Antes de me aprofundar no assunto, gostaria de fazer 2 afirmações categóricas sobre oratória e comunicação em geral:
- Se você quer ir mais longe, saber se comunicar é essencial
- Comunicação não é um dom restrito a poucos, é algo que pode ser aprendido
Sobre a 1a frase, cito o querido mestre Chacrinha “Quem não se comunica, se trumbica”. Além disso, considerando que você está lendo esse artigo, não preciso te convencer sobre a importância de uma boa comunicação.
Do 2o ponto, cito meu próprio exemplo. Tanto na escrita, que precisei fazer aulas particulares e quase bombei o vestibular por causa da redação; quanto na fala, em que eu tremia e gaguejava na hora de falar qualquer coisa na frente da sala de aula, tive que ativamente fazer um esforço para melhorar minhas habilidades.
Apesar de não me considerar um grande comunicador, hoje ganho a vida escrevendo em um dos maiores blogs de empreendedorismo do Brasil e vez ou outra sou convidado para dar palestras pelo país. Acredite, se eu consegui desenvolver essas habilidades, você também consegue.
Como aqui no Saia do Lugar sempre gostamos de matar a cobra e mostrar o pau, confira as principais coisas que fiz para evoluir de “Coitado, lá vai ele gaguejar de novo lá na frente” para “Ele vai dar palestra no evento, tenho que ir!”.
O microfone, um temido inimigo ou um poderoso aliado?
1.Um objetivo claro
Em Salvador usamos um termo chamado “na tora” para descrever algo que é feito por impulso, sem muita preparação.
Na prática, a principal coisa que mudou na minha oratória foi deixar de falar “na tora” e planejar direitinho qual era o objetivo da apresentação.
Uma apresentação deve ter um objetivo como: convencer alguém sobre algo, passar informações, ensinar um tópico ou, simplesmente, emocionar as pessoas. Ao definir exatamente qual será o objetivo, você cria todo o seu planejamento em torno disso, o que facilita muito as coisas e te dá segurança na hora de apresentar.
A pior coisa para um comunicador é sair falando o que dá na telha, sem saber exatamente para onde ir. A não ser que você seja um ótimo enrolador (espero que não seja o caso), tentar falar “na tora” é uma fórmula certeira para ficar todo perdido e fazer uma apresentação cheia de “Hum… ahhh… ééééé…” e pouca atenção do público.
2. Conhecimento sobre o seu conteúdo
Uma das coisas mais irritantes em um orador amador é quando ele escreve um texto gigantesco no slide e passa a apresentação inteira lendo o que está escrito.
Como a plateia consegue ler mais rápido do que ele fala, ou ele está atrapalhando a leitura da plateia ou então as pessoas não prestam atenção nos slides. Normalmente o 1o caso é mais comum, gerando na cabeça das pessoas uma reação do tipo “Ahhhh!!! Que cara chato!!! Me deixa ler o slide em paz!!!”.
Por isso, slides devem servir de suporte, normalmente reforçando o argumento de forma visual, mas nunca podem ser a fonte de todo o conteúdo da apresentação.
Na hora de criar sua apresentação, use o mínimo de textos e o máximo de imagens. Isso te força a dominar o conteúdo, o que torna a apresentação muito mais natural.
Exemplo de slide que uso para passar 5 minutos falando sobre a importância de um planejamento ágil
3. Prática, prática e mais prática
Para matar de vez o mito de que comunicação é um dom mágico que cai do céu para poucos felizardos, sempre gosto de citar o caso de Steve Jobs, considerado um dos melhores comunicadores do século 20.
Quando lançou o Macintosh em 1984, ele estava claramente nervoso e lendo seu discurso. Ou seja, foi uma apresentação bacana, mas sua oratória não era nada demais.
(Link para o vídeo no Youtube)
Em compensação, quando lançou o iPhone em 2007, seu nível de comunicação é simplesmente sensacional. Sua naturalidade e sincronia perfeita entre discurso e apresentação são fruto de MUITAS horas de ensaio e prática. Dizem que ele passava dias inteiros treinando para suas apresentações mais importantes.
(Link para o vídeo no Youtube)
Fala aí, 23 anos de prática fizeram ou não a diferença?
Pois é, não precisa esperar tanto tempo, mas saiba que quanto mais você pratica, mais profissional você será.
Conclusão: Ser um comunicador não é um acontecimento, é um processo
Da mesma forma que um bebê aprendendo a andar não tem um momento pontual em que falamos “Na tentativa anterior ele era amador, nessa ele se tornou fluente e dominou a técnica”, a comunicação é algo que vai se desenvolvendo como um processo.
Se você praticar constantemente essas dicas, em algum momento simplesmente perceberá que está dominando as técnicas com naturalidade.
Para te ajudar nesse processo, recomendo bastante um aplicativo chamado Quietto. A ideia básica é te ajudar a controlar o tempo da fala através de vibrações no seu bolso, sem fazer escândalo, como é o caso de um alarme.
Além de poder te avisar quando faltar certo tempo para o fim da apresentação, é possível configurar alertas recorrentes para dar uma noção de velocidade. Por exemplo, se no seu planejamento você estimar que aos 5 minutos estará no décimo slide e aos 10 no vigésimo terceiro, o aplicativo te dá essa noção exata. Tanto na hora da apresentação quanto nos ensaios, esse domínio do tempo faz MUITA diferença na fluidez da sua fala.
Se você é uma pessoa modernosa e gosta de usar a tecnologia a seu favor na hora de melhorar suas habilidades, vale muito a pena conferir o Quietto:
- App Store (iPhone, iPad e iPod)
- Google Play (celulares com Android)
Abraços,
Millor Machado (fazendo o máximo para não me trumbicar)
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