Rio de Janeiro – A estrutura mais rígida do papel-paraná exige do artesão precisão absoluta. Alguns milímetros a mais ou a menos no corte com estilete compromete a dobradura da caixa e pode levar à perda do material. O microempreededor individual (MEI) Paulo César Alves inventou uma máquina que regula o corte, facilita o trabalho e multiplica a produção da Celularte.
“Pelo processo normal, uma pessoa leva cerca de três horas para fazer dez caixas pequenas. Com a minha ferramenta, é possível produzir 150 unidades no mesmo período. A regulagem permite adaptar a produção a diferentes tamanhos, de acordo com a necessidade de cada um”, explica ele.
Orientado pelo Sebrae no Rio de Janeiro, Paulo César já entrou com pedido de patenteamento. O custo da ferramenta, que deve chegar ao mercado no começo de 2013, está estimado em R$ 300. Ele aposta que os artesãos serão seus maiores clientes, por causa da possibilidade de se fazer embalagens customizadas e na quantidade certa com o equipamento. Uma flexibilidade que, segundo ele, permitiria a amortização do investimento em pouco tempo.
Confiante na ideia, ele já foi procurado por um sócio, que lhe propôs migrar a Celularte de MEI para microempresa. “Nosso plano de negócios confirma isso. As possibilidades de sucesso são grandes. Esse ano, até fui convidado para ministrar dois workshops na Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro. Os alunos de design ficaram impressionados e eu, vaidoso”.
Toda essa confiança se baseia também em uma experiência anterior bem sucedida, quando ele inventou outra ferramenta para fazer vincos em materiais mais maleáveis. Como tinha domínio da técnica de serigrafia, ao perder o emprego há cinco anos, passou a estampar sacolas. Mas para atender ao interesse crescente da clientela, pensou em comprar uma máquina, que custava na época R$ 4 mil. Sem recursos, inventou sua própria versão, no ano passado, que permite diferentes vincos. Além da produção de 200 peças diárias, pesa apenas 1 kg e dispensa a energia elétrica.
Quando procurou o Sebrae para saber o que deveria fazer, conheceu o programa Bônus Propriedade Intelectual (Bônus PI), que subsidia serviços de proteção à propriedade intelectual. A iniciativa é viabilizada por uma parceria com a Rede de Tecnologia.
Sebraetec
“Voltei a procurar o Sebrae para percorrer o mesmo caminho e viabilizar a minha nova ideia por meio do Sebraetec, que auxilia empresários a implantarem iniciativas inovadoras em seus negócios. Com a ajuda da instituição, descobri que meu maior negócio é inventar ferramentas para facilitar o trabalho do artesão. Com a entrada do meu sócio, esperamos lançar as duas ferramentas no começo de 2013. Já estamos em fase de teste. O retorno tem sido ótimo, todos dizem que as dobras lembram a delicadeza do origami”, ressalta, orgulhoso.
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