Nesses tempos corridos e consumistas, ser e estar, muito mais do que ter, deveria integrar a nossa busca por qualidade de vida, mas tem se tornado um desafio menor, praticamente esquecido em meio às nossas inúmeras demandas do dia a dia. A loucura do cotidiano nos tira do sério, do planejado e da tentativa de organização. Com isso, estamos cada vez mais nos desequilibrando. Como estar presente naquilo que nos propomos a fazer, de forma a nos tornamos cada vez mais produtivos e satisfeitos?
A dificuldade de nos concentrarmos ou conseguirmos cumprir aquilo a que nos propomos está afetando a nossa vida, seja ela profissional ou pessoal. O que consome as nossas ideias e ocupa a maior parte do nosso cérebro tem nos desviado dos valores, não apenas daqueles que julgamos importantes, mas também dos mais básicos. Por exemplo: falta de sono, alimentação inadequada, pouca ingestão de água e respiração ansiosa andam comprometendo a nossa energia e performance. E como fazer a diferença nos ambientes de trabalho estando aquém de nossas capacidades físicas e mentais?
Estarmos inteiros para produzir com vontade exige, em primeiro lugar, um “alimentar” interno. Foco no que de fato nos dá prazer é o primeiro passo para a busca desse equilíbrio. Depois, é preciso “dar uma geral” nas condições físicas. O sono, assim como a concentração, necessita de estágios profundos para produzir os efeitos desejados – não se esqueça dos outros itens: alimentação, ingestão de água… Isso sem falar na respiração, o mais básico de todos. O hábito de pausar para uma respiração profunda a cada 90, 120 minutos do seu dia de trabalho, ou em um mero impasse ao telefone, acredite, pode mudar a perspectiva de uma forma surpreendente.
Não se esqueça: o nosso grau de concentração está intimamente ligado à quantidade de coisas que temos na nossa cabeça e simplesmente não conseguimos “desligar”. Fuja do pior cenário possível, que é estar na praia durante o fim de semana pensando naquele relatório incompleto que deveria ter ficado no escritório.
Passada essa arrebentação básica (daquilo que continuamente temos que sobrepor), olhe à sua volta. Observe que você apenas faz parte de uma engrenagem; na ânsia de querermos mais, acabamos invadindo a praia do outro e algumas vezes comprometendo o funcionamento do todo. Delegar e confiar, então, fazem parte do cenário maior no qual deveríamos estar sempre atentos. Observe como o passe das pessoas que demonstram condições de fazer isso é valorizado e, através dessa atitude, elas conseguem naturalmente contagiar e mobilizar seu entorno.
A competição é positiva quando não estamos querendo “mudar de fase” ou impor as nossas ideias a qualquer custo. Negocie com os outros e consigo mesmo sempre que necessário. Considere nesse quadro a sua própria saúde mental e física e depois o outro, ao lado, mais ou menos como a máscara de oxigênio que você deve encaixar primeiro em você e depois em quem estiver ao seu lado, como instruem os comissários de bordo dos aviões. A questão não é tanto o “ter a qualquer preço”, mas aprender a plugar e desplugar para encontrar o eixo, curtindo todos os momentos da sua trajetória. Assim você começará a apreciar também o processo de ser e de estar, com respeito àquilo que você pensa, sente e deseja. O ter será mera consequência.
Marco Darvas é coach em produtividade pessoal.