O empreendedorismo no Brasil precisa de líderes e quem está dizendo isso é o líder de um dos maiores grupos do país, o Grupo Pão de Açúcar. Abilio Diniz, que ajudou a criar a empresa, passou pelo Global Entrepreneurship Congress para falar sobre empreendedorismo e sobre o início de sua companhia. Segundo ele, os jovens brasileiros que querem empreender têm como problema a falta de referência.
“Precisamos de pessoas que sejam admiradas pelas coisas que fazem, pelo bem próprio e pelo bem da coletividade também, pela sociedade”, disse o empresário. “A chave está na busca do conhecimento, a chave está no entendimento das pessoas, aprender a conhecer aqueles com quem você interage. Quanto mais você entende as pessoas, mais conhece a si prório.”
Destaco em seguida o posicionamento de Abilio sobre alguns assuntos abordados:
O início no varejo
“Estudei administração na FGV e, na minha cabeça, a vontade era continuar estudando economia e ser professor. Fui pro business, porque achei que tinha mais dinheiro e isso era importante pra mim. Estava com tudo isso pronto e meu pai tinha uma pequena doceira. Ele tinha construído um predinho e não sabia muito o que fazer. As coisas que passavam pela cabeça dele não me entusiasmavam. Então, ele pensou em fazer um supermercado e vi que ali tinha um business.
Ai começou a minha vida no campo da distribuição. Senti que ali tinha um negócio, que fazia sentido, era mais eficiente e o que aprendi rapidamente nos meus estudos é que esse negócio envolve grande volume. O sucesso está no grande volume que você consegue ter no negócio com as margens baixas.”
A vontade de não parar de crescer
“Eu procuro dizer sempre pra mim mesmo que quero ser hoje melhor do que fui ontem e amanhã vou querer ser melhor que hoje. Isso envolve crescimento pessoal e crescimento do que se está fazendo. Não é ser obsessivo e nunca se contentar. A gente precisa saber amar aquilo que tem e não apenas aquilo que deseja. Temos que pensar grande, ter metas e ser capazes de estar satisfeito, amar o que temos hoje.”
Ter um padrinho
“Padrinho nunca tive. Meu pai morreu há cinco anos. Eu o adorava, era uma pessoa muito simples que não tinha estudado, ele nasceu numa aldeia em Portugal e tudo o que ele conseguiu conquistar foi pela vida. Foi um tremendo companheiro.”
O propósito da empresa
“Eu não sou um palestrante, mas tenho causas que defendo e não me nego a falar sobre elas. Há duas semanas, fui fazer uma palestra no MIT para jovens do MBA e falei sobre capitalismo consciente, que é você ter alguma coisa além do lucro. Não é dizer que o lucro não é importante –o lucro é a parte mais importante pra ter empresa–, mas tenha algo a mais do que o lucro, algo que dê orgulho do que você está fazendo.
Seja comprometido com todos os que estão envolta da empresa: o cliente, os fornecedores, as pessoas que trabalham dentro da empresa, os acionistas, o meio ambiente, a sociedade em que você está inserido. Isso é o capitalismo consciente.”
O papel das grandes empresas na inovação
“Não é a função da grande empresa estimular as startups. Você pode fazer isso como uma contribuição à sociedade, você sempre pode fazer filantropia.”
A eterna insatisfação
“O equilíbrio é uma coisa muito importante na vida, as pessoas têm que conhecer suas limitações, mas é válido a pessoa acreditar que a perfeição é algo inexistente aqui, é só lá na frente. Isso faz com que nos tornemos pessoas melhores. Isso não quer dizer que a pessoa seja obsessiva, viva infeliz por não alcançar as metas. A pessoa tem que amar aquilo que já tem, se não não vive feliz.”