Depois dos aplicativos de chamar táxi, a nova sensação são os aplicativos especializados em alugar carros comuns para corridas dentro da cidade, como o Lyft e o Uber. Eles funcionam quase como que uma central de taxistas freelancers, que oferecem a corrida por um preço mais conveniente do que os taxistas oficiais. Ilegalidades à parte (em muitas cidades, oferecer corridas é algo que pode ser feito apenas por profissionais cadastrados como taxistas, o que garante uma segurança ao serviço), agora a nova onda desses mesmos apps é o chamado carpooling, que nada mais é do que a boa e velha carona, só que agora organizada por apps, o que facilita bastante o esquema.
No UberPool, funciona assim: você divulga o trecho que vai percorrer e o sistema te conecta com outras pessoas que tem interesse em fazer aquele mesmo trajeto, e vocês dividem os custos da viagem. Revolucionário? Eu acho que não, já que eu fazia isso desde 2008, compartilhando caronas dos trajetos entre São José dos Campos e Campinas com universitários completamente desconhecidos.
O Lyft também está oferecendo esse serviço, com o nome de Lyft Line, ainda que tenha deixado menos claro como os pagamentos funcionariam, já que eles inclusive oferecem a primeira ‘carona compartilhada’ grátis.
“Ah, mas você vai andar de carro com pessoas desconhecidas?”, alguém deve estar se perguntando por aí. Pois é,
a ideia parece assustadora, mas a verdade é que esses aplicativos especializados ajudam a passar ainda mais segurança do que a que eu tinha quando marcava uma carona via email.
Eu não tinha a menor ideia de quem era aquela pessoa, e minha mãe obviamente ficava em pânico me esperando chegar sã e salva em casa, e achando aquilo que eu estava fazendo um enorme despautério.
A verdade é que tolice mesmo era não pegar carona. O acordo entre os universitários era que a gente tinha uma tabela de ‘ajuda de custo’ por caroneiro. A pessoa que oferecia a carona cobrava em média o equivalente à meia passagem do trajeto entre as duas cidades, o que ajudava a amenizar os custos da viagem de carro e facilitava muito a vida de quem não podia contar com a benesse de ser proprietário de um veículo automotor. Assim, ao invés dos caroneiros gastarem 4 ou 5 horas de viagem de ônibus, podiam ficar apenas 2 horinhas na estrada, e o motorista ainda podia quase zerar seus custos com combustível e pedágio, ficando apenas com os gastos de manutenção do carro.
Iniciativas como essa do UberPool e do Lyft Line já existem no Brasil, mas em outros formatos. São grupos de email, grupos do Facebook, sites específicos (na época tinha o Caronas Unicamp, que depois se transformou em Unicaronas), e recentemente a startup tripda oferece o modelo de compartilhamento de carros para trajetos comuns.
Para quem olha uma iniciativa dessas e morre de medo, eu posso dizer pela prática que não é esse horror todo não. Claro que vão ter experiências horríveis, de gente que dirige igual o nariz, que não é gentil com quem está pegando a carona, ou que não consegue te deixar em um local minimamente conveniente. Mas as experiências boas superam em muito as ruins, e além de economizar uma boa grana, é uma chance de conhecer pessoas, fazer amizades, e quem sabe até engatar um relacionamento. Foi, inclusive, uma das experiências mais legais da faculdade.
A vantagem do tal ‘carpooling’ via aplicativos é que as ferramentas provavelmente vão oferecer um jeito de você saber quem é o fulano que vai dirigir naquele trajeto, ler alguma dica sobre ele, ou saber qual é a avaliação dele dentro do sistema. Ou seja, eu diria até que ficou mais seguro pegar carona via apps.
Quem sabe é uma boa solução para o eterno conflito entre transporte privado e transporte público das grandes cidades.
Post originalmente publicado no Brainstorm #9
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