A Apple vem revolucionando o mercado, a publicidade e o marketing desde os anos 80. Mas será que ela está perdendo o seu espírito espartano?
O maior feito de Steve Jobs não estava na supervisão do Macintosh ou iPod e iPhone, mas sim na sua capacidade de fazer o consumidor pensar diferente e pedir mais.
Com isso, hoje a empresa está tão estabelecida que precisa reinventar a sua mensagem antes que alguma outra empresa consiga subverte-la.
Como líder de mercado, a Apple encontra-se em uma posição que parecia impossível há 2 décadas atrás, quando a marca começou seus trabalhos em um mundo paralelo.
Hoje a Apple é uma empresa de grande porte, grande sucesso e uma pressão sobre sua cabeça.
Pense diferente, Apple
A lógica diria que esse é o momento em que as empresas estão simulando a marreta da Apple, em 1984, como lutadores da liberdade que procuram libertar os usuários a partir de uma elite de aço escovado.
Como muitos devem ter notado, esta abordagem de tentativa e erro é exatamente o que a Samsung tem tido nos últimos tempos.
Eles estão queimando consideravelmente sua verba de marketing que usa a mesma abordagem da Apple em épocas anteriores. “Não é preciso ser um gênio” é o que diz um dos anúncios do Galaxy S3, satirizando a campanha genius em meados de 2012.
Pode não ser a contrapartida ideológica ao original 1984 do Macintosh, mas sim uma sátira ao ThinkDifferent, que já era uma sátira ao slogan da IBM, think que se encaixa perfeitamente.
Além disso, o comercial do Galaxy que precedeu o lançamento do iPhone 5, em que os usuários de iPhone eram ridicularizados pelos usuários do Galaxy.
Não estamos sugerindo que o momento pós-Steve Jobs tem sido ruim. O que não podemos dizer é que a publicidade não é mais o que já foi: memorável. Hoje, o que pode ser dito é que a publicidade da Apple é mais demagoga do que revolucionária.
Isso iguala a Apple às outras empresas grandes em meio às mudanças.
A postura anti-IBM da Apple comandou o cenário dos primeiros anos da empresa, sendo agravada pela batalha com o Windows.
Abaixo ao status quo
Citando o historiador Lewis Mumfod, a Apple estava vociferando contra a máquina da uniformidade de pessoas, comportamentos, hábitos e tecnologias. A Apple queria quebrar a máquina do senso comum.
Para Mumford, sociedade de massa não significa apenas que todos tenham os mesmos produtos. Isso significa que todos tinham os mesmos produtos ruins. No entanto, quando se trata de computadores pessoais, esse não é mais o caso.
Com a criação de uma categoria de produto em linha de produção, como um carro de luxo ou uma calça jeans, Steve Jobs elevou o jogo.
Depois de ter sido recentemente nomeada a marca mais valiosa do mercado pelo terceiro ano consecutivo, seria tolo sugerir que a Apple precisa de algo tão drástico quanto uma revisão de branding.
Ao mesmo tempo, como as empresas mais rivais do que nunca tentam pensar e agir como a Apple, as tentativas genuínas do pensamento torna-se mais um desafio hoje em dia.
Existe hoje uma nova geração de consumidores que nunca tiveram conhecimento de nenhum produto da Apple, seja qualquer coisa: iPod, iPads ou até mesmo Macs.
Um iPod, um Mac e uma marreta
No início deste ano, Tim Cook disse que a filosofia principal da Apple é nunca temer a canibalização de seus produtos. Se a Apple não fizer isso, algum concorrente certamente vai fazer.
Cook pode ter falado isso a respeito das linhas de produtos da Apple, mas ele também está se referindo a uma empresa cuja identidade tem tido sempre os seus produtos mais vendidos do que nunca.
Não podemos exigir da Apple a revolução da década de 80, mas uma marreta bem colocada nos valores atuais da Apple não seria mal pra ninguém.
Até porque, se a própria Apple não fazer isso, algum concorrente fará.
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Este artigo foi adaptado do original, “Why Apple Needs A Brand Overhaul”, da FastCompany.