diretor do Groupon Goods, a mentoria também não passa de uma grande troca de conhecimento. “Não damos a dica para a pessoa, nós damos o caminho para que a pessoa enxergue a realidade e tome suas decisões”.
Para ele a proposta de valor das empresas está muito baixa, os empreendedores precisam entender e mostrar qual o problema do mercado que ele estão resolvendo e mostrar o diferencial do seu negócio.
O maior erro dos empreendedores é achar que uma boa ideia é suficiente para fazer o negócio prosperar. As pessoas não enxergam que um negócio para ter sucesso é 1% de inspiração e 99% transpiração. Não basta somente enxergar um nicho de mercado onde você possa trabalhar.
Sobre tendências que estão em alta no mundo digital, Leonardo cita o marketplace, que na verdade já é uma realidade, mas aqui no Brasil não se falava muito até dois anos. “Os processos do marketplaces estão melhorando muito e se tornando cada vez mais um canal sólido de vendas. Se pegarmos mercados nos EUA, os marketplaces são responsáveis por 35% das vendas totais do e-commerce. No Brasil estima-se que esse número esteja em torno de 18% a 20% e na China esse número é de 85%”. A dúvida que existe é se os marketplaces vão dominar o mercado ou se são apenas uma tendência passageira. Para Leonardo, eles irão dominar o mercado.
Outra tendência é a dos bens de consumo não duráveis online, a demanda ainda não é tão grande, mas você já vê empresas se movimentando para esse segmento visto que cada vez menos as pessoas querem gastar tempo fazendo compras.
João Kepler, CEO do Show de Ingressos, acredita que devido a sua especialidade na área de vendas, todos que passaram pela sua mentoria buscavam insights para ajudar a aumentar as vendas do seu e-commerce.
Um ponto levantado por João é que Inovação é uma palavra muito ligada a tecnologia, porém não é tecnologia, inovar é surpreender o cliente.
Enviar um sms para um cliente antigo e enviar um bombom junto com o produto comprado, são pequenos exemplos de orientação que o mentor pode passar para o empreendedor. “São ideias simples, que parecem bobas, mas que podem abrir a cabeça do empreendedor”.
João afirma que diferente do que muitos pensam, não é barato fazer comércio eletrônico, não é só colocar um site no ar e pronto, existe muita coisa por trás. “O recado que a gente tenta passar para o varejo é que ele precisa sim estar no online, mas não necessariamente com um e-commerce”. Você pode ter uma loja física e ter uma presença digital, por exemplo, com o Google Meu Negócio.
Durante o Fórum também ocorreu a cerimônia do Prêmio E-Commerce Brasil de Inovação. Esse ano além de homenagear o profissional, o Prêmio também reconheceu as lojas e fornecedores que mais inovaram no mercado. Confira os vencedores:
Categoria Experiência
Fornecedor: Trustvox
Loja: Enjoei
Profissional: Thiago Figueiredo Borba
Categoria Logística
Fornecedor: Axado
Loja: Netshoes
Profissional: Luiz Vergueiro
Categoria Operações
Fornecedor: VTEX
Loja: Extra.com
Profissional: Samuel Gonsalez
Categoria Tecnologia
Fornecedor: Paypal
Loja: Schutz
Profissional: André Fatala
Categoria Vendas
Fornecedor: Vale Presente
Loja: Livraria Cultura
Profissional: Marcelo Ribeiro
Sergio Herz, CEO da Livraria Cultura, compartilhou que em 2001 ele ficou surpreendido quando comprou um bolo pela internet e recebeu em casa. “Meu primeiro pensamento foi que se um bolo chegou na minha casa, as pessoas poderiam comprar de tudo pela internet. Pensei que seria o fim dos livros, das lojas físicas, mas não foi bem assim”.
Hoje mudou a forma de como o consumidor deseja comprar, as pessoas não gostam mais de shopping lotados nem de filas em supermercados, por isso as lojas precisam se adequar a esse novo modelo de consumidor. Para isso tanto a loja física quanto a online precisam estar conectadas.
Hoje na loja física você não consegue contar quantas pessoas passaram pela sua loja ou em que momento ela abandonou o produto, coisa que na internet é muito simples. No seu site você consegue saber quantos acessos você teve, o tempo que as pessoas ficaram em cada página e muito mais. “Espero que os avanços tecnológicos e a internet das coisas traga esses conhecimentos para os espaços físicos”.
Sergio também participou de um painel sobre A internet das coisas no futuro do e-commerce com German Quiroga, CEO da Nova Pontocom e Jack Lonon, Criador da Booknet, primeiro e-commerce do Brasil.
German afirma que a internet das coisas já é uma realidade e cita o exemplo do relógio que toca música enquanto você corre e se você diminuir a velocidade ele volta a tocar a música de quando você estava acelerado. Para ele o consumidor não é monocanal e o mercado não será apenas digital, será uma mistura dos dois, pois as pessoas gostam de ter experiências.
Sergio concorda com o pensamento de Germam e completa o dizendo que os restaurantes não deixarão de existem só por que existem os deliverys.
Para Jack o e-commerce que temos hoje não tem nada a ver com o que tínhamos há cinco anos e o que virá será também muito diferente do que temos hoje.
Segundo ele o digital é uma linguagem que segue históricamente como a oral, escrita e expressão escrita reproduzível que deu origem a linguagem digital criada há 70 anos. Ele acredita que existirá uma nova forma de comunicação no futuro. Qual será ela? Não se sabe, mas já pensou se for a linguagem da programação? Quem não souber programar será analfabeto.
Outro ponto bastante interessante levantado por Jack é a redução da importância do produto. Para se ter ideia, um celular antigamente custava 10 mil reais, era um produto caro e poucas pessoas tinham acesso. Hoje em muitas lojas você consegue até pegar o aparelho de graça. O que vale hoje é o serviço, neste caso, o plano da operadora.
Selena Terezina é enfermeira e há seis meses decidiu empreender com um e-commerce de artesanato e estava participando do evento pela primeira vez. Ela se mostrou muito surpresa com todo o bate-papo durante o painel. “É incrível pensar que simplesmente tudo pode ser comercializado na internet, fico me perguntando será que existe alguma coisa que não pode ser comprada online?”.
Uma das palestras mais esperadas foi “O melhor negócio é a grande ideia” com Washington Olivetto, Chairman da W/McCann e um dos maiores publicitários brasileiros de todos os tempos. Quem não se lembra de suas memoráveis campanhas? Durante sua palestra ele exibiu algumas delas como a do Bombril e do Vasilene – O primeiro sutiã a gente nunca esquece e contou que um dos seus segredos é usar o simples “As pessoas não querem complicação na vida, imagina em uma propaganda que está invadindo a sua privacidade”.
Olivetto comenta que hoje está cada vez mais difícil ter a “grande ideia” devido a velocidade com que as coisas andam no mundo digital. Outro ponto que ele levanta é que nesse novo universo todo mundo virou um comunicador. “Ninguém acorda de um dia para o outro e se torna médico ou engenheiro, mas hoje você pode acordar e ser um comunicador”. Para se manter nesse mercado é preciso ser corajoso, correr riscos, mas saber administrá-los.
Quem encerrou o evento foi Ricardo Nunes, Founder da Ricardo Eletro e criador do grupo Máquina de Vendas.com compartilhando suas histórias e estratégias de vendas.
O recado que ele passou foi que é possível criar um novo negócio e se diferenciar dos concorrentes. “Existem dificuldades, mas é preciso acreditar no seu negócio, seguir o seu sonho e persistir”.
Quando perguntavam para ele o segredo do seu sucesso ele sempre respondia que era trabalhar muito, mas percebeu que vai além disso e listou pontos importantes a seguir.
Buscar conhecimento – Para evoluir é preciso buscar conhecimento, por isso é importante participar de eventos, conversar com pessoas mais experientes e questionar sempre. “As vezes um simples conselho faz toda a diferença”.
Trabalhar muito – Não existe uma pessoa de sucesso que não trabalhe, por isso esteja disposto das 8h da manhã até meia noite.
Tenha jogo de cintura – Quem é dono do seu próprio negócio precisa ter o dobro de jogo de cintura e não são todos que conseguem.
Tenha foco – Muita gente quer fazer tudo e acaba não fazendo nada.
Seja humilde – Não pense que você é o melhor, aprenda a dividir conhecimento, pois se não irá continuar pequeno.
Tenha coragem – Nesse universo é preciso ter personalidade e não embarcar na onda da massa como “maria vai com as outras”.
O Startupi também conversou com Tiago Baeta, fundador do E-Commerce Brasil, para saber sua visão sobre a 6ª edição do evento. “Estou com a sensação de dever realizado! É muito legal quando você traça um planejamento e ele dá certo. Também é muito bom ver a sua equipe realizada, porque a ideia é sua, mas você precisa de uma equipe que compre a sua ideia e te ajude a fazer acontecer”.
Foram mais de 7 mil pessoas que participaram do evento, cerca de 60% do público eram varejistas e o restante gerentes e executivos de grandes ou pequenos e-commerces. Apesar disso, Tiago conta que tem visto o crescimento de outros setores como bancos, fundos de investimento, várias organizações e Entidades tentando entender a mudança que o e-commerce está fazendo na sociedade. “É uma missão nossa popularizar um pouco esse mercado levando conhecimento para a grande massa”.
Tiago conta que realizar o Fórum E-commerce Brasil também é desafiador. “Você faz uma edição já pensando nos outros anos. O planejamento é curto, mas você precisa ter uma ideia a longo prazo do que você quer”. E deixa claro que para os próximos anos irá seguir o mesmo modelo, buscando crescer em espaço, expositores, conteúdo e claro, público.
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