Esse comercial da Airtel precisou de apenas 1:30 minuto para causar furor na rede. No filme promocional da operadora de telefonia móvel indiana, uma mulher discute com bastante calma sobre uma tarefa a ser executada pelo seu funcionário, que mesmo irritado, cumpre a ordem.
Para isso, contudo, ele precisa se esforçar além do horário habitual de trabalho – a chefe passa pela sua mesa, procura saber se está tudo seguindo como deveria, deixa a empresa e volta para a sua casa, enquanto o funcionário se detém com a atividade em questão no escritório.
Se você começou a ler o texto e não viu o vídeo, sugiro que dê um pulinho ali em cima e aperte o play antes de prosseguir a leitura.
A história segue com a chefe voltando para casa e preparando o seu jantar, enquanto o funcionário se esmera em executar a tarefa noite adentro. Só que as coisas não eram assim tão simples – ao receber uma ligação da mulher chamando-o para vir para casa jantar, percebemos que além de chefe, a protagonista do comercial é também esposa do funcionário.
As interpretações nas redes variaram bastante: feministas ficaram ultrajadas com a moral da história, que dá a entender que mesmo sendo chefe, é preciso voltar para casa, cozinhar e receber o marido linda e sorridente no fim do expediente dele. Outras feministas, no entanto, alegam que o vídeo retrata uma série de escolhas da mulher, que vão desde ordenar que o marido cumpra uma tarefa na empresa até o cozinhar por gosto, e não por uma obrigação social.
Não acho que o feminismo é feito de preto-no-branco, e as questões são bem mais complexas do que pode parecer. A moça do vídeo parece suficientemente consciente e empoderada para realmente ter escolhido cozinhar para receber o marido; no entanto, mesmo sem entender completamente os diálogos, a impressão que tive foi que o preparo do jantar seria uma forma de ‘consolá-lo’ pelo esforço extra no trabalho, que teria sido ordenado por ela. E aí ficou confuso.
Debates à parte, o que me surpreendeu mesmo é que a empresa retratada seja tão evoluída que permita que marido e mulher estejam em posições subordinadas um ao outro (independentemente de quem seja o chefe), já que existe um claro conflito de interesses.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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