Protegidos pela frieza das telas e redes sociais, temos descarregado nossas frustrações pessoais ao fazer críticas, partindo para a agressão pessoal nas argumentações e comprometendo a motivação de bons profissionais.
Don Nguyen, criador do hit Flappy Bird, anunciou em seu Twitter que iria tirar o jogo do ar e não iria desenvolver novas versões, alegando inicialmente que o fez por não aguentar a pressão que a fama trouxe. Phil Fish, criador do megahit Fez, é, aparentemente, temperamental e sem a devida preparação psicológica, se irritou com a constante cobrança em fóruns e redes sociais e cancelou a produção de Fez 2, abrindo mão de milhões de dólares em faturamento que o jogo geraria.
Em uma sociedade essencialmente violenta, um meio de comunicação como a Internet, que suprime o contato pessoal físico, gera o que vou chamar de “valentões digitais”. Gente que, protegida pela distância física de seu “alvo”, dispara toda sua frustração e agressividade de uma maneira que não aconteceria em interações físicas.
Chegam a ponto de ameaçar, de maneira criminosa, as pessoas, vejam:
Vejam bem, o usuário que se identifica como Fernando Luís, na imagem acima, não está falando de um criminoso ou corrupto (mesmo assim seria violento, errado e criminoso), está descarregando sua frustração ao criticar um profissional.
Este tipo de ataque pessoal, desnecessário e desequilibrado, gera frustração e angústia na vítima da agressão. Algumas pessoas reagem com “f*ck this shit” (f*da-se essa merda) e jogam tudo para o alto, como fizeram Don Nguyen e Phil Fish. Eles consideram que simplesmente não vale a pena aguentar toda essa pressão, agressões pessoais e demonstrações de ódio por um negócio, por mais que gere muito dinheiro. Outros profissionais tomam estas agressões como desafios pessoais e se motivam mais, transformando o que seria frustração em trabalhos surpreendentes, ganhando mais prêmios e fazendo mais sucesso, um caso muito interessante é o do desenvolvedor de games que escreveu o artigo “I Help Make Video Games, And I’m Sick Of The Hatred From Gamers” no Kotaku.
É importante dizer que eu não estou sugerindo cessar as críticas ao resultado de trabalho alheio, pelo contrário, as críticas são importantes e nos ajudam a crescer. Estou sugerindo o controle do cyberbullying, comportamento que cada um de nós está tentado a cometer ao criticar algo enquanto estamos protegidos pela impessoalidade dos meios digitais.
Independente de como usamos os serviços, se temos ou não uma boa experiência, o meu ponto aqui é que não deveríamos atacar pessoalmente as pessoas por conta de seu trabalho, e muito menos partir para ameaças de agressões físicas inclusive a seus amigos e familiares.
Vamos controlar o “valentão digital” que existe em cada um de nós?
Inspirado por:
- I Help Make Video Games, And I’m Sick Of The Hatred From Gamers
- “Curtindo” um castigo – Revista de História
- “Você está pronto para o sucesso repentino? ” ou “Qual a moral de Flappy Bird?”
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