E se tudo que motivasse você a viver fosse a causa de sua morte? E se o progresso estivesse nos levando a extinção?
Precisamos repensar o conceito de PROGRESSO.
Você sabe que o PIB (Produto Interno Bruto) é a medida da transformação realizada por nós (seres humanos, primos do chimpanzé embora mais sofisticados e adestrados) de recursos naturais em bens manufaturados e serviços em dado ano. Esses recursos que eram abundantes há 50 anos atrás não são renováveis, são finitos, esgotáveis. Essa fartura (embora mal distribuida) que a espécie humana vive desde a grande revolução industrial, a qual também podemos chamar de uma inebriada festa/farra irrigada pela extinção em massa de outras espécies e destruição de todos os ecosistemas do Planeta Mãe-Natureza estivesse sendo subsidiada por um cartão de crédito que uma hora teremos que pagar.
A dívida que subsidia o PIB global se acumula no longo-prazo mas cobrança é feita aos poucos depois de uma bela carência de alguns 200 anos mas inevitalmente vem, sutilmente através de terremotos ali, alguns tsunamis acolá e outros tornados e cataclismas esporádicos que vão se avolumando e se tornando comuns. Alguns graus a mais, algumas geleiras a menos. As redes de pesca começam a ficar vazias, os ecosistemas vão perdendo o equilíbrio e o grande mamífero carnívoro vai ficando sem a estrutura e o apoio que suportava sua vida bastante extravagante. E a festa, boa festa cheia de iPhones e carros do ano, começa a acabar quando vemos que abusivamente passamos limites e nos comportamos como crianças mimadas e gulosas.
Talvez estejamos vivenciando o processo de conscientização de dois grandes pecados capitais: a ganância e gula juntos como norma aceita na sociedade moderna, os quais podem, se não remediados a tempo, nos trazer ao fim, a extinção. Um pagamento de dívida shakesperiano (ou Shylokiana) que cobra a sua dívida monetária por alguns pedaços de carne e conseguinte a vida de seu devedor.
Nós, empreendedores, vindos muitas vezes de uma tradição de empreendedores, trazemos o progresso, a prosperidade como lema e nos orgulhamos de levar a diante a espécie humana com melhores produtos, com inovação e melhorias extravagantes. Entretanto, essa visão tradicional de empreendedorismo hoje encontra um novo desafio que precisa de assimilação, ou melhor o paradoxo, de que ao trazer progresso do curto-prazo estamos trazendo também nosso extermínio de longo prazo ao destruir a única nave mãe que possuímos nesse universo vazio e frio. (Lembre-se que Stephen Hawkins diz que devemos procurar um novo planeta para vivermos contando com o apocalipse irremediável que está por vir).
Os empreendedores precisam AGORA assimilar isso: estamos indo em direção ao fim do mundo.
Porém, a parte boa é que também como empreendedores, somos uma força para a possibilidade de desviarmos deste curso que nos destina ao fim. Somos em parte, responsáveis pela mudança de curso de nossa sociedade e espécie e precisamos ser a mudança, liderar nosso grupo hoje, agora, nas decisões da segunda-feira.
Entendam que em face a morte do planeta, seu business model não interessa, suas análises financeiras não farão sentido, sua nova startup genial não terá consumidores se o colapso ambiental se avizinhar como aparentemente deve acontecer em acordo com as conhecidas curvas J de aceleração.
Nós, do Jornal do Empreendedor fazemos um pedido urgente a cada leitor: reflita no que pode fazer hoje para diminuir as perdas, o lixo, o consumo conspícuo de sua empresa. Pense em como mudar todo seu negócio para que ele seja amigável ao meio-ambiente, para que ele não seja responsável pelo corte de árvores, pelo envenenamento dos rios e mares e ar. Se possível, faça mais. Compartilhe a mensagem. Compartilhe a visão que embora deprimente é REAL.
Se usarmos menos energia, precisamos de menos hidrelétricas. Se consumirmos menos, precisaremos de menos extração. Se usarmos menos veículos, precisaremos de menos petróleo. Precise imediatamente de menos.
Os modelos de referência, A REFERÊNCIA tem que mudar drásticamente: ao invés de se imaginar o Gordon Gekko dirigindo sua limosine em Nova York, se imagine como um iluminado em meio a campos verdes, se imagine como um benfeitor ecológico e defensor das florestas e dos animais, se imagine o redentor dos erros do passado. Sim, dos produtos colaterais das decisões voltadas ao progresso de nossos avós e pais que almejavam uma vida próspera, confortável e longa.
Não podemos deixar que nossa mãe natureza (termo perfeito) seja morta por nossos inconseqüêntes pecados, que já não possuem mais redenção a partir do momento em que sabemos que existem, os sabemos pecados e nos conhecemos, pecadores.
Seja a diferença AGORA. Não resta mais tempo. Seja correto e ajuste sua vida e sua forma de sustento aos princípios que levem em consideração a preservação do planeta.
AGORA.
Não resta muito mais tempo.
Martin Scorcese produziu o documentário abaixo mas o tema é sabido de todos e provocou a nossa vontade de externalizar a nossa indignação perante a distância que vemos entre a consciência de destruição e a inércia dos que se dizem pioneiros, inovadores e construtores de um mundo melhor, você, empreendedor.
Não espere, aja.
Não estamos sozinhos nisso e esperamos que você se sensibilize. O documentário Surviving Progress (Sobrevivendo ao Progresso) levanta a questão mais atual e pertinente de nossa existência. Saiba mais do documentário no site oficial de Surviving Progress, sem data pra ser exibido por aqui.
E se você quiser ver e ouvir a explicação do autor do documentário Surviving Progress: