Este artigo traz um depoimento anônimo colhido pela iniciativa da coluna experimental Cá entre nós (clique para entender o propósito e o formato).
O que te incomoda?
“Sou programador, abandonei a faculdade por achar que estava jogando dinheiro fora e tudo que era passado ali eu já sabia. Fui apresentar meu projeto para alguns investidores e aceleradoras. Marquei com algumas pessoas para apresentar o projeto junto com outro programador que é o meu sócio. Eu não gosto muito de roupas sociais, prefiro esportivas; enfim, fui de bermuda, camiseta e chinelo para a reunião (haha). Chegando lá, o cara me olhou esquisito e disse que iria desistir pois eu não sei bem me portar diante de devidas situações. Lembro que, assistindo ao filme do Facebook, o Mark Zuckerberg foi em algumas reuniões de bermuda e chinelo. Enfim, o cara ainda me queimou com alguns investidores e aceleradoras. Liguei para outro cara e ele me disse logo no início: se for vir de bermuda, nem precisa perder tempo”.
Como você se sente quanto a isso?
“Preconceito! Estão investindo na minha empresa ou na minha aparência? Sou modelo, por acaso?”
O que você acredita que seria melhor neste caso?
“Sinceramente? Nada. Eu tenho pena de pessoas que pensam assim”.
Comentário dos jornalistas do Startupi sobre o caso:
Em seu livro “Zero to one” (resenhado aqui), Peter Thiel escreveu: “We instituted a blanket rule: pass on any company whose founders dress up for pitch meetings. The team insight – never invest in a tech CEO that wears a suit – got us to the truth a lot faster. There’s nothing wrong with a CEO who can sell, but if he actually looks like a salesman, he’s probably bad at sales and worse at tech”. Ou seja, os caras mais realistas sobre negócios com verdadeiro impacto não investem em quem deliberadamente tenta parecer executivo.
Mesmo assim, a gente vive no Brasil, não no Vale do Silício, e aqui as pessoas têm muito mais preconceito e discriminação; muita gente entra no meio startup (inclusive no papel de investidor) para manter ou elevar status. Provavelmente, apenas investidores que foram nerds tecnologistas teriam uma certa tendência a tolerar chinelo e bermuda, mas, obviamente, mesmo que a gente concorde com a liberdade individual e de dress code, não recomendamos que ninguém vá para uma reunião com clientes ou investidores vestido como se estivesse na beira da praia (mesmo se o compromisso for no Rio de Janeiro).
Imagem de abertura: Alamy/Economist.
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O post Cá entre nós: empreendedor não é modelo e investidor tem preconceito com aparência apareceu primeiro em Startupi.com.br.