Brasília – A recuperação de unidades tradicionais de produção de farinha de mandioca em Brejinho (RN) garante renda para os produtores e, ao mesmo tempo, mantém viva a memória local. O projeto de recuperação das casas de farinha é promovido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte e já transformou 15 unidades familiares do estado.
O trabalho desenvolvido pela instituição de apoio à micro e pequena empresa (MPE) adapta as casas de farinha ao regulamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 1997, que estabelece os requisitos essenciais de higiene e boas práticas na fabricação de alimentos para o consumo humano. Os cuidados incluem armazenamento, desinfecção, manipulação, prevenção de acidentes, dentre outros.
A grade maioria das unidades familiares da região ainda trabalha na informalidade e em desconformidade com a legislação, o que atrapalha o desenvolvimento da atividade tradicional. “O problema é que a adaptação exige investimentos. Mas, em contrapartida, as empresas que mudam também ganham porque abrem mercado, o que significa renda e emprego na localidade”, diz Fernando Medeiros, gestor do projeto Mandiocultura do Sebrae no estado.
O processo de recuperação é realizado em três fases. Na primeira, a estrutura das unidades é adaptada, o que inclui reforma ou até mesmo a construção de prédios. A segunda fase é de capacitação dos manipuladores, isto é, de quem vai mexer com o alimento em toda a cadeia produtiva – é voltado à higiene. A terceira e última fase, é focada no mercado, com criação e fixação da marca e produção de embalagens, que devem trazer informações nutricionais.
Fernando Medeiros aponta, entre as vantagens de quem se adaptou às normas, o maior poder de negociação na hora de vender o produto. “O comprador sabe que o produto segue os padrões de higiene exigidos”, conta ele. “Até mesmo as grandes compradoras de farinha, que costumam achatar o preço, acabam remunerando melhor o produto da casa de farinha que segue as regras da Anvisa”, aponta o colaborador do Sebrae.
Pedro Gonçalves do Nascimento, de 70 anos, é morador antigo de Brejinho e aprendeu com o pai a técnica da transformação da raiz da mandioca, planta nativa da América do Sul, numa das farinhas mais tradicionais da culinária brasileira. Quase que a vida toda ele trabalhou na informalidade e produziu de acordo com a tradição. Quando começou a ter dificuldades para vender seu produto, foi convencido pelos técnicos do Sebrae de que era vantajoso investir na adaptação da unidade.
Preço justo
“Vendi uns bois e juntei umas economias. Investi mais de R$ 100 mil na casa de farinha”, conta com forte sotaque regional. Apesar do alto investimento, o produtor de farinha só vê vantagens. “O prédio ficou muito bonito, novinho, dá gosto. Trabalhamos tranquilos, sem medo da fiscalização, além de conseguir um preço mais justo. Meu produto é muito bem aceito na região”, conta ele.
Os bons resultados alcançados pela casa de farinha de seu Pedro, que tem 20 empregados, chamou atenção da concorrência e muitos produtores já começaram a adaptar suas unidades. “Ninguém quer ficar para trás”, avalia. Ele não teme a concorrência, pelo contrário. “Se todo o mundo fizer certinho, nosso produto ganha nome e podemos ganhar com isso” avalia o homem que a vida toda teve na lida da farinha de mandioca o meio de vida.
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