Sábado pela manhã e penso sobre a minha semana nervosa. Quem não está exausto de tanto trabalhar? Como encontrar balanço na vida? Quanto mais a gente vai ter que se sacrificar e por que tudo parece tão pesado às vezes?
Eu tenho essa mania de querer desenhar gráficos sobre processos desde minhas aulas de macroeconomia quando me apaixonei por eles. O momento atual nunca é um ponto fora de uma curva, ele é sempre função do passado e uma previsão do futuro. Aí podemos visualizar onde estamos e podemos tomar uma boa decisão. Não vejo como não usar um gráfico na solução de um problema sofisticado, complexo como a vida de hoje.
O esquema que eu desenhei acima é uma visualização do processo que me envolvi com meus clientes, família, amigos e tudo mais. Pode ser usado pra tudo.
Longe de ser um tratado definitivo e acadêmico, ele é apenas uma maneira de entender o que se passa agora. Duas curvas, uma do meu tempo e disponibilidade e outra com trabalhos e problemas.
Green Zone
Saímos sempre de uma situação com pouco trabalho e muita vontade, muita energia estocada. Uma green zone, segura e confortável porém ansiosa por conquistas e trocas.
À medida que vamos conseguindo trabalho nossa energia e tempo vai ficando tomada e prossegue. E nosso comportamento vai mudando, bem como a nossa atitude e pensamentos com relação aos clientes e quem demanda nosso tempo.
Neste início, todo o trabalho é bem vindo, somos gratos aos clientes e sentimos que eles são uma solução para os problemas de falta do que fazer, começamos a achar um propósito no trabalho e tendemos a inconscientemente tomar mais trabalho. Um trabalho a mais não é problema. Estamos aqui pra isso.
E vamos tomando trabalho, vamos nos comprometendo e saindo da Green Zone, seguindo pra Red Zone.
Red Zone
Já estamos começando a cavar um pequeno buraco para nós mesmos. Paramos de fazer algumas coisas importantes para o equilíbrio, deixamos os esportes e alguns amigos. Deixamos a família pra depois. Os livros, os momentos sem nenhum objetivo. Bobagens importantes também acabam por ser tolhidas do seu dia a dia.
E os clientes…já começam a ser um estorvo e começamos a achá-los caprichosos, difíceis de satisfazer, ingratos e insatisfeitos por natureza.
Gradativamente, os anjos pagadores de contas se tornam os predadores da sua vida que era tão “boa” e queremos que eles desapareçam e surjam apenas para pagar as contas que também acabam se empilhando.
Os clientes não tem culpa disso, eles se comportam exatamente como antes mas a sua percepção deles mudou por estar caminhando pra um esgotamento.
Dead Zone
Você virou um guerreiro. O mundo é cruel e você pode querer explodir clientes. Sumam, vão pro inferno.
Bom aí, você é um dead man walking. Você já está morto e só falta enterrar. Os clientes ficam insatisfeitos e a culpa é toda sua.
Mas quem precisa de cliente??? Eles só querem o meu sangue.
Conclusão desta semana
Não seja guloso, não coma mais do que cabe na sua barriga. Melhore sua performance, contrate mais gente, use melhor seu tempo e vá mais devagar. Uma hora ou outra deixamos de ser ambiciosos apenas e viramos gananciosos e ai…é o começo de uma fase boa. E por isso quando achamos que as coisas vão melhorar muito, elas acabam piorando, porque ainda não se inventou clonagem humana imediata e o sucesso vai te custar caro a não ser que você consiga reproduzir seu trabalho, ou ter um serviço escalonável. Um serviço escalonável é um objetivo importante e deve ser levado em consideração no seu plano de negócios.
Os clientes não são os culpados, os clientes continuam sendo sua razão de existir profissionalmente. E agora você precisa dar cabo de tudo que se comprometeu, custe o que custar.
O risco de se torrar (Burn-out) é real e testar os limites faz mal pra saúde. Faça de tudo para se manter na Green Zone, ou voltar pra ela o mais rápido possível.