Atualmente, Ernesto mantém “5 ou 6″ negócios com seu amigo Laercio Cosentino (com quem constituiu a Microsiga em 1983), já foi investidor anjo de seis startups, é embaixador de uma entidade educacional que ele mesmo fundou (Instituto da Oportunidade Social, IOS), tem uma fazenda onde promove treinamentos diferenciados (“spaventuras”) para profissionais (Circuito Netas) e ainda programa a nova versão de um ERP pela empresa TI Educacional (que era um projeto educacional na Tovs) .
Conversei com Ernesto para traçar um perfil baseado nas próprias declarações dele sobre sua trajetória profissional. Segue abaixo vários trechos importantes da conversa, separados por assuntos. Mais do que uma explicação ou um ponto de vista opinativo, são uma perspectiva consistente de um cara que é realizador por considerar que ser profissional é uma questão pessoal.
Sobre programar
“Há muitos anos eu tenho o hábito de acordar às 5h. Tenho uma escrivaninha com computador ao lado do quarto e é das 5h as 8h que eu mais programo. Quando fico enrolado, peço para um programador pegar uma rotina e transformar em uma função. Eu gosto muito de delegar. Se você me perguntar o que eu realmente gusto de fazer, é programar. Hoje em dia eu programo em php. Fiz o ERP Plex para pequenas empresas. Roda na web. Estou desenvolvendo toda parte de SPED, para escritura digital. Até agora, a coisa mais complicada que o ser humano tinha desenvolvido era um sistema operacional de um computador. Aí o governo brasileiro criou o SPED. Não dá pra imaginar como é complicado fazer com que apareça tudo certinho. Programação não é nada mais do que explicar para uma máquina como ela deve lidar com um assunto. Se já é difícil para uma pessoa, imagina uma máquina. Em cima de comandos básicos, temos de criar as notas fiscais eletrônicas, etc”.
Sobre momentos difíceis
“Passamos por dificuldades várias vezes. Até o médico já me perguntava ‘como está o sistema?’ porque eu ia nas consultas e comentava quando tinha algum problema. Teve um dia em 1990, quando o Collor congelou as contas, o que foi muito dramático. Outro momento foi em 1995, quando a SAP entrou no Brasil. Me falaram ‘não se preocupem, só queremos as 500 maiores’. Aí eu falei ‘ok, vamos ficar com as outras 500 mil pequenas e médias’”.
Sobre novos negócios
“Já investi como anjo em seis negócios, mas não deram certo, daí resolvi me focar apenas nos projetos em que eu tenho gerência. Negócios novos surgem a cada dia, recebo ao menos uma vez por semana uma pessoa com uma ideia brilhante pedindo capital. Acontece que este mercado é muito fácil de entrar, então dificilmente dá resultados. Quando a probabilidade de o negócio dar certo é muito pequena, não é o dinheiro que vai resolver. O proprio BNDES, a Fapesp e eu mesmo temos recursos sobrando. Então não é necessariamente falta de apoio. Às vezes é difícil ter certeza de por que uma coisa deu certo ou errado”.
Sobre qualidade de vida
Baseado em 10 princípios de qualidade de vida criados pelo próprio Ernesto, o treinamento do Circuito Netas acontece em uma fazenda auto-sustentável (movida a energia solar) em Ibiúna, no interior de São Paulo. “NETAS é uma sigla para Natureza, Esporte, Trabalho, Amor, Saúde. Entre 2007 e 2008 eu comecei a dar um formato mais profissional”, explica. Os 10 princípios de qualidade de vida promovidos por ele nos cursos (que contam ainda com vários outros instrutores e atividades que podem incluir esportes radicais) são:
- 1) Atividade física… Todos os dias.
- 2) Alimentação… Equilibrada e orgânica.
- 3) Dormir… O suficiente para sentir-se descansado.
- 4) Trabalho… Fazer dele um lazer, um prazer.
- 5) Ler, estudar… Estar sempre bem informado.
- 6) Espiritualidade… Viver a própria
- 7) Amar… A família, os amigos.
- 8) Inimigos… Jamais tê-los.
- 9) Agir… Com ousadia, calma e persistência.
- 10) Cumprir… As metas estabelecidas.
Sobre o sucesso
“Tenho uma frase: dividir para multiplicar. Eu dividi com Laercio, ele dividiu com as franquias comerciais, depois a gente dividiu com o private equity, dividimos no IPO. Sempre tem esse ganha-ganha. São 5 segredos: trabalho, trabalho, trabalho, trabalho e trabalho. Durante muitos anos, os dois primeiros carros na garagem da empresa eram o meu e o do Laércio, e os dois últimos também”.