O empreendedorismo não é valorizado por uma série de razões. Uma delas, talvez a principal, diz respeito à completa inexistência no poder executivo de indivíduos com mentalidade empreendedora. Em virtude do panorama político nacional estar completamente saturado de burocratas que têm mais conhecimento teórico de mercado do que conhecimento prático, presenciamos como resultado a total inviabilização de um cenário empreendedor vívido, lúcido, flexível e dinâmico, que traria consigo o resgate de um desenvolvimento econômico factual, rentável e produtivo. Recentemente, o famoso empresário Roberto Justus pronunciou uma frase verdadeira e magistral. Ele disse: precisamos de gestores no executivo, e não de políticos. Inflamado e entusiasmado pela eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos – um homem que, como ele, têm perfil de gestor, e não de político – Roberto Justus declarou sua vontade de disputar as eleições presidenciais de 2018. Infelizmente, em janeiro deste ano, em função de outros planos, o empresário afirmou ter desistido da ideia.
Mas ter gestores no executivo nos ajudaria mais do que políticos? Com toda a certeza. Gestores costumam ser pragmáticos e eficientes, não desperdiçam tempo, são ostensivamente dinâmicos e a todo o momento articulam soluções e resoluções. Sabem a importância de administrar bem o tempo, e buscam eficiência e resultados práticos em tudo aquilo que fazem. Ninguém precisa empurrá-los ou motivá-los. São eficientes porque são naturalmente produtivos. Eles possuem uma mentalidade inerentemente enérgica, ativa e funcional, com valores de progresso e desenvolvimento profundamente arraigados. Têm ojeriza à inércia, à burocracia e a reuniões longas. Têm uma agenda cheia, e gostam de cumpri-la de maneira vigorosa e responsável. Um gestor também sabe que vale exatamente aquilo que produz. O político brasileiro, por outro lado, ficaria nos devendo, como sempre ficou, em toda a história deste país. O político carreirista vem a ser exatamente o contrário de um gestor: muitos discursos, muitos comícios, muita oratória, muitas promessas, muitas reuniões, pouca ação. É um burocrata inválido por excelência, que consome todos os nossos recursos financeiros, enquanto faz aquilo que sabe fazer melhor: absolutamente nada, embora pareça estar fazendo alguma coisa. Mas especificamente, ninguém nunca sabe o quê. A única coisa que o político brasileiro faz com eficiência e rapidez extrema é aumentar o próprio salário. Isso normalmente é realizado com uma rapidez alucinante e extraordinária. E pela própria natureza oportunista do carreirismo em cargos públicos, o político, esperando sempre reeleger-se, nunca se sentirá motivado a cumprir as promessas que fez durante sua campanha. Se ele fizer tudo o que prometeu, não terá uma prerrogativa válida para tentar reeleger-se. Quando o seu mandato termina, ele pode simplesmente argumentar com o seu eleitorado que não teve tempo suficiente para realizar tudo o que pretendia fazer. Como Luís Inácio Lula da Silva, nosso notório ex-presidente, que antes de reeleger-se na presidência da república, afirmou: “Quatro anos de governo é muito pouco”. Esta é a clássica e conhecida verborragia governamental. A prerrogativa política é sempre procrastinar. A do gestor, pelo contrário, é fazer e mostrar resultados. Com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, e João Dória na prefeitura de São Paulo – dois gestores por excelência – comprovamos, pelos resultados demonstrados em questão de pouquíssimo tempo, que política não deveria, de maneira alguma, ser profissão.
Gestores são dinâmicos por excelência e necessidade, e muito preocupados com a eficiência. Se a eficiência não alcançar o nível desejado, eles procuram melhorar, melhorar e melhorar. Nunca se contentam com o medíocre, o regular, o bom ou mesmo com o ótimo. Para um bom gestor, se não for excelente, extraordinário ou magnífico, então é necessário fazer de novo. Sim, gestores são muito superiores a políticos. E a ausência de gestores no executivo causa um impacto muito negativo no desenvolvimento do país. Acabamos sobrecarregados com legiões de homens ineficientes, que se reúnem muito, produzem inúmeros relatórios, e lidam com muitos papéis, mas são completamente incapazes de gerar resultados práticos. Em função disso, não é à toa que tornam-se profundamente ensimesmados, e acabam pensando mais em si próprios, e nos seus próprios interesses, do que na iniciativa privada, e no progresso da nação.
Em nosso país, as articulações políticas fazem um movimento descendente. Elas começam nas mais elevadas esferas governamentais, e vão descendo. Na base da pirâmide, estamos nós, os serviçais, e no topo, está a ultrarica e poderosa elite governamental. O que acontece, portanto, é exatamente o oposto do que deveria acontecer em uma verdadeira democracia. O setor privado, o trabalhador e o brasileiro comum existem para servir e sustentar o estado, quando deveria ser exatamente o contrário. O estado deveria existir com o objetivo de nos resguardar, nos auxiliar e proteger os nossos interesses. Esse problema é uma consequência direta da total ausência de mentalidade empreendedora no poder público. Evidentemente, não vem a ser apenas isso. Ausência de moralidade, ética e honestidade, são outros componentes que acabam invariavelmente comprometendo o desenvolvimento econômico do país, e prejudicando a relação do indivíduo com o estado, que não mais encara o governo como um agente benéfico de progresso e transformação social, mas como um corrosivo inimigo a ser suprimido.
Infelizmente, o empreendedorismo jamais vai ser valorizado enquanto formos governados por burocratas que não valorizam o nosso dinheiro, mas buscam apropriar-se de cada centavo que temos. E que para isso, criam novas taxas, tributos e contribuições, que visam espoliar ainda mais o tão dilacerado e corroído setor privado, que se esforça para sobreviver, sendo ostensivamente vitimado por um governo licencioso, espoliador, parasitário, maligno, visceral e destrutivo.
Gestores têm uma visão ampla com relação a tudo aquilo que converge para o desenvolvimento. Não analisam nada de forma isolada. Sabem como a economia depende de uma boa gestão pública, e que para esta funcionar, a iniciativa privada tem de ser inerentemente produtiva, e ter condições para manter-se assim. Percebem a conexão clara entre produtividade, setor privado, economia e desenvolvimento, e buscam suplantar todos os obstáculos que impeçam estas diferentes engrenagens da máquina chamada progresso de funcionar como deveria, de maneira metódica, sustentável e crescente.
A verdade, caro empreendedor, é que precisamos urgentemente de gestores na máquina pública. A esta altura, sofremos o suficiente para aprender que sermos administrados por políticos, infelizmente, não deu certo.