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Novos modelos de negócio para o jornalismo digital: fidelize o leitor, não a audiência


Ainda se discute muito acerca dos modelos de negócio para o jornalismo digital. Toda empresa que se preze – e o jornalismo faz parte de um segmento de mercado que precisa de recursos financeiros para crescer e continuar existindo – busca novos modelos estruturais que sejam capazes de gerar lucros a um custo cada vez mais baixo. Se falamos em marca, toda empresa que constrói um produto confiável e com base em princípios éticos deve ter o direito de cobrar por isso. E isso também deve acontecer com o jornalismo.

O maior jornal do planeta, o New York Times, deu um grande pontapé positivo ao introduzir o sistema paywall, oferecendo um pequeno agrado para quem ainda acessava de forma gratuita. Fidelizou sua base de leitores e, em troca, cobrou por isso. Alguns jornais brasileiros também entraram na onda e passaram a demandar um acesso pago. O Estadão, por sua vez, adotou o signwall, que libera somente 5 matérias por mês, exigindo do leitor um cadastro caso queira continuar navegando pelo portal.

Muitos chiaram ao afirmar que o Estadão estava dando os primeiros passos para a implementação de um sistema pago. É tolice criticá-lo por isso. O jornal afirma que não pretende partir para o sistema paywall nesse momento, e que só estaria colhendo mais informações acerca da sua base de leitores. É tolice negar que possa ou queira um dia cobrar. Conteúdo bom custa caro e precisa de investimento para continuar crescendo. Um ótimo exemplo é a Newsweek que custava quase 50 milhões de dólares só para ser impressa. Com essa grana toda o investimento em qualidade editorial pode subir consideravelmente.

Em meio ao caos informacional no qual estamos inserindo, os próprios usuários já recaem sobre a máxima de que é preciso ter pelo menos uma fonte confiável de informação. É muito interessante e necessário que exista dezenas ou centenas de sites, blogs e jornais independentes, mas ainda pagamos por credibilidade, valor intangível que o jornalismo impresso carrega consigo. É possível ter uma gama maior de informações e de fontes, mas os grandes “curadores de conteúdo” acabaram se firmando com base em princípios éticos de grande valor, o que os distanciará dos demais meios e, possivelmente, será a deixa para a cobrança pelo serviço.

O que muitos jornais acreditam é que só transformar uma notícia gratuita em uma informação paga resolve todo o problema. Se o jornal não tem conteúdo de qualidade e nem credibilidade, por qual razão pagaríamos para ter acesso? É preciso fidelizar o público e monetizá-lo por isso. A ideia de que somente o número de acessos é suficiente tem se demonstrado uma teoria frágil, tanto para leitores quanto para os anunciantes. Leitores pagam mais para acessar um conteúdo confiável. Anunciantes pagam mais para ter sua marca vinculada a um grande nome do mundo jornalístico. O post You create more value with community than audience, do diretor do Global Business Journalism Program na Universidade Tsinghua, James Breiner, traz ótimas reflexões sobre o tema.

Não há novos leitores. O que há são novos hábitos de consumo da informação e, consequentemente, novas maneiras de se contar histórias e produzi las, o que por sua vez requer novas visões sobre como ganhar dinheiro com isso tudo.

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