Artigo por Marcos Oliveira de Carvalho*
O Brasil forma por ano 12 mil doutores, mas apenas 8,4% dos grupos de pesquisa do CNPq têm algum tipo de relacionamento com o setor privado, segundo informações do próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ou seja, a grande maioria de doutores permanecem na academia, dando aulas ou desenvolvendo novos estudos.
Os projetos de pesquisa iniciados em universidades têm grande potencial para serem apresentados para o mercado brasileiro como forma de inovação. Para que isso aconteça, é necessário que os especialistas tenham a vontade e o conhecimento para empreender. Sim, estamos falando em abrir uma empresa, desenvolver soluções de interesse para o mercado e gerar empregos qualificados.
Independente da área, os doutores já formados possuem o bem mais importante para iniciar uma empresa: conhecimento. Com o desenvolvimento de serviços, produtos ou tecnologias inovadoras capazes de surpreender o mercado, o reconhecimento virá naturalmente. Mas para aqueles que ainda se sentem inseguros e, muitas vezes, não sabem por onde começar, sugerimos cinco dicas para empreender e sair da academia:
1 – Procure um ambiente propício à inovação para se estabelecer
O primeiro passo após tomar a decisão de sair da academia para empreender é procurar um local para se estabelecer. Pesquise locais onde há mão de obra qualificada para sua empresa, estados com políticas que proporcionem acesso a fundos de financiamento e analise ainda as regiões onde acontecem os eventos mais relevantes do segmento. Verificar as cidades que possuem infraestrutura de instalação também é outra prática importante nesse momento. Para quem vem de uma formação puramente científica também é importante procurar incubadoras e aceleradoras que poderão prover o empreendedor com informações e conexões que geralmente não são facilmente adquiridas na vida acadêmica.
2 – Conheça sua concorrência – e seus possíveis parceiros
Ao iniciar os trabalhos em um determinado segmento, naturalmente sua empresa irá descobrir os concorrentes e se posicionar no mercado. Conheça as outras empresas do ramo pode gerar novas ideias e contribuir para o planejamento de estratégias. Mas nem toda concorrência deve ser vista de forma ruim: empresas que atuam no mesmo segmento e não oferecem exatamente o mesmo produto podem ser parceiras e trabalhar em conjunto, inclusive no desenvolvimento de novos serviços.
3 – Gere impacto para a sociedade
Mesmo que o seu segmento seja do tipo B2B – “Business to Business” ou “de Empresa para Empresa” – é importante que o seu produto final tenha um impacto para a sociedade. Isto é um fator preponderante para atrair a atenção de investidores. Se você, por exemplo, for desenvolver alguma tecnologia de gestão para a saúde, não pense somente nos lucros das clínicas e hospitais ou no trabalho dos médicos. É fundamental considerar também quais aspectos precisam ser melhorados na visão do paciente e procurar investir nesse segmento para oferecer uma solução completa ao mercado.
4 – Encontre um segmento e posicione-se como referência
Grande parte dos pesquisadores que decidem empreender irá colocar em prática o projeto que já desenvolvia dentro da academia. É importante que essa nova empresa tenha um foco específico e não tente atender todo o público de um segmento, é possível atender apenas uma parte do todo. O ideal nesse momento é posicionar como referência de um determinado assunto. Procure investir em ações de assessoria de imprensa e inbound marketing, que podem contribuir para o reconhecimento da empresa também por outros setores da indústria.
5 – Continue estudando
Quando o mercado recebe profissionais com currículo acadêmico altamente especializado, espera-se o desenvolvimento de produtos de alta qualidade. Mas é importante se preocupar em estar constantemente atualizado sobre as inovações e, para isso, continuar estudando é a melhor opção. Incentivar e oferecer apoio para que sua equipe também continue estudando, seja com mestrado, doutorado ou especializações, são valores fundamentais para as startups que desejam crescer, criar um bom ambiente de trabalho e reter talentos cada vez mais qualificados.
*Artigo por Marcos Oliveira de Carvalho, diretor-presidente da Neoprospecta
Imagem: Graduation Caps Thrown in the Air via Shutterstock
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