Sempre me disseram que eu não veria o início da jornada final da humanidade e o mais triste é constatar que em 1972 nós abandonamos um caminho que, possivelmente, a essa altura teria nos levado a Marte e outros planetas. Hoje abrimos as portas desse caminho novamente. Devemos comemorar: estamos voltando às estrelas.
Na década de 1960 colocamos a pontinha do dedão no oceano espacial. Era empolgante. Aquilo nos levou a incontáveis descobertas e tecnologias que tornaram possível o mundo em que vivemos hoje. Foi apenas um dedão nas águas do cosmos, mas logo em seguida voltamos correndo às areias seguras da Terra, quase assustados.
O ano de 1972 marcou a última missão da Terra à Lua e, com o fim dela, acabou também todo o otimismo da era espacial. Mas com a iminência da aniquilação nuclear, com a guerra no Vietnã em seu auge, nossa jornada rumo à Lua salvou o consciente coletivo do mundo. Como o repórter David Brinkley relatou na TV durante o especial de TV de véspera de Natal da Apollo 8, transmitido da órbita da Lua:
A raça humana, sem muitas vitórias recentes, teve uma naquele dia. Obrigado, Apollo 8. Você salvou 1968.
A Apollo 8 também nos trouxe esta foto. Ela teve uma repercussão enorme na psique humana, deu início ao movimento ambiental e à ideia de que deveríamos trabalhar juntos para estabelecer a paz na Terra. Depois dessa foto (e da Blue Marble) os seres humanos notaram, enfim, que precisamos nos unir. Devagar, as coisas começaram a mudar.