Quando eu comprei meu Kindle, ouvi várias vezes a pergunta “mas por que você precisa disso?” Era (e às vezes ainda é) difícil explicar as vantagens de poder carregar um dispositivo levinho e com bateria de incrível duração para ler livros por aí. Posso garantir que ler “Guerra dos Tronos” no Kindle não me causou nenhuma dor nos braços, nas costas, ou significou peso na minha mochila.
Mas ainda existe a resistência. Pessoas que acreditam que livro impresso é melhor, e elas tem um tanto de razão, ao menos no Brasil: em determinados lugares, ainda existe o medo de que alguém vá querer lhe roubar ao confundir um simples leitor de ebooks com um tablet, e coisas do tipo. Mas ainda assim, é cada vez maior o número de pessoas que eu conheço (e que eu convenço) a terem um Kindle. Até minha mãe tem um, e adora.
O fato é que dentro de poucos anos, até as editoras tenham que apostar com muito mais força nos ebooks. Uma projeção da PricewaterhouseCoopers estima que em 2018, o lucro das editoras com livros digitais já chegará a ser maior do que o valor arrecadado com a venda de livros impressos. Esse gráfico do NYT também corrobora com essa ideia, mostrando que a receita das editoras com ebooks está cada vez maior, em especial nos EUA e na Grã-Bretanha.
É preciso, contudo, esperar que as gerações aos poucos se familiarizem com esse novo jeito de consumir literatura, seja por conta do costume pessoal ou da facilidade e economia que eles poderão propiciar. Recentemente, a Amazon trouxe ao Brasil o serviço Kindle Unlimited, que através de uma assinatura de 20 reais mensais dá acesso a uma vasta biblioteca de ebooks. Isso pode ajudar a fomentar ainda mais a leitura, já que o preço do acesso ao conteúdo vai se tornando mais econômico do que a aquisição de livros físicos.
O que posso dizer, da minha experiência pessoal, é que minhas viagens internacionais já não incluem aquele passeio na Barnes & Noble para voltar com dezenas de livros. Posso acessar a grande maioria deles via Amazon, e isso economiza alguns bons quilos na mala de viagem. Passei a adquirir livros em edições mais luxuosas, de capa dura, e a manter na estante livros que eu gostei de ler, e não quaisquer livros que eu tenha comprado.
A revolução que a música já sofreu, e que os filmes estão precisando lidar com, chegará em breve à literatura. E, de verdade, eu acho incrível.
Livro físico vai se tornar item de colecionador, mas a literatura, o que é realmente importante dentro de um livro, vai se tornando cada vez mais acessível. Não consigo desgostar dessa revolução.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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