A Nokia não economizou aparelhos no seu primeiro lançamento do ano no Brasil: três smartphones, todos com Windows Phone 8. Mas, mais do que isso, a empresa também não economizou nas palavras para falar sobre a concorrência, o mercado brasileiro e o que ela terá que fazer para, nas palavras de seu presidente por aqui, transformar 2013 no “ano da virada”.
Almir Luiz Narcizo, o presidente da Nokia no Brasil, foi bem sincero ao ser questionado sobre a posição da Nokia hoje. “Nós reconhecemos humildemente que perdemos o lugar no Brasil. A Nokia vendia futuro, e o portfólio com Symbian não correspondia à imagem da marca”, disse ele, que ainda disse que o moribundo sistema usado antes pela empresa “tinha vários problemas”. Assim, o cenário estava pronto para, após o reconhecimento da fala, projetar o tal futuro que a Nokia não tinha antes: “cuidado Samsung; cuidado Apple, os aparelhos da Nokia desse ano serão agressivos”. Segundo ele, sem entregar muitas pistas, uma série de lançamentos durante o ano atacará todas as faixas de preço.
Apesar de citar Samsung e Apple, preferindo o caminho do hardware, fica claro que o inimigo elegido por Nokia e Microsoft por aqui é o Android. Cristina Palaka, diretora de vendas da Microsoft, deixou isso mais claro: enquanto comentava a evolução dos smartphones, ela não hesitou em dizer que o Android “copiou” o formato e a fórmula da tela inicial do iPhone — para depois dizer que é hora de ultrapassar o paradigma da tela cheia de apps quadradinhos. Faz sentido o ataque, já que apesar de o iPhone ser um objeto de desejo, a massa de market share, quem realmente roubou o espaço da Nokia no Brasil foram os aparelhos com o robô — e principalmente a Samsung, claro, que até roubou o posto da Nokia de empresa de tecnologia no prêmio Top of Mind, da Folha.
Mas o que temos até agora: três aparelhos, R$899, R$1.599 e R$1.999. Na parte de cima do jogo, a Nokia segue o mesmo caminho das principais concorrentes, com valores que inibem boa parte dos compradores — que normalmente amam os aparelhos, ficam namorando-os nas lojas das operadoras, mas não têm como levá-los para casa. Já na parte debaixo, onde o Android domina com folga e aumenta o market share e a presença de várias empresas, a Nokia precisará se esforçar mais: o Lumia 620 é um aparelho bacana, com apelo para jovens, mas custa quase mil reais.
Se a Nokia quer brigar com o Android por números de vendas, e voltar ao patamar anterior, o que parece o objetivo, a empresa precisa apostar em aparelhos como o Lumia 620, mas com um preço menor. Não duvide que aconteça uma explosão de vendas do Lumia 710, que ainda ficará à venda no mercado até março, por R$599. Quando ele sumir, a Nokia precisa de um substituto.
O evento de hoje foi para aparelhos da Nokia, mas a Microsoft fez questão de estar presente, com seus executivos e seus discursos, para marcar o lançamento do Windows Phone 8. Se lá fora há uma discussão se a Nokia é mesmo a queridinha de Ballmer ou se a HTC anda roubando esse espaço, por aqui tudo fica muito mais claro: a Nokia é a grande parceira da Microsoft. Sem HTC no país e com a Samsung lançando de forma humilde o Ativ S, argumentando que não fez alarde por que lança 60 aparelhos por ano, o mapa do Windows Phone 8 no Brasil é muito claro: a capital é a Finlândia.
Assim, o que podemos fazer é, primeiro, analisar bem os aparelhos da Nokia que chegam por aqui. Teremos o review dos três, começando pelo rei da trupe, o Lumia 920. Depois, acompanhar atentamente os tais planos de Almir Narcizo e da empresa como um todo, inclusive lá fora, para ver quais são os próximos passos da empresa no Brasil. Provavelmente teremos um aperitivo na MWC, na próxima semana: o evento pode marcar o lançamento do comentado Nokia com sensor “real” do PureView 808. Estaremos lá para conferir e traremos as novidades.
E agora, por que não um vídeo sobre o que vimos de bacana no evento de hoje? Saca só: