“Pioneiros se apropriam da terra. Os colonos pagam o aluguel.”
O futuro de boa parte do mundo dos negócios está sendo “apropriado” pelas novas empresas inovadoras, concentradas nos EUA, mais precisamente no Vale do Silício.
Tirando proveito do ambiente pró-empreendedorismo norte-americano, do vigor de jovens de todo mundo e da cultura acumulada desde os tempos da criação do microchip, as empresas de tecnologia do Vale são o futuro e, pro resto, uhm…bananas.
Não é petróleo tirado da terra
O setor de tecnologia tem seu valor gerado pelo desenvolvimento e comercialização de produtos digitais e hardware com microprocessadores que geram benefícios superiores para quem usa, tão superiores (10x Tech Rule) que substituem as formas anteriores de se enfrentar uma tarefa. Basta olhar para o seu smartphone no seu bolso, ele tem mais poder de computação que a nave que levou o homem a Lua em 1969…e perto de um celular pré-smartphone, uhm, é um objeto de outra classe.
Nos ombros dos gigantes
Nada no mundo da tecnologia vem fácil. O que você carrega no bolso é o ápice do nosso conhecimento técnico desenvolvido por mentes brilhantes que são em si, também sub-produtos de um ambiente econômico, infraestrutura e cultura pensada, repensada, pisada e repisada. Nada é gratuito apenas o apoio no ombro dos gigantes que essa estrutura criou.
Agora, o mundo encontra-se em meio a uma fase acelerada da revolução digital gerado pela criação e adoção em massa de aparelhos e softwares que finalmente passaram de um limiar em facilidade de uso e utilidade, onde leigos e o público em geral, conseguem, sem medo e dificuldade, aproveitar o que for que esteja sendo oferecido.
A visão utópica de um software ou hardware sem manual agora é realidade e estamos se esbaldando nela.
Revolução industrial e suas vítimas
A revolução industrial deixou suas vítimas. O mundo árabe e muitos outros que não se industrializaram, hoje, vivem na borda do capitalismo sem muita esperança em participar do mundo de igual para igual.
São os primos pobres da última revolução (claro, ignorando se eles filosoficamente se arrependem ou não dessa escolha, afinal, a prosperidade material e civilidade é algo relativo e cultural.) e, se você viajar pra esses países, vai encontrar o sonho do futebol em todos os cantos também. Futebol e BBBs como a única saída do desesperançado.
Esse risco da degradação e desarticulação das comunidades nas revoluções é mais real agora. A revolução digital é ainda mais concentradora e criadora de desigualdade.
É tão arriscado de se perder o bonde, que enquanto discutíamos os escândalos da copa e a corrupção, a eleição, do lado de cima do planeta, o presidente dos EUA, em dezembro de 2013, conclamava aos cidadãos a aprender programação de computadores. Uma atitude estranha se não fosse tão contemporânea e revolucionária em si.
Um presidente que aparece na internet para pedir que você aprenda a programar?
Que incrível para quem está nos EUA e quão dramático para os países quem não tem uma liderança atual. Um momento que poderá um dia ser histórico, como um ponto dividindo quem abraçou a revolução digital e quem, perdido no caos, tratou-a com despeito, como uma moda, ou estava preso num baile funk qualquer.
Qual o ingrediente fundamental para participar da nova era digital?
Cultura.
Uma cultura que valoriza a capacidade técnica e talento, a criação de valor nua e crua da manipulação de coisas atuais, como código e microeletrônica.
Cultura que vive focada no futuro e no processo de criação de um novo mundo.
Idealizadamente, a cultura vigente no Vale quer criar um mundo mais eficiente e justo, alinhada com os ideais mais nobres da América (claro.. nunca é tão bom assim, mas me parece bem melhor que as alternativas).
O nerd e o geek são os novos messias do momento.
Mas eles não funcionam sozinhos, precisam de um eco-sistema que os valorize. Os países e empresas que valorizarem, protegerem e criarem condições para o desenvolvimento de “massa crítica encefálica” vão ter um lugar no futuro.
Não basta um ou outro herói, é necessário que toda uma nova geração de programadores, engenheiros e designers capazes de imaginar e construir um futuro exista e seja promovida e valorizada.
Menos celebridades do futebol, menos discussões sobre juros que caem e sobem, e mais sobre quem e o que realmente cria valor real numa economia – empreendedores e inovadores.
Enquanto o Brasil não prover um ambiente cultural decente, o sonho de todo o jovem plugado e inteligente será migrar para EUA. Isso significa, mais brain drain, mais acentuação da desigualdade e menos esperança de participarmos do futuro de uma forma condizente com o nosso “sempre subestimado” potencial.
Quanto menos massa crítica de jovens nerds incentivados a um mundo digital, menos esperança poderemos ter no futuro.
Precisamos de mais e mais jovens inovadores, empreendedores e éticos, como sabemos produzir. As novas tecnologias, limpas e sustentáveis podem inclusive ajudar a resolver parte do nosso problema climático.
O caminho é para cima, para a civilização do pensamento e da razão.
Incentivem seus próximos para abraçarem a inovação e o empreendedorismo dessa nova era digital. Quanto mais incentivo e promoção para os nerds e geeks, mais temos chances de participar de um futuro próspero.
Ajude a gerar a massa crítica encefálica pros dias que virão.
Qual futuro queremos para nossos filhos?