Goiânia – Tornar o Centro-Oeste brasileiro referência em destinos turísticos é um desafio enorme, mas não invencível, acredita o diretor do Barcelona Media, Pere Muñoz, que veio ao Brasil para coordenar o Projeto Turismo Brasil Central, desenvolvido pelas unidades do Sebrae em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Mas como atrair as atenções para a região que, de acordo com o Ministério do Turismo, tem a preferência de apenas 4% de quem decide viajar pelo Brasil? “Ouvindo o que essas pessoas desejam e, a partir daí, estruturando políticas que conciliem poder público e iniciativa privada”, explica.
A principal atividade do centro espanhol Barcelona Media é a promoção, o desenvolvimento e a execução de projetos de inovação com o setor público e privado. Segundo Muñoz, ao longo das últimas décadas, a região Centro-Oeste foi objeto de dezenas de estudos para viabilização de seu desenvolvimento turístico. Para ele, no entanto, boa parte dessas análises erra por apresentar relatórios prolixos e com foco apenas em políticas de investimento em infraestrutura. “É fato que o Brasil Central não precisa mais de diagnósticos, mas de priorizar ações de maneira estratégica, entendendo o que querem e o que buscam os turistas”, reforça.
“A ideia é analisar os elementos básicos que influenciam a satisfação do turista e reforçá-los”, afirma Muñoz, que coordena as equipes do Sebrae que trabalham no programa. Em Goiás, os municípios de Caldas Novas, Goiânia e Pirenópolis já receberam visitas técnicas. O próximo passo é uma missão rumo à cidade espanhola de Barcelona, considerada referência em trade turístico para conhecer experiências que podem contribuir com a iniciativa no Brasil. O objetivo é criar, ao final desse trabalho, previsto para setembro próximo, um pacto de cooperação entre governos e operadores de turismo, de forma a garantir ações que independam da orientação política dos gestores públicos.
De acordo com o especialista, é preciso abandonar a ideia de que os investimentos devam priorizar a atração de visitantes de outros países. “O público interno contabiliza 51 milhões de pessoas, contra cinco milhões de turistas estrangeiros. Isso demonstra que não precisamos ficar obcecados em atrair o olhar externo. Talvez nossa vocação seja atender bem às expectativas do consumidor nacional”, ressalta. O consultor propõe que as estratégias do Programa Turismo Brasil Central estimulem um fluxo cada vez mais regional.
Sobre as altas expectativas em relação ao desenvolvimento do turismo na região com a Copa do Mundo 2014, Muñoz recomenda cautela. “É um evento que dura apenas três semanas e só pode trazer benefícios a longo prazo se vinculado a uma forte concepção urbanística, social e econômica”, defende. Segundo Pere Muñoz, a adesão popular ao evento é um elemento fundamental e deve atrair pessoas que não estejam envolvidas diretamente com o turismo enquanto atividade econômica.
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