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Comunidades criativas expõem no Salão +B, em São Paulo


São Paulo – O Projeto +B Identidade Brasil, fruto de parceria entre Sebrae e Associação Brasileira de Estilistas (Abest), apresenta os primeiros resultados no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE), em São Paulo. A iniciativa reúne quatro plataformas de ações, com o objetivo de aumentar a competitividade e sustentabilidade a partir da geração de negócios e da capacitação de micro e pequenas empresas (MPE) ligadas à moda.

Uma das ações envolve 15 comunidades criativas por dois anos e meio. Esses grupos são capacitados para incorporar o design e incluir seus produtos na indústria da moda de luxo. As três primeiras comunidades que participaram do projeto estão expondo até esta quinta-feira (31) no Salão +B. São elas: produção com fibra de Capim Dourado, em Jalapão (TO); Pedras de Opalas e Retalhos de Tecidos, em Pedro II (PI); e Reciclagem de Tecidos Descartados pelos Correios (malotes e uniformes), em Bonito (MS).

A designer Heloisa Crocco faz a curadoria das intervenções em todo o projeto. É responsável por um time de designers que trabalham com os artesãos na elaboração de novas peças e materiais. Segundo ela, a atuação se dá pela mistura do conhecimento. “Eu te ensino a fazer renda e tu me ensinas a namorar. Chegamos até a comunidade, fazemos uma avaliação, explicamos a proposta e juntos começamos a entender o que eles realizam e despertar a curiosidade”. Heloisa explica que as ações desenvolvidas fazem parte de um “grande laboratório de criação, um grande convívio”.

Para o Salão +B, a designer criou a marca Toque Brasil. Segundo ela, um dos objetivos era mostrar um conceito “que pudesse ser usado para a Copa do Mundo de 2014”. A parceria entre Sebrae e Abest busca aumentar em 10% a fabricação e a comercialização desses produtos até junho de 2014.

A escolha das comunidades leva em conta critérios como localização em áreas de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e elevada presença de artesãos que dominem uma técnica específica e que já tenham sido atendidos pelo Sebrae.

Anna Patrícia Barbosa, coordenadora nacional da Indústria da Moda no Sebrae e gestora do projeto, explica que “a ação visa inserir o produto artesanal na moda de alto valor agregado dos segmentos de couro e calçados, gemas e joias e têxtil e confecção, incorporando design diferenciado com o fortalecimento da identidade e estilo brasileiro, aproximando o artesanato da indústria da moda”.

Novo olhar

A comunidade de Mumbuca, localizada no município de Mateiros, há 250 km de Palmas (TO), é uma das primeiras a ser beneficiada pelo projeto. Para a artesã da Associação Extrativista do Povoado de Mumbuca, Claudiana Matos, o trabalho realizado com a designer trouxe uma nova perspectiva de vida aos artesãos. “Sinto que a mudança era necessária. Estávamos parados, produzindo sempre os mesmos objetos. O design nos trouxe um novo olhar sobre os produtos”.

A associação desenvolveu novas peças, como bolsas, brincos, colares e carteiras, que estão expostas no Salão +B. Deixar de atender apenas os turistas que visitam a região do Jalapão e vender para lojas e butiques de todo o país é o sonho da artesã Claudiana Matos. “Acredito que agora estamos preparados para enfrentar o mercado”.

Quem também recebeu a ação do projeto +B foi um grupo de mulheres assistidas pelo Instituto Família Legal, situado em Bonito (MS), que desenvolve diversos projetos sociais com famílias de baixa renda no município. Entre os projetos da Organização Não Governamental (ONG) está o Fibra Viva, um espaço para criação de produtos recicláveis, fabricados por mulheres e mães de adolescentes em situação de risco.

A coordenadora de projetos da ONG, Margareth Maneta, explica que uma parceria com os Correios permite a reciclagem de tecidos descartados pela empresa (malotes e uniformes), que anteriormente eram incinerados. Elas produzem artesanato com temas da fauna e flora da região de Bonito e da Serra da Bodoquena. “O trabalho que fazíamos antes da chegada do projeto +B era muito rústico e com poucos produtos. Com a intervenção, agregamos valor e desenvolvemos 15 novos produtos”, disse.

Segundo Margareth, as mulheres descobriram com o design uma nova forma de trabalhar. “Foram desafiadas com acabamentos que não conheciam. Aprenderam a pensar de forma diferente, criando novos objetos”. Mas a coordenadora destaca que o principal ganho até o momento para o grupo é o resgate da cidadania. “Eram pessoas sem perspectiva, que encontraram no artesanato a possibilidade de crescimento”.

Além do projeto +B, participam do evento no MuBE 37 marcas expositoras, entre elas Alessa, Iódice, Osklen, Thais Gusmão, UMA e Triya. Haverá também uma conferência sobre conteúdo criativo. A expectativa dos organizadores é movimentar mais de R$ 15 milhões em negócios concretizados e futuros. Para mais informações, basta acessar o site www.salaomaisb.com.br.

Serviço:
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