Internet, relacionamentos, escolher parceiras e parceiros, sexo, celular, GPS, Michel Teló e Facebook. Estou falando das gerações e o quanto isso pode afetar no comportamento das pessoas, mais especificamente o dos jovens. E como isso pode ser um movimento cíclico onde jovens de hoje perceberão no futuro que podem ser tão caretas/desatualizados quanto seus próprios pais. E, acredite, não julgue os seus pais pela dancinha sem graça na sua formatura pois a mesma dancinha sem graça você fará quando a sua filha se formar em medicina.
Toda essa onda de novos modos e credos do nosso cotidiano afeta, inclusive, o modo de nos comunicarmos e até consumirmos algo. Além das novas formas de aquirir e exibir bens físicos reais, a exibição dos traços humanos está sendo revolucionada por três novas formas de comunicação eletrônica: celulares, mídias sociais e jogos online. No Brasil, o número de contas ativas de celulares já ultrapassa os 200 milhões de linhas. O Facebook abriu capital na bolsa há pouco tempo e já se encaminha para o seu usuário de número 1 bilhão. E o World of Warcraft e seus fanáticos jogadores é um mundo a parte.
Essas são as novas formas de comunicação e entretenimento consideradas parte de um novo jeito de dizer que você existe ao mundo através da chamada “web 2.0″. Através desta comunicação dinâmica e de mão dupla é que estão sendo derrubadas barreiras geográficas e legais que, tradicionalmente, restringiam as capacidades das pessoas formarem comunidades baseadas em mentalidades parecidas. É nítido a participação dos usuários nas decisões de compras, no modo em como são divulgadas as notícias e como tudo isso é transmitido. É com essa forma que a nova geração permite viver num mundo de escolhas próprias, sem considerar o posicionamento físico das pessoas e tratar as regras como algo mais particular e não generalizado.
E os seus pais?
Os pais lamentam o tempo que os filhos adolescentes gastam com esse tipo de tecnologia. Ela parece ser uma distração insignificante e comodista que desvia os jovens do seu papel dentro do capitalismo de consumo: estudar para exibir inteligência e conscienciosidade; trabalhar em meio expediente ganhando salário mínimo para aprender a ser humilde e ainda mais consciencioso; participar de atividades extracurriculares que causam boa impressão em formulários de pedido de matrícula em universidades ou para requerer um trabalho; gastar dinheiro em bens, modismos e encontros que demonstram status.
Para os jovens, hoje, os celulares, as mídias sociais e os jogos online são formas maravilhosamente eficientes para minar as convenções consumistas de exibição de traços. Em vez de gastar anos estudando para obter uma educacional credencial, conseguir um emprego com alto salário, comprar produtos de grife, exibir a própria inteligência e traços de personalidade para potenciais amigos e parceiros sexuais, a garotada simplesmente exibe personalidade diretamente através das novas tecnologias de comunicação.
Por que exibir habilidades verbais com um diploma de uma grande instituição de ensino se você pode escrever o próprio blog? Por que exibir seu gosto estético ganhando dinheiro para comprar quadros impressionistas de categoria inferior se você pode projetar seu site no Pinterest ou MySpace, com gráficos, fotos, desenhos e músicas? Por que jurar para Deus o seu amor pelo casamento se você pode simplesmente manter o celular com o GPS constantemente ligado para que o seu cônjuge possa lhe telefonar sempre e checar onde você está? De qualquer maneira, as novas tecnologias de comunicação tornam a maior parte das aspirações, valores, habilidades critério de status – isto é, a maioria dos modos tradicionais de exibição de status – obsoleta.
Isso confunde a geração mais velha, que nunca consegue conceber exatamente como as novas táticas de exibição de características podem resultar em amigos, parceiros sexuais e bebês. É como se os jovens fossem espertos a ponto de criar novos dialetos e mecanismos para interação com amigos e novas ligações sexuais secretas. Outro motivo é o fato de cada geração de pais subestimar a capacidade dos filhos de encontrar parceiros sexuais e um nicho economicamente estável ao entrarem nos seus vinte ou trinta e poucos anos.
Os pais sempre temem que os novos modos de namoro, tecnicamente mediados pelas novas tecnologias, levem os filhos a esquecer como discriminar os bons dos maus parceiros sexuais, e que os novos modos tecnicamente mediados de fazer amizade e buscar status levem os filhos a esquecer como encontrar um nicho econômico viável para sustentar seus próprias proles.
Contudo, a história mostra que cada nova geração sucedeu em fazer ambas as coisas, a despeito das infindáveis revoluções na tecnologia e nos papéis econômicos: caçar, coletar, criar gado, lavrar a terra, trabalhar em fábrica, seguir carreiras corporativas, profissões credenciadas e assim vai. Essa capacidade de adaptabilidade farão nossas futuras gerações se saírem muito bem, independentemente de como serão seus modos de exibição de novas condutas.
Uma perspectiva evolucionista nos faz confiar que cada nova geração encontrará a própria maneira de transformar as novas tecnologias em novos modos de exibição de características e oportunidades econômicas. Faz com que tomemos consciência de que outra coisa logo substituirá o sistema atual de capitalismo de consumo e suas características-chave: credencialismo, obsessão pelo trabalho, casas unifamiliares, rede de relacionamentos sociais e familiares fragmentadas, democracia indireta distorcida pelos interesses corporativos e os conglomerados de mídia, entre outras tantas.
Essas características aparentemente naturais da sociedade atual parecerão tão estranhas aos nossos bisnetos quanto caçar mamutes, lavrar a terra com charruas e datilografar em máquinas de escrever parecem-nos estranhas atualmente.