Ser egoísta pode arruinar o seu negócio ou o seu mercado. Ser altruísta, pode elevar o seu negócio a um novo patamar
A atual crise econômica mundial é muitas vezes atribuída à ganância, egoísmo e excessos antiéticos do capitalismo desenfreado. Podemos ver justificativas a isso na boca de muitos partidos políticos. Seja no Brasil, ou fora dele.
Em grande parte, essa análise, acaba por se comprovar nas grandes crises que viemos presenciando nos últimos anos.
A crise do subprime americano, que afetou muitos países e até hoje não foi estancada é o resultado da ganância extrema de executivos ladrões.
A maioria de nós assume, no entanto que a ganância, o egoísmo e o comportamento antiético estão intrínsecos ao mercado livre, ao capitalismo e ao lucro. Acreditamos que tudo não passa de uma ditadura do capital e que somos vítimas injustiçadas disso tudo.
Ledo engano. O capitalismo tirou mais pessoas da pobreza e ruína do que qualquer outra bolsa-isso-ou-aquilo que jogou o dinheiro na mão das pessoas às custas do endividamento interno.
E uma vez que o capitalismo provou ser modelo econômico mais produtivo que o mundo já viu, isso leva muitas pessoas a concluir que precisam gerir um negócio como se fosse uma besta.
O capitalismo assume o papel de um animal selvagem e perigoso que vem comer da nossa comida e, um animal que não podemos viver sem.
Essa análise pressupõe que essa besta nunca pode ser domada e por isso deve ser constantemente impedida de seguir em frente para que, de repente, não traga nenhum tipo de consequência desastrosas que sofreram recentemente.
A armadilha do capitalismo
Infelizmente essa descrição do capitalismo nos coloca em uma dolorosa armadilha. Como ter um propósito maior, colocar as pessoas em primeiro lugar e manter o foco no cliente se isso estiver em desacordo com essa besta do capitalismo em que sempre precisamos sugar?
Na linha de fundo dessa guerra, que parece nunca ter fim, esses objetivos mais elevados ficam relegados ao reino do altruísmo.
Esses objetivos maiores acabam definhando, juntamente com os apelos de uma natureza melhor no mundo corporativo.
Em Business Secrets of the Trappist Monkes: One CEO’s Quest for Meaning, de August Turak, a dicotomia entre o propósito maior e o lucro são falsas. Em vez disso, o nosso maior sucesso está atrelado ao altruísmo. É o que defende o autor.
Quanto mais nos esquecemos de nossas motivações egoístas, mais bem sucedido nos tornamos.
Ao viver e trabalhar ao lado dos monges de Abadia Mepkin, Turak afirma que é possível perceber que no fundo eles estão vivendo um modelo econômico antigo, ainda emergente, que rejeita a hipótese de que o capitalismo e os propósitos maiores estão em conflito.
Capitalismo e altruísmo
Os monges de Mepkin têm tido um grande sucesso no mundo dos negócios não apenas pelo seu fantástico compromisso com altos princípios, mas principalmente por causa deles.
O segredo contraintuitivo dessas pessoas é que quanto mais nos esquecemos de nossas motivações egoístas, mais bem sucedido nos tornamos.
Se esta análise for correta, então nossa tarefa, ainda que difícil, não é interminável, amarga, competitiva e cooperada. Em vez disso, devemos transcender essas falsas dicotomias por demonstrar conclusivamente que a abnegação não é tudo no empreendedorismo.
É preciso provar que o altruísmo pode ser mais do que uma campanha de responsabilidade social velada e estratégia mascarada de recrutamento e marketing.
A abnegação vai transformar as empresas em organizações mais rentáveis e produtivas do que temos hoje. Isso não significa sacrificar o crescimento e a rentabilidade para o ilusório bem comum.
Isso significa simplesmente elevar os padrões do seu negócio. Esse método não prevê a implosão do lucro, nem do sistema capitalista como um todo.
Eleve o seu negócio para princípios, para as outras pessoas, e não apenas para o seu próprio umbigo.
A abnegação transcende os processos comuns encontrados em empresas e organizações. Substitua os seus objetivos de negócio atual assumindo uma missão maior que você mesmo, transformando você e sua empresa, de egoísta para organizações totalmente altruístas.
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Este artigo foi adaptado do original, “August Turak: Why Being Selfless is Good for Business”, da Columbia University Press Blog.