Dando continuidade ao post em que publicamos a opinião de alguns investidores brasileiros sobre coisas que fazem os empreendedores “queimarem o filme”, segue mais algumas opiniões diferentes de outros investidores com quem conversamos.
Patrick Arippol (DFG Investimentos): “Se você olhar a hierarquia de prioridades de 27 dos maiores fundos estrangeiros, vai ver que eles priorizam 1) equipe, 2) mercado e 3) modelo de negócio. Daí tem alguns que não se importam tanto com o modelo, porque sabem que vai mudar.
No nosso caso, olhamos fundamentalmente para a equipe, e é aí que entra a coisa do empreendedor, do comportamento, da atitude. Felizmente, nesses 10 anos de atuação do fundo, vemos que nos últimos anos o nível vem melhorando bastante no Brasil, e temos brasileiros indo bem lá fora, conseguimos atingir um padrão de qualidade. Mas isso não significa, claro, que o mercado seja igual”.
Guilherme Cohn (Confrapar): “Achei o artigo bem interessante, e de uma forma ou outra, já passamos por várias das situações descritas. Em termos de imaturidade, acho que o pecado capital é começar a relação com alguma mentira. Se você parar para pensar, o empreendedor quer começar uma sociedade, e se você já começa com uma postura não verdadeira, é um indicativo de que haverá problema lá na frente.
Um ponto que mostra muita maturidade é quanto o empreendedor se sente capaz de negociar uma term sheet sem a necessidade de um advogado (que muitas vezes não entende do negócio) ou de um advisor (que também muitas vezes não entende do negócio)”.
Martino Bagini (Astella Investimentos): “Aqui minha opinião de forma resumida. Todos nós temos o direito de sermos ingênuos mas que isso não sirva para criarmos alguma desculpa para não fazermos a lição de casa bem feita. É difícil falar do empreendedor brasileiro de uma maneira geral pois, apesar de sempre termos sido muito ativos como nação, o perfil está mudando. O empreendedor por necessidade ainda existe, mas o que temos visto nos últimos anos, é um novo formato de empreendedor, que o faz por opção. Estes deveriam trabalhar melhor para desenvolver suas competências e atacar tanto a ingenuidade quanto, principalmente, a falta conhecimento.
Quem acompanha o ecossistema de perto sabe que, para quem quiser fazer a lição de casa bem feita, há inúmeras iniciativas ativas e gratuitas em andamento para contribuir com o desenvolvimento dos projetos e indivíduos. De qualquer forma, não dá para escapar do fato que tanto a ingenuidade quanto a falta de conhecimento são ameaças ao negócio e, certamente, serão avaliados e medidos como riscos por qualquer bom investidor”.