Há alguns meses, tive a oportunidade de conhecer Florença, uma das cidades mais belas do mundo. E tudo lá era tão lindo e perfeito que eu, que adoro fotografar, resolvi que não tiraria nenhuma foto e apenas apreciaria a beleza do lugar, tentando memorizar o máximo possível. É claro que a quantidade absurda de turistas com suas máquinas fotográficas, lentes, smartphones e tablets de todas as marcas e tamanhos imagináveis também colaborou com minha decisão.
Às vezes eu via quatro pessoas de uma mesma família, cada uma com sua câmera. Com os meus botões eu pensava: pra que tudo isso, não é uma viagem em família? Quando eu era criança, uma máquina era mais que suficiente para uma família. Mas hoje tem Instagram, Facebook, Flickr e a necessidade quase doentia de se compartilhar tudo.
É aí que entra o vídeo acima, criado pelo interessantíssimo The Dictionary of Obscure Sorrows, ou O Dicionário dos Lamentos Obscuros. De forma bastante resumida, a ideia deste Tumblr é ser uma espécie de dicionário de palavras inventadas, a maioria delas relacionadas com coisas que vivenciamos nos dias de hoje. A mais recente é “vemödalen”, “a frustração de se fotografar algo incrível quando milhares de fotos idênticas já existem”.
O vídeo mostra imagens que foram feitas por diferentes fotógrafos ao redor do mundo, que coincidentemente tiveram as mesmas ideias para uma foto. E, só talvez, isso não seja tão ruim quanto imaginamos…
No meu caso, cheguei à conclusão de que não é bem um medo, é mais a consciência de ser incapaz de trazer um novo ponto de vista ou criar algo sobre aquilo que já é perfeito. E no final, apreciar algo sem ter um celular ou uma câmera entre o objeto e eu pode ser uma experiência inovadora nos dias de hoje…
O vídeo é em inglês, mas nas configurações há a opção da legenda em português.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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