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Movile lucra ao fazer sucesso fora do país com seus apps


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Matéria por Ana Luiz Leal*

Enquanto boa parte dos empresários brasileiros passou 2014 cancelando projetos e cortando custos, o baiano Fabricio Bloisi foi às compras como se vivesse num mundo à parte. Aos 37 anos, Bloisi é presidente da empresa de conteúdo para celular Movile, com sede em Campinas.

Nos últimos dois anos, ele investiu pelo menos 55 milhões de reais em dez aquisições. Comprou sites de entrega de comida, como o iFood e o RestauranteWeb, de fretes, como o Rapiddo, guias de lojas e serviços, como o Apontador, e de ingressos, como o Cinepapaya. No total, a Movile tem quatro unidades de negócio e uma lista incomum de sucessos — pelo menos para os padrões da internet brasileira.

O iFood, seu principal aplicativo de entrega, tem 80% de participação no mercado brasileiro e tornou-se um dos dez maiores do mundo em número de pedidos. Seu aplicativo de celular para crianças, o PlayKids, que toca vídeos e músicas, é o mais vendido do segmento em dez países, como Estados Unidos e França.

A Movile tem 600 funcionários e escritórios no Brasil, na Colômbia, na Argentina, no México e no Vale do Silício. Com receitas estimadas em 400 milhões de reais, já é a maior empresa de conteúdo para celular da América Latina. Na última rodada de investimentos que recebeu, foi avaliada em estimados 800 milhões de reais. O plano agora é entrar para o grupo de elite da internet mundial. Faz sentido?

Se há uma coisa que tem unido as empresas de internet no Brasil é a crônica incapacidade de lucrar. A maior delas, a varejista B2W, dos sites Submarino e Americanas.com, com receita de 6 bilhões de reais em 2013, dá prejuízo há 15 trimestres. A Dafiti, maior loja online de moda do Brasil, faturou 450 milhões de reais em 2013 e teve prejuí­zo de 220 milhões.

O site Peixe Urbano, que recebeu mais de 200 milhões de reais de fun­dos de investimento, foi vendido em setembro por cerca de um décimo disso à empresa chinesa de internet Baidu (as empresas não comentam valores). Mas na Movile tem sido di­ferente. Segundo investidores que analisaram seus números, a Movile dá lucro — de estimados 25 milhões de reais em 2013.

“O histórico do setor joga contra a Movile. O Brasil não tem tradição de exportador de tecnologia ou de empresas inovadoras, então eles precisam fazer o trabalho em dobro de divulgação lá fora”, diz Anderson ­Thees, diretor do fundo de investimento Redpoint e.ventures, que nos Estados Unidos investiu em empresas como o Netflix e o curso de inglês online Open English.

O que separa a Movile da média das empresas de internet brasileiras é uma capacidade de inovação e uma ambição incomuns. A maioria se contenta em adaptar projetos que deram certo em outros países. A Movile nasceu para criar coisas originais.

“Desde os tempos de faculdade, a meta é criar uma empresa global de tecnologia, com milhares de funcionários em todo o mundo e faturamento de bilhões de dólares”, diz Bloisi, descrevendo um cenário ainda bastante longínquo. Não é de hoje que Bloisi pensa grande.

A Movile foi criada em 1998 por ele e pelo colega Fábio Póvoa (que deixou a empresa em 2009), ambos alunos de ciência da computação na Unicamp. Começou vendendo toques de celular e notícias via SMS quando celular era coisa rara no Brasil.

Em 2001, recebeu investimento do fundo de private equity Rio Bravo, que em 2008 vendeu sua fatia para o conglomerado de mídia sul-africano Naspers (os valores não foram revelados).

Em agosto deste ano, a empresa recebeu 125 milhões de reais de investimento — 80 milhões do fundo Innova Capital (que tem entre seus sócios o bilionário Jorge Paulo Lemann) e 45 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O dinheiro será usado para financiar novas aquisições.

Hoje, o desenvolvimento de aplicativos para empresas, especialmente operadoras, como um serviço de vídeos­ para a Claro e outro de músicas para a Vivo, ainda responde por cerca de um terço da receita da Movile. Mas o plano é investir cada vez mais em projetos que cheguem ao consumidor final — e, claro, que possam valer uma fortuna no futuro.

A maior aposta é o PlayKids, um aplicativo de jogos e vídeos para crianças de até 5 anos. O aplicativo foi lançado em 2013 pela equipe de cinco programadores que a Movile mantém há dois anos no Vale do Silício com o objetivo justamente de mapear oportunidades. Hoje, chega a 150 países e tem conteúdo em cinco idiomas.

A versão brasileira tem ví­deos de personagens locais, como Galinha Pintadinha, Patati Patatá e Turma da Mônica. Há pelo menos três meses é o aplicativo para crianças mais vendido nos Estados Unidos e no Canadá, onde concorre com gigantes como Disney e Viacom, do canal ­Nickelodeon.

No primeiro semestre do ano que vem, o PlayKids vai ser lançado na China e em outros países asiáticos. Baixar o aplicativo é gratuito, mas, para ter acesso ao conteúdo completo, o assinante paga 10 dólares por mês. A Movile tem outros dez projetos de aplicativos que, acredita, têm potencial tão grande quanto o PlayKids — os projetos são guardados a sete chaves.

A onda dos aplicativos

Boa parte dos novos investimentos da Movile tem um ponto em comum — resolver problemas do mundo real usando o celular e as novíssimas ferramentas de localização. É um campo em que Facebook e Google investem bilhões de dólares todos os anos, mas que sempre oferece novas oportunidades de negócio.

Um exemplo é a empresa israelense de localização Waze, fundada por três empreendedores locais e que foi comprada pelo próprio Google por 1,3 bilhão de dólares em 2013. “Não queremos copiar o que as grandes empresas já fazem, mas encontrar nichos de mercado pouco explorados”, diz Flavio Stec­ca, vice-presidente de tecnologia da Mo­vile. Um desses nichos é a entrega de comida.

Em 2013, a Movile comprou uma participação minoritária no site iFood, líder no país. Tornou-se controla­dora da empresa neste ano e ainda comprou o vice-líder, o RestauranteWeb. Hoje, a nova empresa tem 80% do mercado. São 500 000 pedidos por mês e 5 000 restaurantes em todas as regiões do país.

A empresa ganha dinheiro cobrando uma taxa de 12% do valor do pedido. A meta é que os estabelecimentos vendam 1 bilhão de ­reais em 2015. O iFood deve ser exportado para outros países da América Latina, assim como podemos esperar por aqui a chegada do site peruano de ingressos para shows e cinema Cinepapaya, também comprado pela Movile neste ano.

A compra do buscador Apontador e do site de mapas Map­Link, que têm mais de 10 milhões de estabelecimentos cadastrados, como farmácias e salões de beleza, também faz parte dessa estratégia.

Para que a empresa passe do estágio atual para se tornar de fato um competidor global de internet, vai precisar superar dois grandes desafios. Primeiro, alguns dos últimos investimentos têm de se provar certeiros — e rapidamente. Administrar tantas empresas diferentes é complicado para qualquer um.

Alguns investidores criticam a Movile pela falta de foco, ao apostar em nichos tão distintos quanto música, entregas, vídeos para crianças e mapas. Sócios de fundos de venture capital ouvidos por EXAME disseram que a empresa teria dificuldade em captar investimento de gente grande no Vale do Silício por causa de seu modelo de negócios.

Os americanos preferem empresas que se provam primeiro em um produto novo ou nicho. O segundo desafio é superar a dependência do SMS. Atualmente, 40% do faturamento da empresa vem do envio de SMS corporativo, de empresas para seus clientes, um serviço cada dia mais obsoleto.

Um fundo soberano desistiu de investir na empresa em 2011 por causa do tamanho da dependência da Movile no negócio de SMS corporativo.

“É um problema para o futuro, mas dá dinheiro e a Movile ganha tempo para encontrar novos negócios tão bons quanto esse”, afirma Anibal Messa, do fundo de investimento Plataforma Capital. Fabricio Bloisi vai encontrar novas fontes de receita? Vai conseguir dar um sentido a tantas apostas diferentes? Transformar a ambição global da Movile em realidade dependerá das respostas a essas perguntas.

*Matéria por Ana Luiza Leal, da revista EXAME, publicada no portal Exame.com, parceiro de conteúdo do Startupi.

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