Este texto faz parte da coluna da Plataforma Brasil feito especialmente para os leitores do Saia do Lugar.
Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial.
Meu caro, você fez tudo certo. Aprimorou o seu senso empreendedor – afinando a sua conduta a realidade que iria encontrar, estudou minuciosamente o mercado, concebeu um plano de negócios detalhado e factível, trouxe gente competente para tocar a guerra ao seu lado (livrou-se ao longo do tempo dos embromadores de plantão), gerenciou as finanças com rigor e fugiu das modinhas da época.
A receita perfeita estava ali, implantada e viva no dia-a-dia da sua empresa. Logo, os prognósticos eram os melhores, muito embora você jamais tenha cedido à tentação de exagerar no otimismo, sempre muito realista e pragmático, como são todos os bons e longevos empresários. Em resumo, um excelente capitão dos mares, tocando o seu barco lindo e ajustado, rumo a mares conhecidos e outros nem sequer já navegados, em uma história de aventuras, realização e descobertas.
Contudo, deixando a poesia de lado, o fato é que depois de alguns meses ou semestres, a conclusão é de que os resultados não refletem as expectativas (mesmo que bem realistas), o resultado final do seu fluxo de caixa anda em declínio e talvez o seu mercado não esteja assim percebendo o seu negócio como algo tão espetacular ou inovador como você julgava.
O que fazer? Como reagir? Jogará a toalha? Pendurará a chuteira? A resposta é não. Se ele for um empreendedor genuíno, enfrentará o caos.
Seguem aqui algumas dicas, para enfrentar o mais sombrio (ou glorioso) momento na sua vida de empreendedor.
O front psicológico:
1. Antes de tudo, a aceitação. Meu amigo, saiba que os números não mentem e se eles lhe informam que o seu negócio não vai bem, não discuta com a realidade crua e nua que eles trazem. Sim, o seu negócio está em declínio e isso precisa ser aceito e encarado. De frente.
2. Assuma a responsabilidade. A liberdade de conduzir o próprio futuro, de traçar o próprio roteiro da caminhada e se guiar nela com total autonomia cobram o seu preço. Quanto antes isso acontecer, mais rapidamente você se sentirá retomando energia para ajustar as coisas e eventualmente até mesmo recomeçar a partir de parte do que construiu.
3. Neste processo de aceitação e de auto responsabilização, não se permita abater pela percepção dos erros cometidos. Eles são inevitáveis, você não é perfeito e é falível. Entendido isso, saiba que de nada adiantará o exercício da auto punição.
4. Retome rotinas pessoais que eventualmente tenham sido esquecidas, por conta do correria do cotidiano. Tente ir dormir mais cedo – tornando o seu sono mais reparador, cuide do peso, retome exercício físicos com regularidade, se aproxime das pessoas próximas e de confiança que você sabe que estarão ao seu lado – aconteça o que acontecer e trate de incluir lazer e quem sabe um saudável hobby na sua vida, afinal de contas você já existia antes do seu empreendimento (e “você” sempre será para você, o empreendedor dos empreendedores). Com isso você restaurará a sua autoestima e o equilíbrio físico e psicológico tão necessários para a tomada de boas decisões e o abastecimento energético para implantá-las. (E se não der certo? Sei lá, recomendo que procure um médico imediatamente).
O front prático:
5. Repense o negócio, incluindo produtos e/ou serviços envolvidos, estrutura de precificação, relacionamentos comerciais e estratégias de gestão e vendas. Tente analisar o projeto a partir de um enfoque panorâmico. Depois divida suas conclusões com sócios e colaboradores de maior confiança e comprometimento (assim você forma o seu gabinete de crise, mesmo eu seja composto por apenas duas pessoas).
6. A partir das conclusões levantadas, realize ajustes no seu plano de negócios. Lembre-se a culpa não é do seu business plan, mas provavelmente das premissas assumidas e dos conteúdos inseridos nas variáveis da operação.
7. Esteja disposto a enxugar a operação até o ponto do novo alinhamento estratégico-operacional. Isso vai demandar decisões difíceis e situações desconfortáveis para você e para as pessoas que trabalham para você? Sim, vai, e pare de choramingar. A vida empresarial é assim mesmo.
8. Conceba uma lista detalhada de ações práticas, com responsabilidades definidas, orçamento aplicado se for o caso, e principalmente prazos realistas e exequíveis.
9. Nesta lista, jamais esqueça das ações ligadas à eficiência financeira da operação. Com reserva de recursos fica muito mais fácil atravessar por crises e temporais.
10. Da mesma forma, contemple nesta lista as eventuais gestões de negociação com os credores. Nesta caso em particular, cuide de expor a situação com clareza, deixando claro qual é o plano de saneamento e estabilização da empresa, e estabeleça novos prazos de normalização nos pagamentos. Se você for cuidadoso nos cálculos e firme no cumprimento do que repactuou, provavelmente sairá dessa com mais credibilidade do que tinha anteriormente.
11. Aproveite o tranco para amadurecer como empreendedor. Pare de se comparar a outros casos e ícones do empreendedorismo, aprendendo que cada um tem a sua própria história e lenda.
12. Para finalizar, recobre a visão de longo prazo, deixando um pouco a pressa de lado, e aproveite mais o caminho do que a chegada. Isso trará uma nova perspectiva de empreendedorismo, mais saudável, sólida e sustentável.
Boa sorte e até o próximo.
–
A Plataforma Brasil Editorial atua como uma agência independente na produção de conteúdo e informação.
Obs.: Direitos da imagem de Shutterstock.
The post Vida de Empreendedor: 12 dicas para lidar com os piores momentos appeared first on Saia do Lugar.