A história da internet não tem sido muito civilizada, você concorda?
É verdade que a internet foi utilizada de maneiras grandiosas. Mas, por outro lado, precisamos dizer também que ela é utilizada de muitas maneiras repulsivas.
A natureza humana, como você já deve saber, muda completamente quando estamos online e, muitas vezes criamos um papel que não condiz com a realidade.
Os criadores de conteúdo são, na internet as pessoas que fazem a diferença: são as pessoas que constroem os memes, que escrevem artigos e mensagens de leitura obrigatória e os roteiros dos virais que todos assistimos.
E, eu acredito que é justamente esse comportamento que consegue fazer a diferença nos dias de hoje. Qualquer pessoa que escreve e publica na internet é – ou pode vir a ser – um influenciador. Isso, independente se você tem 10 ou 10 milhões de leitores diariamente.
É possível – e é nisso que eu acredito – que todos os influenciadores podem trabalhar juntos para devolver a civilidade para a internet.
Sem a civilidade, o fenômeno da cibercultura não poderá ser alcançado. Sem a civilidade, a promessa de evolução cultuural – a comunidade online – nunca acontecerá. Sem algumas regras básicas de tratamento online, infelizmente, somos todos valentões e prepotentes na web.
Baseado nisso, aqui está o primeiro esboço daquilo que podemos chamar de Manifesto da Civilidade, feito pela Sonia Simone do Copyblogger e que eu acredito ser um manual de boa conduta e relacionamento na internet.
#1. Reconheça a diversidade como força.
Como cidadãos da rede mundial de computadores, somos a sociedade mais pluralista que já se viu no planeta. Isso porque nós viemos de todos os lugares – e estamos por toda a parte.
Falamos todas as línguas, representamos todos os povos, todas as cores, toda religião – e até mesmo a falta dela –, e por que não, toda a crença política.
Com isso, temos diferentes conhecimentos, cultura, habilidades, pontos fortes e muitos, mas muitos mesmo, pontos de vista diferentes.
Nossa cidadania ultrapassa todas as barreiras e todas as fronteiras. E, por esse motivo, nós, cidadãos da web, precisamos utilizar nossas diferenças como a maior força que temos.
#2. Rótulos degradantes não fazem parte da nossa comunidade.
Discurso de ódio e insultos humilhantes estão por toda a parte na internet. Na música, na política, nos negócios. Calúnias raciais, contra esolhas sexuais, convicções políticas, regiões (quem se lembra da célebre frase de uma brasileira no Twitter pedindo para afogar um cearense?) dentre outros.
Existe até um site, o NoHomophobes.com, que conta o número de ofensas contra os homossexuais publicados diariamente no Twitter.
Nós não podemos impedir que terceiros façam esse tipo de ofensa, mas podemos rever o nosso conteúdo para garantir que não estamos gerando insultos a ninguém.
Além disso: pare de usar a linguagem dos trolls.
Todos podemos evitar e combater os insultos na web, sem nenhuma dificuldade.
Mas, nós podemos ir adiante. Poderíamos não utilizar a linguagem abusiva e ofensiva que acontece diariamente na web quando, por exemplo, alguém posta uma foto no Facebook e as pessoas contrariadas com a foto comentam com diversas ofensa e palavrões – o que acontece com muita frequência na web.
Qualquer linguagem informal de violência pode parecer engraçado e provocativa. Mas, ainda é abusiva mesmo em uma brincadeira.
#3. Pare de dar atenção aos trolls.
Por que bullying e trolls estão na moda?
A ascenção de trolls e bullying é assustador. Não apenas pelo dano que isso causa às pessoas que sofrem com essa prática, mas pelas consequências que essas ações trazem para quem pratica.
O pior disso tudo é que os trolls muitas vezes já foram vítimas de bullying e se alimentaram de um ódio tão grande que envenenou suas mentes e ações. E o pior é que o troll é contagioso.
Um troll aqui encontra um seguidor acolá e, rapidamente essas pessoas se transformam em uma comunidade de trolls. Portanto, não alimente os trolls. Para isso, a melhor atitude a tomar, quando avistar esse tipo de personagem é ignorá-lo, bloqueá-lo e dizer que eles não terão espaço dentro do seu espaço.
Não tente ser mais forte que o troll. Apenas ignore-o. Tentar ser mais forte, ou melhor do que os trolls só vai alimentá-los e dará mais energia ainda para que eles continuem com o seu joguinho.
#4. Preze a conexão com as pessoas.
Você já parou para pensar que pode ter muito em comum com aquele que aparenta ser o seu “inimigo online”. Muitas vezes amigos, hobbies e gostos parecidos.
As pessoas têm objetivos em comum. As pessoas estão lutando, muitas vezes pela mesma coisa que você.
Se alguém discorda ou não apoia o que você prega, não significa que eles te odeiam. Muitas vezes eles estão apenas em outra frequência. E, portanto, precisamos respeitar as nossas conexões. Lembre-se que, em algum momento vocês estão do mesmo lado e, que é muito mais importante dar valor à pessoa e a sua conexão com você, do que com as críticas ou às divergências.
#5. Seja real.
Não entre em um personagem. Conte a sua história como ela é.
Não precisamos ser educado, de fala mansa ou inofensivos. Suas palavras não precisam ser bonitas, ou agradar a todos. Você tem a sua cultura, a sua personalidade e não precisa ser legal ou sociável com todo mundo. A única coisa que precisamos ser é honestos e coerentes.
Quando contamos a nossa história precisamos ser honestos conosco. É só quando estamos sendo honestos com aquilo que nós somos é que conseguimos ser digno de nós mesmos e do respeito de quem está ao nosso redor.
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Esse texto foi inspirado pelo The Civility Manifesto: A Call to Action (Your Input Needed), do Copyblogger.