TVs com mais polegadas, menos milímetros e mais pixels, câmeras com mais megapixels, tablets com mais núcleos.
É fácil se concentrar nos grandes números e especificações nas coletivas de imprensa da CES, mas aqui em Las Vegas a Samsung fez uma apresentação sem grandes anúncios que pudessem render manchetes bombásticas.
Mas, no meio de funcionalidades e trilha sonora de gosto duvidoso, os coreanos trouxeram algumas pequenas inovações que podem melhorar bastante os nossos gadgets de cada dia. As minhas favoritas:
Smartphone que conversa melhor com a câmera
Eu ainda não estou totalmente convencido sobre uma câmera ultra-inteligente como as androidianas da Polaroid ou a Samsung, mas ficaria imensamente feliz se o meu smartphone conversasse melhor com minha câmera.
É o que a Samsung sugeriu rapidamente na coletiva: as cinco câmeras compactas da linha 2013 (e não só a NX300, essa belezinha aí), com capacidade de conexão por Wi-Fi e bluetooth, conversarão com uma camera app, disponível para Android e em breve para iOS.
Com o app, o celular poderá ser um viewfinder remoto, para que você possa deixar a câmera longe e planejar melhor a cena (e o momento) certo para disparar. Este é um recurso usado há décadas por profissionais, com sistemas caros e complicados, e é ótimo que chegue agora ao consumidor menos endinheirado.
Espelhamento reverso
Você está vendo um jogo de futebol na TV e por algum motivo tem que sair da sala, ou de frente da telona. Seria legal poder pegar o que está na tela e levar para um tablet, enquanto você faz algo mais importante, como suas necessidades fisiológicas. É mais ou menos o que o Vita faz com o PlayStation 3 em alguns jogos e o que a Samsung planeja para integrar melhor sua linha de Galaxy Tabs com as TVs.
O recurso batizado de “espelhamento invertido” foi anunciado bem en passant na coletiva, com um monte de asteriscos: não ficou muito bem explicado qual o protocolo utilizado, como será feito, com quais tablets (ou Galaxies) e quais TVs. Investigaremos melhor, mas é um tipo de funcionalidade que eu adoraria ver como padrão em outras fabricantes também.
Recomendações baseadas no horário
O conceito de “Smart TV” até agora não se provou muito, ou pelo menos não superou as caixinhas conectadas, de Xboxes a WD Lives. A Samsung prometeu este ano TVs mais espertas mesmo, dessas que podem te ajudar a fazer o que você nem sabe que quer e economizar tempo.
Um dos recursos mais alardeados da belíssima nova linha de televisores é a capacidade de recomendar atrações baseadas nos seus programas e atores favoritos, por exemplo, mas o detalhe que eu achei mais interessante foi a recomendação baseada no horário, tipo desenhoas animados para as crianças no sábado de manhã ou jornais matinais na hora do café (com uma grande bacana que permite um preview de tudo), eliminando vários segundos de zapeadas.
O problema é que é bem difícil ver algo assim aqui no Brasil, já que o protocolo de TV a cabo tem de estar bem integrado ao sistema da TV, mas não deixa de ser um objetivo a ser buscado.
Integração com redes sociais que faz sentido
Até agora, todas as tentativas de colocar as redes sociais na TV foram mal-sucedidas, basicamente por ser algo bem sem sentido tipo digitar (ou ver) tuites em uma tela maior, na sala, digitando em um controle remoto que só causa úlcera.
Na nova linha de TVs da Samsung, há um hub que mostrará somente os vídeos que as pessoas da sua timeline do Twitter ou Facebook estão compartilhando, um stream de Youtube curado por pessoas com gosto parecido, como o Flipboard faz.
Se este canal não for o melhor da sua TV, arranje melhores amigos ou se desamigue (existe esse verbo?) aquela tia que posta pegadinhas de 2003.
Monitor multitouch reclinável
Telas sensíveis ao toque em sistemas de desktop, como é o caso do Windows 8, ainda não mostraram o seu valor exatamente, por dois motivos principais: é incômodo ficar com o braço levantado, tocando um monitor, por longos períodos de tempo, e não há apps que tomem partido da maior área.
O novo e belíssimo SC770 de 24 polegadas e 1920×1080 de resolução da Samsung resolve um dos problemas e facilita a solução do segundo: ele se inclina a até 90 graus, permitindo toques mais confortáveis ao nível da superfície, como estamos acostumados em tablets.
A sensibilidade do touchscreen também é maior: há multitoque de 10 pontos, que permite aplicações bem avançadas, artísticas/educacionais ou para diversão. Se alguém fizer mais jogos de tabuleiro pra isso eu compro na hora.
A perigosa: t-commerce na TV
O executivo da Samsung solta essa no palco: “imagina que você está lá vendo New Girl [a desculpa para colar uma foto da Zooey acima] e gostou do vestido da protagonista. Não seria legal se comprá-lo fosse tão fácil como um apertar de botão? Com a solução de T-commerce das novas Smart TVs, será.”
Minutos depois, o CEO da Delivery Agent, Mike Fitzsimmons, solta o release: “a indústria sempre precisou de uma solução que pudesse eliminar a fricção do processo de compra, para tomar partido e monetizar a demanda do consumidor.
O que o Delivery Agent desenvolveu, em parceria com a Samsung, soluciona os problemas de tecnologia, direitos e oferta que, até hoje, impediram a indústria de t-commerce de avançar.” Eu descobri hoje que existe um termo específico para “comércio televisivo” no estilo Polishop, e, chame-me de comuna, mas não sei até que ponto facilitar tanto um sistema de compras caras de impulso é uma boa ideia.
Você já assistiu Patati Patatá? Com essa nova tecnologia, será necessário esconder o controle das crianças e das tias velhas.