Se há um tema que domina o campo da psicologia positiva, é que podemos nos tornar seres humanos mais felizes e que o aumento da felicidade beneficia a nossa saúde e sucesso. De fato, as evidências sugerem que podemos reprogramar nosso cérebro para uma positividade maior através de práticas diárias relativamente simples, como a meditação.
A felicidade é simplesmente uma função do que fazemos? Emma Seppälä, em seu livro The Happiness Track, sugere que condicionar nossa felicidade ao nosso desempenho é uma armadilha. O nosso bem-estar, ela sugere, é uma função do nosso relacionamento com nós mesmos: como nós pensamos sobre nós mesmos, como falamos para nós mesmos, como nós tratamos a nós mesmos. É possível que, quando nós nos tratamos condicionalmente e negativamente, na verdade estamos religando nossa mente para a infelicidade?
O nosso bem-estar é uma função do relacionamento com nós mesmos.
Eu recentemente dei uma palestra para os gestores financeiros, comerciantes e analistas em Nova York. A pergunta mais comum feita pelas pessoas foi: “Como podemos nos manter positivos mesmo quando estamos perdendo dinheiro?” A pergunta faz sentido. Se seu trabalho é produzir um bom retorno para os investidores e você perde dinheiro, você não está fracassando em sua missão? Como você pode manter a felicidade em meio ao fracasso?
É uma pergunta que eu ouvi muitas e muitas vezes da maioria de profissionais bem sucedidos orientados por realizações. Eles nunca estão satisfeitos com o status quo, o que os leva sempre a trabalhar por uma maior realização. Isso também leva-os a nunca serem felizes. Ao longo do tempo, buscar sempre mais e nunca estar contente leva ao esgotamento e perda da produtividade.
Para se tornar um ser humano mais feliz, precisamos de uma relação diferente com nós mesmos. E, há um segredo para melhorar esse relacionamento:
Manter-se implacavelmente construtivo.
Não positivo, e não negativo: construtivo.
Uma relação construtiva consigo mesmo é aquela em que você aceita plenamente que errará às vezes. Se você tiver muitas metas desafiadoras, às vezes você vai ficar aquém. Você vai tomar decisões erradas como um pai ou como um parceiro, você vai tomar más decisões no trabalho, você vai tomar más decisões no mercado financeiro e de todos esses vão gerar resultados indesejados.
Você irá falhar.
Você não é infalível.
Mas ser construtivo significa que você tem a oportunidade de aprender com seus reveses. Ser construtivo significa realmente ver os erros e fracassos como oportunidades para aprender e se tornar melhor.
Quando você condiciona sua felicidade ao seu sucesso, você vai ficar sempre infeliz quando você não tiver sucesso. Quando você condicionar sua felicidade em sua capacidade de aprender com os fracassos, você se coloca no controle de seu bem-estar e de seu relacionamento com você mesmo.
Você se tornará um ser humano mais feliz quando você conversar com si mesmo de forma construtiva e quando você realmente construir soluções para os erros que você comete.
Em The Happiness Project, Gretchen Rubin mostra que o bem-estar é o resultado de ações diárias pequenas e positivas. É assim também o relacionamento com nós mesmos. Uma conversa construtiva diária consigo mesmo e uma ação construtiva geram uma profunda satisfação com o nosso próprio aprendizado e evolução.
Considere manter um diário dos seus fracassos. Em uma coluna, anote todas as ocasiões em que você falhou e se sentiu frustrado. Na próxima coluna, identifique onde você errou e por que você ficou aquém do esperado. Na terceira coluna, realce como você pode corrigir esse erro e / ou tomar uma decisão melhor no futuro. Em seguida, faça a terceira coluna ser seu objetivo e conscientemente, coloque-se em situações em que você poderá enfrentar uma situação semelhante de maneira melhor.
Um diário de fracassos nos encoraja a olhar para nossas falhas e fazer o melhor delas. É uma maneira de estruturar a sua conversação interna numa relação mais construtiva com nós mesmos. Se vamos ser seres humanos mais felizes, temos de aprender a aproveitar ao máximo a nossa humanidade.
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Artigo de Brett Steenbarger na Forbes.